O restaurante

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  Desço para o estacionamento onde têm três carros me esperando, Collen abre a porta do principal para mim, agradeço e me recolho no banco traseiro, dois seguranças entram na frente, Collen está no volante e ao seu sinal um carro sai a frente e o outro vem atrás conosco. A minha relação com Georgina nunca foi beijos, sempre foram tapas, desde quando nos conhecemos, foram 4 encontros, os quatro nunca foram tão bons, nunca. O motivo do meu encontro com ela hoje é nada menos e nada mais que negócios, por mais que não temos uma relação boa, os negócios são bons.

  No carro olho o movimento das ruas, últimos dias de frio, a neve está derretendo, as pessoas estão ajudando no processo, ansiosas pelo sol, preciso de férias. Suspiro olhando meus dedos, as unhas roxas, um leve cacho de cabelo caido por cima do meu peito, me lembro de Anna, Londres. Seria uma bela cidade para passar as férias, só não estou pronta para sair de um clima frio para outro, estou tão ansiosa para o sol que as férias serão adiadas, ainda mais por tanto trabalho que preciso por em dia antes de parar com todos.

  Quando o carro se aproxima da casa da lambisgoia, reviro os olhos, não gosto daqui, não quero ficar mais nenhum segundo depois de fechar o último trabalho com ela, dou glórias a Deus, por ser o último. Assim que eu e meus seguranças saem do carro, homens armados se aproximam de nós, olho a grande casa, não me recordava que era assim a última vez que vi, há muito anos atrás, seis, cinco, não sei. Sou autorizada entrar com mais três homens meus, o restante se distancia com seus carros não o bastante para sumir de perto de mim, mas o bastante par escutar tiros ou outras coisas que podem ocorrer. No corredor só meus saltos e os sapatos dos meus homens. A casa é muito grande e silenciosa, vazia demais, solitária demais.
  — Que coisa não é? — as portas se fecham nas nossas costas, Collen e Gabriel se mantém do lado das janelas observando, dou passos para perto da mulher escorada na mesa a olhar as janelas a sua frente com uma garrafa de vinho nas mãos. — A ultima lembraça de você não é muito boa.
  — Concordo plenamente — minha voz sai rouca por motivo de pouca fala.
  — Quantas vezes no encontramos mesmo?
  — Quatro — a interrompo e por fim vira-se para mim, vejo a cicatriz na sua bochecha, atravessando seu lábio até sua sobrancelha direta.

  — O restaurante...

  Simas me apressa para por o salto, meus dedos tremem enquanto tento afivelar o pequeno buraco, droga de sapato. Assim que consigo me levanto da cama e olho o espelho, o vestido creme combina com o verde do salto, olho meus cabelos o pondo mum rabo de cavalo alto e a maquiagem pouco aparente, perfeito! Seguro a bolsa e passo pela porta quase a correr pelos corredores, ao chegar no meio da sala de estar, Collen me dá uma piscadela mostrando seu dedo em um jóia.
   — Que demora amor — Simas vem em minha direção arrumando seu relógio, assim que me vê para seus passos e abotoa seu terno vagarozamente — se eu soubesse que estaria assim, teria dado mais dez minutos, que beldade! — sorrio e seguro seu braço para irmos ao jantar; pelo que me disse parece ter alguns negócios a ser tratados, espero que tudo ocorra bem e do jeito que ele planejou.

  O restaurante é lindo demais, coisa de gente fina mesmo! Vim pensando em como seria e em tantas vezes que pensei em quando estaria aqui, em um desse, me faz ficar pouco triste, o que tento disfarçar por conta de Simas. Mas tanto ele quanto eu sabia o quanto minha mãe falava do último jantar que teve em um restaurante, um jantar de vinte anos, ela já era tão velha e nunca mais havia pisado em um lugar como este. Estou maravilhada apenas com um Hall de espera, porém, portas em uma cor de amarelo fosco se abrem, lustres brilhantes não são a fonte da iluminação, mas são o que nos chama a atenção, pessoas em um ar de conversação agradável aos ouvidos comparando com o tamanho de movimentação que acontece. Os garçons de sutileza em cada passo até uma mesa. Paredes em bege, piso em porcelana pura, arabescos pretos em cada canto de parede, toques dourados que faz diferença, até as toalhas de mesa são delicadas.
  — Que cara de bobona! — desperto do meu fascínio para olha-lo, seus olhos estão escuros, suas pupilas dilatadas e um sorriso de canto desenha seu rosto pelo lado direito.
  — Isso aqui é fascinante! — sorrio para ele e volto minha atenção ao lugar.
  — Você quer jantar? — volto a olha-lo
  — E não viemos jantar? — um pequeno balbucio e ele desvia o olhar querendo rir. Reviro os olhos.
  — Definitivamente não, mas se você quiser, nós iremos. Chegamos cedo e podemos ter esse luxo — Simas caminha comigo até a recepção novamente e lá pede uma mesa reservada, fico surpresa que mesmo sem a reserva, ele consegue para que nós conseguimos uma mesa e feliz da vida vou para o jantar com ele.

  No meio do nosso jantar, em uma área do restaurante dois dançarinos se abraçam em uma dança emocional que me prendo, ouço Simas a comer e o olho, ele tem seus olhos presos em mim a sorrir tão discreto quanto antes.
  — O que foi? — envergonhada abaixo minha cabeça para olhar meu prato, encho o garfo de comida e o olho enquanto levo a boca uma garfada generosa da saborosa mistura.
  — Você observa as coisas com tanta atenção, parece querer gravar na sua alma cada momento que te interessa boas memórias — abano minha cabeça e sorrio de orelha a orelha para ele.
  — Na verdade, sempre fiz isso querendo guardar tudo de bom que eu poderia para mim, eu não sabia quando poderia ver de novo. — o rosto bobo que mostrava antes, da lugar a um semblante sério e amargo, ele sabe das minhas condições, ele convivia com minha mãe, não tenho nada mais a dizer, não preciso ele já sabe.

Dona O'Sullivan - Spin OffWhere stories live. Discover now