Pisando em ovos

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  Ao chegamos, somos encaminhados, paramos em algum lugar, nunca é o mesmo, não sei se Lorenzo Baccievas tem milhões de lugares a seu favor, mas nunca é o mesmo quando nos encontramos. Respiro fundo e estalo os dedos, as cordas do meu punho são cortadas e o saco é tirado da minha cabeça; a uma dezena de homens ao redor de uma mesa no centro de uma sala de estar, uma casa, será a sua? Os dois homens ao nosso lado nos encaminham para o centro. Sentamos um ao lado do outro nas cadeiras, a porta na nossa frente se abre e lá está o diabo, caminha até nós e se senta a nossa frente, as armas abaixadas se levantam e apontam para nossa cabeça, olho por um segundo os meus joelhos embaixo da mesa, volto a olhar o homem a minha frente e sorri, psicopata.
  — Olá viúva — odeio esse apelido, mas é o que sou. — Bom serei direto — é impossível isso.
  — Temos ordem para falamos? Aliás, viemos para falar de negócios, e sei que minha família está envolvida e minha empresa — falo em geral, por que não faço nada sem Felipe, assim como Simas fazia.
  — Parece que já adiantaram para você a causa de estar aqui — aceno que não e mordo meus lábios inferiores.
  — Não, só deduzi que não consegue exportar e nem construir um cassino, então só obrigada a participar — ser capacho de alguém ou até mesmo funcionário, não é o que desejo, Simas não aceitava isso, era o único que conseguia sair dessa situação ganhando mais que ele, mas eu não sou Simas, e Felipe não tem a capacidade do irmão. Mas vou fazer o meu possível para ganhar algo.
  — É, estou querendo ganhar mais milhões, preciso de um prédio para cassino, mas penso em hotel, com cobertura de jogos, aqui não tem muito disso e vai fazer sucesso, mas preciso das suas mãos queridas e delicadas, e para exportar drogas e mulheres para o seu cassino, preciso da boa companhia que você tem na Itália. — Máfia italiana né? A mesma que quis matar todos nós junto com os chineses, Simas nunca faria um negócio desse.
  — Com apenas uma condição — bufa e passa a mão no seu relógio.
  — Claro — não gosta de dividir, mas não irá abrir mão desse baita bolão de dinheiro, então ou aceita, ou me mata, ou nada feito.
  — Parte do dinheiro que conseguir no cassino será meu, por mérito, você não irá arcar com nada além do que sai do seu bolso, e não, o que sai do seu bolso não é suficiente. Então o contrabando, a obra, a nossa reputação está em jogo, eu só irei construir, como um negócio qualquer, se você for preso meu nome não pode estar em jogo, eu saberei se for denunciada, não só você irá pagar por tudo, eu vou achar sua filha — o ódio nos seus olhos são presente, Felipe está tenso, tem dezenas de armas apontadas para nossa cabeça, e eu estou aqui, ameaçando o chefe na casa dele. — Parte do dinheiro será meu, de tudo o que será ligado a esse cassino, drogas, putas, jogos, foda-se o que mais, eu serei a ganhadora de um terço disso tudo. — Parece analisar, a demora para responder denuncia a conta que está fazendo, um terço não é metade, mas é bastante, por fim, um pequeno aceno, então respiro e afundo meu corpo por completo na cadeira. — Preciso da sua ideia...

  Depois de todo percurso novamente somos deixados em um lugar diferente, nosso carro parado em um estacionamento, filhos da puta, nos deixaram na cidade vizinha.
  — Um hotel para nós, ou uma viagem cansativa para casa? — olho para Felipe e logo para o horário.
  — Eu dirijo — entrega as chaves para mim, prefiro viajar até em casa com meus pensamentos a ter que dormir fora, amanhã mesmo irei planejar uma viagem aos velhos amigos de Londres, vou com certeza precisar da ajuda de alguém para fazer esse trabalho tão grande, Harry haverá de ter amigos e contatos, só tenho ele de aliado e ele tem a mim, sua família em Los Angeles, deve conhecer mais gente para está junto, viajar para descansar nunca é meu objetivo, sempre estou a trabalhar em algo.

  Chegando em casa totalmente morta, ouço o miado do gato, sinto que estou o abandonando aos poucos, na verdade, ele está se indo e precisa mais de mim, e emocionalmente eu preciso dele, o pego no colo e faço carinho na sua cabeça, vou até à cozinha averiguar se o seu pote de ração ainda está cheio, quase não está mais comendo, só vive dormindo, a melhor coisa foi esse pote automático, saio por tantas horas que ele ficaria com fome. Me sento em uma poltrona em frente as janelas para pensar na conversa de mais cedo, o único benefício que terei será a renda de tudo o que ele fizer, talvez eu tenha que dividir com os ingleses pela ajuda, respiro fundo, Felipe concordou com a ajuda e irá viajar comigo, incrivelmente é a minha segunda vez em Londres, era tão nova e ingênua quando estive lá naquela guerra de criminosos, tantas pessoas mortas, o cheiro de pólvora e sangue estão no meu nariz até hoje. Estou sonolenta com o gato no colo, me levanto o abraçando para meu corpo e subo para poder descansar e pensar melhor em como será os próximos passos.

Dona O'Sullivan - Spin OffWhere stories live. Discover now