Reuniões

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   Em casa deitada na cama olhando o teto acariciando o gato velho, respiro fundo, uma noite de lembranças que terminou em tragédia, isso me recorda a morte do marido de Georgina, ela morreu sem saber que a nossa intriga toda, começou com um susto, um desespero e por tiros atirados sem culpa alguma, me viro para o lado abraçando o gato, tantas pessoas morreram sem saber de muitas coisas que poderiam trazer consolo ou até mesmo paz no coração para elas, também muitas morreram em ódio e sem amor nenhum, sem paz de espírito, como deve ser morrer carregado de coisas ruins? Morrerei assim? Fiz tantas coisas ruins na vida, ainda faço. Mesmo me arrependendo de algumas, nunca é um "tirar o peso das costas". Suspiro, preciso ir ver Simas essa semana, pelo menos ainda me agarro a um túmulo.

  Abro os olhos e Simas não está na cama, ouço passos no quarto e me levanto por completo olhando para ele na janela, tem uma arma na mão.
  — Amor, o que houve? — me olha na cama, está eufórico e anda de um lado para o outro, vem até mim.
  — Vem aqui — segura meu braço e me levanta — fica aí.
  — O que está acontecen... — nem deixa eu terminar e sai do closet, visto um vestido vermelho que aparece na minha frente e vou até à porta tentar escutar o que acontece, está tudo em silêncio, é quase perturbador saber que está acontecendo alguma coisa que você não ouve nem ver. Resolvo voltar para sentar a esperar Simas, quando escuto o barulho de dois gemidos e um estalo, meu coração sobe na garganta, volto para a porta e a abro, vou até a janela vendo carros pretos desconhecidos, ouço passos rápidos e corro até o closet novamente, a porta do quarto se abre e escuto os pés no carpete, logo ouço Simas a falar com alguém, saio do esconderijo pra vê-lo com a blusa coberta de sangue, um taco de golf na mão e o celular no ouvido.
  — Agora Gabriel! — desliga.
  — O que houve? — segura meus braços e me leva novamente para o closet.
  — A casa está sendo invadida, fica aí — começa a revirar suas coisas e segura em uma submetralhadora — segure isso — me dá — atire em qualquer um que entre e não assovie — aceno assustada e some novamente com uma arma na mão desta vez.

  Meu coração bate tão forte que o escuto no meu cérebro, estou assustada com tamanho barulho na casa, cada vez que correm perto do quarto ou brigam, fico ainda mais apavorada, meu corpo está em adrenalina, não sei o que está de fato acontecendo, quando tomo coragem de levantar minhas pernas tremem, a arma na minha mão também está tremendo, tento regular minha respiração e abro a porta do closet que corre para o lado, o quarto está intacto, vou até à porta segurando a maçaneta, três inspirações antes de abrir e assim que o faço olho para os dois lados. Ando para a escada, logo passos se tornam corrida, ouço som de soco se chocando, chego no último degrau e vejo Simas, embaixo de um homem grande, ele soca sua bochecha quando para e o rosto de Simas pende para o lado me olha com olhos inchados, o medo se torna ira e seguro a arma.
  — FILHO DA PUTA! — Se levanta e seu corpo é tão alto e forte, mas meu dedo no gatilho não me recua, atiro e várias balas o atinge, seu corpo chacoalha com os impactos e pende para trás vários passos até desabar em cima de um centro de vidro, corro até Simas segurando seu braço. — Levanta — tento o ajudar, é tão pesado que não consigo nem arrastá-lo. Um homem está vindo de longe correndo em nossa direção — LEVANTA! — Choro, as lágrimas caindo, então o deixo no chão e corro até a arma. O vidro se quebra da janela e o homem vem até mim, esquece de Simas, então quando vejo Gabriel indo ajudá-lo corro, o homem atrás de mim, dá tempo de ajudar ele, não dá Gabriel? Meu corpo é agarrado e junto ao homem rolamos pelo jardim, meu corpo se choca por cima do dele e rolamos até que ele ficasse por cima de mim, o tapa no meu rosto fez minha cabeça virar para o lado, sinto gosto metálico de sangue na boca, meu braço foi pego onde ele bate no chão até que eu solte a arma, pega da minha mão jogando para longe e bato em seu peito, segura minhas duas mãos e ri de mim, então dou-lhe uma joelhada por trás, seus olhos reviram em dor e cai de lado, rastejo até onde está a arma, segura meu tornozelo e viro para chutar sua cara, o grito que dá e o som que escutei foi um nariz quebrado, pego a arma e suas duas mãos seguram meus tornozelos.
  — SUA VADIA! — Me puxa.
  — ME SOLTA! — Puxo o gatilho, meus olhos se fecharam, não ousei abrir, ainda fechados continuei deitada, ofegante, a casa está silenciosa, não tem ninguém brigando, então acabou? Quando acabou que não percebi? Respiro fundo é quando lembro de Simas e meus olhos se abrem, em minha direção vem os homens de preto, preocupados, vejo que dois seguram o corpo, não o olho, não quero saber a visão, não sei quantos disparos acertou nele, meu pé dói, é tanta adrenalina que nem senti o tiro que dei no próprio pé, se tiver mais algum machucado, saberei depois. Meu corpo é erguido e sou levada para um carro, estou só eu e os seguranças, onde está Simas?

Dona O'Sullivan - Spin OffWhere stories live. Discover now