Inimigo inesperado

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  Dogras aparece correndo no começo do restaurante, não entendo o que se passa, só há tiroteios, gritos e todos nós escondidos sem saber de onde vem as balas.
  — Puta merda Dogras, o que está acontecendo? — ofegante ele para diante de todos nós.
  — São os mesmo caras do restaurante, aqueles de branco, estão atacando em um clube do lado — olho para Felipe que está analisando o perímetro. — Acerto de contas, estão destruindo tudo que se vê na frente del... — um tiro me faz ficar surdo, ainda olhando nos olhos do homem a minha frente, olhos arregalados de susto, aos poucos vejo a vida se esvaindo dos olhos negros, cai de joelhos e sinto o que pode ser seu sangue ou seus miolos, a escorrer pela minha bochecha, no fundo, assim que seu corpo caiu desfalecido ao chão, há um homem de branco com uma pistola apontada para nós. Sem tempo de interferir, não estou a escutar o que Cássio pronuncia, mas vejo-o batendo boca e levantando sua arma, outro tiro sai e desnorteado sou puxado para trás. Meu ouvido dói e não escuto o que Felipe diz, apenas procuro Dona com os olhos, embaixo da mesa onde o sujeito estava em pé para atirar em Dogras, só consigo ver quando ela segura a arma a sua frente e atira em alguém que vem em direção a nós.

Dias atuais

  — Você matou meu irmão naquele dia — olho bem nos olhos dela — dois tiros, um na barriga, outro no peito, ruim de mira você era, mas foi em pontos vitais, quatro dos nossos morreram ali.
  — Vocês começaram — repouso minhas mãos em cima da sua mesa onde ela possa ver. — Se era acertos de contas com outros bandidos, porque saiam matando tudo que se movia? Mataram e mexeram com pessoas erradas, nós não tínhamos vocês como inimigos.
  — É, isso nós deixamos para o passado, todos cometemos erros — ela admitindo isso é uma surpresa para mim. — Mas, realmente quando começamos a ser inimigas mortais? — olho bem em seus olhos, ela não lembra?
  — Você não lembra como seu marido morreu? — seus olhos furiosos se encontraram com os meus, eu sabia que além do meu alfinete, também virá o dela.
  — Me lembro muito bem de quem o matou — serra os lábios.

A porcaria do tiroteio nunca parou quando Simas segurou minha mão para saímos dessa zona de guerra, corremos entre os corredores abaixados e nossos amigos nos seguem, poucos segundos para a liberdade um grupo de homens de terno branco nos fastam, dois seguram meus braços e outros abordam nossos homens, um deles atira em mais um dos nossos, somos afastados cada um para um lado, eu acabo indo junto a Felipe, ambos sem entendermos o que está acontecendo aqui.
  — Me soltem filhos da puta! — me esperneio com as pernas fazendo peso para que não consigam me carregar — Nós vamos matar todos vocês — procuro Felipe com os olhos, mas nem mesmo percebi quando levaram ele para longe de mim, um medo súbito bate no meu peito e tento respirar calmamente, não dá para ficar calma numa situação dessa.
  — Cala boca vadia, ou matamos todos vocês — estamos em um galpão que parece de carros, automóveis finos de corrida, eles devem ser os corredores, a minha atenção vai para a porta da frente que entram os meus homens presos pelos homens de branco, estamos literalmente todos sem saída, nada de Simas. Sou arrastada para um lado diferente do lado em que os outros ficam, tento manter a calma e pensar em algum plano para sair daqui.

  Em algum momento em que estou sendo levada para fora do galpão pelas portas do fundo, um dos homens saem, apenas um me leva. Começo a pensar que o que Dogras disse era mentira, que eles estão aqui por alguém da nossa laia, não de outros, por que só eu estou afastada dos meus homens, eu e Simas, estamos sendo levados a alguém. Observo que bem ao meu lado está sua arma, o jeito é tentar pegar dele e atirar torcendo para acertar pontos vitais, respiro fundo vendo que cada vez mais chegamos perto de uma van, com toda minha força piso no seu pé puxando minhas mãos.
  — Sua vagabunda! — puxo a arma do cós da sua calça e no momento que vem para cima de mim disparo a arma, um na sua garganta, outro no seu peito e outro na cabeça. A porta da van se abre bruscamente e atiro contra o homem que aparece, atrás dele está Simas que me olha com olhos arregalados.
  — NÃO! — Meus olhos vão a mulher que vem correndo, me levanto rápido e Simas segura em minhas mãos, ainda escutamos três tiros vindo dela e continuamos a correr. Os paralelepípedos embaixo dos meus pés estão me fazendo tropeçar, todos os tiros pararam, como se os três soltados pela mulher não foram para nos matar, mas sim para avisar aos seus capangas que acabou tudo.
  — Por aqui — guio o mesmo até o balcão onde estão nossos homens e assim que chegamos Felipe desfaz o nó de cordas dos seguranças.
  — Que loucura desgraçada! Aconteceu alguma coisa com vocês? — chega perto de nós.
  — Vamos embora daqui, te explico no caminho — Simas puxa o próprio irmão pelo braço e me analisa, parece ver se tenho algum ferimento, franze seu nariz e suas sobrancelhas mostram como parece pensar no por quê de tudo isso.

Dona O'Sullivan - Spin OffWhere stories live. Discover now