Capítulo 2

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Duas horas depois encontro minhas amigas em um bar no centro de Los Angeles, o som dq música preenche o ambiente, corpos amontoados dançando e se entrelaçando compõem a pista de dança. Escolhemos uma mesa próxima aos músicos. Se tem uma coisa que amo é dançar. Uma dádiva vinda do meu pai, que é professor de dança.

— Ai, Heyoon. Não tem como cancelar ou falar que está passando mal? Do jeito que sua irmã é, se falar que está resfriada, com certeza ela te libera. ​

— Não posso fazer isso. Por mais que as coisas tenham dado errado no passado, ainda sou a irmã mais velha. - Tomo um gole da minha cerveja e suspiro fundo.

— Você quer esfregar na cara deles que está bem, né? — Pergunta Hina.

— Sim.

— Sinceramente, não sei o que aquele babaca viu nela — diz Laura.

Dou um meio sorriso triste.

— Não faz nem 3 anos que nos separamos, como podem ter sido tão rápidos? ​

— Amiga, essas merdas acontecem. - Hina passa o braço pelos meus ombros e tenta me confortar. — Ainda bem que sou filha única, imagina,ter que ver minha irmã mais nova casando com meu ex? Deus me livre.

— Obrigada pelo incentivo. - Fico séria e Hina nota que não gostei do que disse. Porém, não sustento o mau humor por muito tempo, pois ainda quero conversar a respeito.

Laura se levanta para ir até o balcão e volta com nossos aperitivos, gritamos quando começam a tocar Alcione e observo a cantora soltar a voz no refrão.

— Não sei onde vou encontrar alguém até sexta. É impossível.

— É só escolher qualquer um. - Diz Laura antes de enfiar uma batata frita na boca. Hina e eu resmungamos em desaprovação. ​

— Miga, não é pegar qualquer um. Esqueceu que a família do dito cujo é nariz em pé? - Pergunta Hina. ​

— Não é nem por isso, quero pelo menos levar alguém bom, sabe? Para esfregar na cara daqueles dois que tenho alguém muito melhor.

— Por quê não arruma um Suggar Daddy?

— E eu lá tenho cara de que quero um homem velho, Laura? - Franzo a testa.

— A questão é o dinheiro e não a idade. - Insiste Laura. ​

— Muita dor de cabeça. Passo. - Dou de ombros.

— E um acompanhante? — Pergunta Hina.

— Acompanhante? — Indago olhando para Hina.— Sim, é um serviço bem discreto. Eu chamei um para uma festa no ano passado.

— Aquele gato maravilhoso que te deu um pé na bunda? - Laura arregalou os olhos incrédula.

— Ele mesmo. - Hina suspira fundo — Ai, que homem!

— Não sei não... - me remexo na cadeira.

— É sua única opção - Hina retira o celular do bolso e me mostra a tela — olha aqui. Você liga para essa agência e passa seu nome, diz o que precisa. Homem ou Mulher. Se gostaria de alguma característica física e essas merdas. Então, em dois ou três dias, eles encaminham uma pessoa. Claro que ligam para combinar um lugar apropriado. O serviço funciona 24 horas, então pode ligar pela manhã.

— Vou pensar.

Salvo o número no meu celular e mudo de assunto. Com certeza não dá para ficar sofrendo sentada enquanto toca Bruno Mars. Se for para sofrer, que seja dançando.

☆☆☆

Chego em casa por volta de três da manhã. Cantarolo baixinho uma música qualquer que ouvi na rádio enquanto voltava de Uber, jogo meus sapatos em qualquer canto da sala e me dirijo ao banheiro.

Soluço uma vez e sinto meu estômago embrulhar.

Me sento próximo a privada, já me preparando para a desintoxicação que meu corpo me proporcionará, bebi tanto essa noite que não sei como estou de pé até agora. Solto uma risada baixa ao lembrar de quantas bocas eu beijei essa noite e me pergunto se Hina contabilizou.

Provavelmente sim, fizemos essa aposta idiota quando nos sentamos ao não aguentar mais ficar dançando. Massageio meus pés doloridos e a sensação de alívio é bem-vinda.

Meu celular vibra e o retiro de dentro do meu decote, é uma mensagem de Hina avisando que chegou em casa. Laura saiu com uma garota bem no meio da nossa bebedeira, com certeza não vai responder até amanhã de manhã.

Recebo outra mensagem, dessa vez é no grupo da família. Sungyoon manda uma foto mostrando as flores escolhidas para o casamento. Claro que a essa hora ninguém vai responder, só ela mesmo para ficar acordada até agora. Mas pensando bem, com esse lance todo de casamento ela provavelmente não deve estar conseguindo dormir de tanta ansiedade.

Fecho o aplicativo e vou até os meus contatos, o número da agência de acompanhantes está gravado na agenda, pondero um pouco se devo ou não ligar, tento fazer uns prós e contras mentalmente até desistir e ligar de uma vez.

O máximo que podem fazer é responderem que não tem ninguém. Sou atendida no primeiro toque.

— Boa noite, me chamo Natalia. Em que posso ajudar?

— Boa noite, Natalia. - Soluço. — Me chamo Heyoon Jeong. Estou precisando de sua ajuda em uma coisa muuuuito importante.

— Certo... A senhorita está bêbada? Pode me ligar mais tarde e podemos resolver tudo.

— Não. Não. - Sinto meu estômago embrulhar. — Eu preciso disso o mais rápido possível. Minha irmã vai se casar e preciso esfregar naquela cara dela o quanto estou bem e com uma pessoa maravilhosa. Quero alguém que saiba dançar, seja inteligente... alguém que faça minha irmã morrer de inveja.

— Ok... — diz receosa — Tem certeza que não quer deixar para fazer isso mais tarde?

— Olha... só faça isso.

Passo os dados do meu cartão, nome completo e tudo que precisa.

— Certo, Senhorita Jeong... Gostaria que seja homem ou...

O primeiro acesso de vômito vem rápido. Quase não consigo despejar no vaso, digo que não importa quem seja desde que fique comigo por um mês em Daejeon.

Desligo o celular depois de outro espasmo.

Vomito pela terceira vez antes de me levantar, lavar a boca e me olhar no espelho.

— Você... — Aponto para mim mesma no espelha - é uma puta mulher maravilhosa. - Soluço. — Uma puta mulher maravilhosa que está na merda.

★★★

beijinhos

A Acompanhante - SiyoonWhere stories live. Discover now