Capítulo 8

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Conseguimos dormir por alguma horas antes de ter que levantar para nos arrumarmos e ir jantar com os pais de Jay, ainda não consigo entender o motivo de fazer um jantar para oficializar o noivado se o casamento será daqui a três semanas, e ainda tem uma festa pré-casamento.

Geralmente o noivado é feito meses antes, mas do jeito que Sungyoon é, já vinha planejando esse casamento desde que começou a namorar com ele. Esse fato faz com que eu mexa em um garfo pequeno na mesa por um tempo, acho que alguém chamou meu nome, pois quando sinto uma mão tocar meu ombro esquerdo, me assusto.

- Está tudo bem? - Pergunta Sina.

A preocupação em seu rosto é evidente, assim como o de meus pais ao seu lado, dou um sorriso fraco e digo que sim.

- Estou um pouco cansada.

- Eu falei para deixarmos para amanhã, ou quem sabe segunda - Diz mamãe - Como podem querer vir num lugar chique assim sendo que minha casa está aberta para todos... Sem falar que a comida é de graça.

- Ora, vamos querida - Diz papai - Faz tempo que não saímos para comer assim.

Sinto a mão de Sina apertar a minha levemente por debaixo da mesa e nossos olhos se encontram.

Toda vez que a olho me surpreendo com o quão bonita é, parece que Deus pediu a Da Vinci para desenhar a mulher mais linda que possa existir no mundo, e então, ele simplesmente botou tantos detalhes que a cota de beleza foi toda para ela.

Sem falar que está maravilhosa com o terninho que escolhemos no shopping. A calça social modela muito suas pernas, ela é alguns centímetros mais alta que eu, então suas pernas são esguias e longas, sem falar que tem um bumbum arrebitado, meu sonho de consumo.

Peguei Sungyoon olhando em uma das ocasiões, o que me fez rir.

A blusa social branca e o blazer estão sob medida, dando bastante maestria às curvas de sua cintura e seios, que não são tão fartos, mas também não são tão pequenos. Ficamos algum tempo discutindo sobre como seu cabelo deveria estar.

Por fim, ela simplesmente os jogou para frente e depois para trás, ajeitando alguns fios rebeldes e pronto.

Vaca!

Já eu, fiquei vinte minutos apenas decidindo a maquiagem. Quanto ao que vestir, optei por um vestido branco com um corte em V atrás, o brilho nos olhos de Sina foi todo o indicativo de que eu estava gata.

Ou melhor. Gostosa.

Estou adorando ter uma acompanhante lésbica.

- Você está linda - sussurra Sina em meu ouvido tenho certeza que alguns homens se jogariam a seus pés agora.

Tento não dar tanta importância ao fato de que meu corpo se arrepiou ao sentir seu hálito quente em meu ouvido.

Ela faz um pequeno gesto para trás, sigo com o meu olhar, e um homem bebericando o que provavelmente é um Whisky pisca para mim. Ele com certeza era o que eu estava esperando para ser meu acompanhante, lindo e muito bem vestido, mas estou gostando desse lance de ter que fingir namorar uma mulher.

Volto minha atenção à Sina.

- Com certeza está. Modéstia a parte, mas eu estou um pecado.

- O que as duas estão cochichando aí? - pergunta vovó - É o meu cabelo?

- Você está maravilhosa, vovó - diz Sungyoon.

Jay e seus pais chegam logo em seguida, nos levantamos da cadeira para fazer as devidas apresentações e nos sentamos. A mãe de Jay, Clara, com seu olhar frígido e nariz pontudo fecha o rosto ao ver minha mão e de Sina juntas por cima da mesa, minha vontade nesse momento é de lascar um beijo na minha acompanhante, só para dar mais desgosto a essa vaca velha.

Ela nunca foi a favor do meu namoro com Jay, agora me pergunto se é o mesmo com Sungyoon, pela forma como o corpo de minha irmã fica tenso ao também notar o desgosto na cara de Clara, sei que provavelmente o casamento de seu filho não é algo que tenha aceitado bem.

- Muito obrigado por comparecerem - diz Taylor, pai de Jay - Quando meu único filho disse que pediria a mão de sua filha em casamento, não pude deixar de me sentir um pai tão orgulhoso.

- Agradeço pelo convite - diz mamãe sorrindo - Tenho certeza de que será uma união com muita alegria e saúde. Ainda não entendo o motivo de ser em um lugar como esse.

- Com a benção de nosso querido Senhor Jesus - Diz vovó não deixem de orar por esse milagre. Pensei que Sungyoon ia ficar em casa reclamando da vida até os 30 anos.

- Também te amo, vovó.

Sina segura o riso, escondo meu rosto em seu pescoço para rir e sinto um beliscão de leve em meu braço.

- Bom, foi aqui que eu pedi a mão de minha mulher em casamento - Taylor sorri. - Pensei ser o melhor lugar para se comemorar algo tão grande e importante.

Jay aproveita a deixa para retirar uma pequena caixa do bolso de seu paletó e nos mostra um anel com um pequeno diamante.

- Querido, que lindo! - Diz Sungyoon retirando o anel da caixa e encaixando em seu dedo. - Combinamos de não comprar algo assim.

- Meu pai insistiu.

- Era da minha avó, que passou para a minha mãe e ela passou para mim. Agora está na hora de seguir em frente.

Mamãe se aproxima para analisar melhor.

- Sinto muito que tenha que passar por isso. - Sussurra Sina em meu ouvido. - Deve ser difícil.

- Pensei que seria mais difícil - Apoio minha cabeça em seu ombro - Mas estou começando a ver que eles se merecem.

No início pensei que doeria, mesmo tendo se passado três anos, pensei que seria mais difícil por Jay ter sido meu primeiro namorado, começamos a nos relacionar quando eu ainda tinha 16 anos e tudo não durou mais que sete anos. Não foi um término fácil, na verdade ele simplesmente mandou uma mensagem dizendo que não estava dando mais e que estava gostando de outra pessoa.

Porra! Naquele dia bebi tanto que vomitei nos melhores tomates da vovó, tive que ouvir esporro por uma semana, sem contar que tive que ajudá- la por um mês. Mas eu superei, demorei meses para conseguir até mesmo começar a pensar em sair com outras pessoas. É aquela coisa, o primeiro amor é sempre o mais dolorido, então, quando ele apareceu de mãos dadas com minha irmã, eu surtei.

Surtei ao ponto de falar coisas horríveis para os dois, mesmo Sungyoon jurando que não tinham se envolvido até terminarmos, eu a fiz ouvir tantas merdas e ela falou tantas merdas que no fim, fui embora. Foi difícil o primeiro ano em Los Angeles, tive que trabalhar como atendente de caixa em uma lotérica até conhecer Alex e conseguir um emprego na empresa de sua família.

Pensando agora, não é os dois se casarem que me causa um certo pesar, e sim o fato de que se encontraram, e eu me sinto sozinha. Ultimamente as pessoas estão tão preocupadas com suas vidas e tentando não demonstrar tanto amor e carinho, que ao ver o quanto Jay realmente gosta de minha irmã ao ponto de querer se casar com ela me deixa um pouco vazia. Faz-me questionar e ansiar por isso.

Com o polegar Sina acaricia o dorso da minha mão, esse gesto faz meu corpo formigar e perco minha linha de raciocínio. Pela primeira vez nossos olhos se encontram mais que alguns segundos.

- Heyoon, querida. - Diz Clara. Quem é a sua amiga?

Sina solta minha mão e volta sua atenção para a mãe de Jay.

- Não somos amigas. - Respondo. - Ela se chama Sina e é minha namorada.

- É uma jovem adorável, Heyoon - Taylor sorri.

O garçom se aproxima com o cardápio e o assunto se encerra. De vez em quando lanço olhares para Sina, a sua forma de falar... e sorrir é uma graça.

ESPERA. O que eu tô fazendo?

Fecho meus olhos e respiro fundo. Sina está sendo contratada para fazer o papel de namorada, apenas isso, uma acompanhante. O que diabos é isso que estou sentindo?

Sinto-a me observar e tento ao máximo focar em meu prato.

★★★
beijinhos💋

A Acompanhante - SiyoonWhere stories live. Discover now