Capítulo 15

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O celular de Sina toca no meio da noite de uma quarta feira... ou quinta?

Viro-me e bato a mão no rosto de minha acompanhante, ouço seu grunhindo em resposta ao se levantar. Não demora muito para que encontre seu telefone e atenda.

— Pai?

Ouvir isso faz com que abra meus olhos e me sente na cama, coço meu olho esquerdo para interromper meu sono. Sina está andando de um lado para o outro, a única coisa que a ouço dizer é: sim, não, ok, aham.

Ao desligar o celular ela fica em silêncio por um longo tempo.

— Sina... Levanto-me e vou em sua direção. — O que aconteceu? - Minha mãe teve uma complicação agora a noite... se importa que eu volte para resolver isso? Um ou dois dias, no máximo.

— Claro que não - acaricio seus braços quer que eu vá com você?

— Não é o melhor momento, minha família... é complicada. Prefiro que não se envolva.

Uma parte de mim se quebra ao ouvir isso. Claro que não temos nada e não devemos nada uma para a outra, mas a pontinha de esperança de que pudéssemos fazer algo a mais se desfaz.

Tudo bem.

Sina deixa as roupas que irá usar até semana que vem e decide levar o restante.

— Vou aproveitar e passar em casa para trazer algumas coisas.

Tomo um banho rápido, para dispersar mais o sono, já que vou levá-la de carro até o aeroporto. Enquanto Sina está se arrumando, decido ir para a cozinha e preparar um café, mas antes vou até o quarto dos meus pais.

Conto rapidamente o que aconteceu e peço ao meu pai as chaves do seu carro, a preocupação em sua voz tira um pequeno sorriso de meus lábios. O tranquilizo e o deixo voltar a dormir.

Assim que despejo café em duas xícaras, minha acompanhante aparece na porta da cozinha.

— Estou pronta. - Avisa. — Tem um avião que sairá daqui a uma hora e meia.

— Temos tempo.

Tomamos nosso café rapidamente e seguimos até o aeroporto. Durante todo o trajeto ouço Sina fazer ligações e mandar mensagens, ela discute com um dos irmãos, pede ao pai para ligar sempre que ele souber de algo a respeito da mãe e notifica ao hospital sua chegada em breve.

Chegamos em 35 minutos, vamos até a fila para fazer a compra da passagem e logo em seguida, vamos fazer o Check-in. Nos dirigimos para o local onde será feito o embarque, uma pequena fila começa a se formar, em breve será liberado a entrada e identificação.

— Tem certeza de que não quer que eu vá?

— Sim, eu tenho. - Sina acaricia meu rosto. Fecho meus olhos ao sentir seu toque, sua mão é tão macia e quente.

— Quando eu voltar, vamos conversar...

— Tenho tanta coisa para dizer.

— E... eu acho que também tenho.

Pela primeira vez nos abraçamos, é tão surreal ver o quanto nos encaixamos perfeitamente. Por Sina ser um pouco mais alta, minha cabeça pousa em seu peito, fecho meus olhos querendo aproveitar cada segundo desse momento.

Sina deposita um beijo casto no alto de minha cabeça e inspira, levanto meu rosto, pedindo silenciosamente para que me beije.

Nesse momento me sinto em queda livre, sinto-me totalmente nua e exposta. Caí em mim que o meu desejo não é apenas o beijo, mas Sina em si, em toda a sua essência. O que era para ser um trabalho se tornou algo mais, em algum momento se tornou muito mais do que apenas um contrato.

A chamada para o voo é feita, fazendo com que Sina se afaste, levando com ela todo seu conforto.

— Te vejo daqui a dois dias, tudo bem?

Confirmo com a cabeça e a vejo ir embora. Uma pequena parte de mim vai junto.

Depois que ela se vai, volto para o carro. Não dou a partida por um longo tempo, apenas absorvo o que aconteceu a poucos minutos e fecho meus olhos.

Estou apaixonada por Sina.

E isso me assusta pra caralho. Não por gostar de uma mulher, estou bem tranquila quanto a isso, mas o fato de que talvez ela não sinta o mesmo. De que ela diga que é apenas trabalho e não gosta de misturar as coisas.

Estou tão fodida.

Retiro meu celular do meu bolso e mando uma mensagem para uma de minhas amigas, o que é bem estúpido, já que provavelmente as duas estão mortas na cama a essa hora. A única pessoa que sei que provavelmente está acordada atende no primeiro toque.

— Heyoon, aconteceu algo? - pergunta Alex.

— Sim. Não. - Seguro o ar e depois solto. - Não sei. Estou te incomodando?

— Você nunca incomoda, gata. Acabei de chegar no apartamento.

— Em dia de semana?

Estou em Portugal, o que significa que já fiz minha corrida matinal.

— Vida de burguês safado dá nisso.

— Com certeza, além de burguês preciso manter a bunda e a safadeza em dia, não acha?

— Você é muito convencido. - Reviro meus olhos.

— Faz tudo parte do charme... e falando em charme, como está a gostosa da sua acompanhante?

— Ela está... bem. Eu acho. - Sinto um frio na barriga.

— O que está acontecendo?

— Eu acho que... eu... eu acho que estou começando a gostar dela.

— Ok... - Alex me responde após um tempo. — E você disse isso a ela?

— Ainda não - massageio minhas têmporas.

— O que te assusta?

— Bom, eu a contratei. Não tem nada mais assustador que isso? E se ela não sentir o mesmo? E se ela apenas falar que está fazendo o trabalho dela e não puder corresponder?

— Olha... merda. - Algo caí no chão e quebra. — Enfim, eu não sou o tipo de pessoa certa para lhe dar esse tipo de conselho amoroso. Porém... sou seu amigo e como um amigo devo dizer que você, Heyoon, é uma mulher maravilhosa e qualquer pessoa inteligente vai saber ver isso.

O meu desespero de minutos atrás se acalmam.

— Certeza? - pergunto.

— Certeza.

★★★
Qual é a novidade em Heyoon Jeong?
kisseees

A Acompanhante - SiyoonWhere stories live. Discover now