Capítulo 37

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SINA

Faltam vinte e quatro dias para a volta de Heyoon, marco no calendário fixado na parede para pegar uma cerveja.

Bruce me segue até o sofá e deita a cabeça em meu colo, acaricio atrás de sua orelha e ligo a televisão. Passo de canal a canal por um tempo até desistir e ver algo na Netflix, ouço duas batidas na porta e me levanto.

Não costumo receber visitas, na verdade, eu não recebo. Quando abro a porta, encontro meu pai.

— O que está fazendo aqui? - Pergunto.

— Vim conversar.

— Tudo bem. - Vou para o lado e o deixo entrar. — Quer beber alguma coisa?

— Não.

Indico a poltrona ao lado do sofá e desligo a televisão.

— Aconteceu algo?

— Não, eu só... eu só precisava te dizer algo.

Por um tempo ficamos em silêncio, meu pai olha para todos os lugares da casa, menos para o meu rosto. Deixo que tenha seu tempo e dou batidinhas em uma das patas de Bruce.

— Recentemente o pastor da igreja me deu uma carta que foi escrita por sua mãe. Ele disse que ela pediu para me entregar apenas quando sentir que meu coração estivesse pronto para algumas palavras.

Abro a boca para dizer algo, mas ele levanta as duas mãos.

— Me deixe terminar, por favor. Preciso fazer isso.

Balanço a cabeça e espero.

— Eu sei que fui uma pessoa horrível com você. - Funga. — Acima de tudo, sei que fui um pai horroroso e não tenho palavras pra descrever o quão envergonhado estou com tudo isso. Quando se assumiu para mim e sua mãe, eu fiquei sem chão. Fiquei com medo do que as pessoas poderiam fazer com você. Então, fiquei com raiva. Com raiva de mim por me sentir tão impotente e com raiva de você por ter me dado esse fardo, eu não sabia o que fazer, o que dizer... acabei colocando a bíblia como um motivo para odiá-la, Sina. E eu sinto muito.

Observo meu pai cobrir o rosto com as mãos e chorar.

— Desculpe ter demorado todo esse tempo para pedir perdão só quero que saiba que não se passou um dia sem que eu não me odiasse pelo que fiz. Pelas palavras duras e atitudes cruéis que fiz. Eu perdi sua mãe e a culpei por isso, sendo que você foi a única que realmente se importou, que realmente quis ajudar.

Não me contenho e me ajoelho de frente para ele, passo meus braços ao redor de seu. pescoço e o puxo para junto de mim. As lágrimas rolam por meu rosto ininterruptamente, o único som que se pode ouvir nesse momento somos nós dois chorando e soluçando.

Quando tiramos um momento para recobrar a compostura, Bruce se aproxima e lambe meu rosto.

— Ele é lindo. - Diz meu pai.

— Ele é sim. - Olho para seu rosto. — Quer ficar e comer alguma coisa?

★★★
kisses

A Acompanhante - SiyoonWhere stories live. Discover now