Capítulo 24

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Meus olhos se abrem com um pouco de dificuldade, mas acabam se acostumando com a claridade do quarto, me sento na cama e cubro meu corpo com a coberta. O meu lado da cama está vazio.

Fragmentos da noite anterior percorrem minha mente e mordo meus lábios, depois de horas ininterruptas de sexo, Sina realmente me fez implorar para parar. Meu corpo ia desidratar.

Levanto-me para tomar um banho e sinto minhas pernas um pouco bambas.

Jesus! O que essa mulher fez comigo?

Sento novamente e olho para o lado. Em cima do criado mudo tem um envelope, o nome de Sina está em cima dele. Pego a carta, virando de um lado para o outro.

A porta do quarto se abre e vejo minha acompanhante com uma pequena bandeja nas mãos.

— Bom dia, dorminhoca, diz — não quis te acordar então trouxe o café da manhã... na verdade, café da tarde. Já são três horas.

— Eu dormi isso tudo? - Arregalo meus olhos.

— Sim, - senta ao meu lado é a idade chegando.

Sina nota o envelope em minha mão e sorri afetuosamente.

— Minha mãe quem escreveu.

— Ai, meu deus.

Cubro meu rosto. Pensei tanto em mim ontem e na expectativa de ver Sina, que sequer poderia imaginar seu sofrimento. Sou a pior pessoa do mundo, sem falar que estou nua e segurando a carta que a mãe dela escreveu.

Porra... a mulher tocou nessa carta antes de morrer, puta que pariu. Volto a cobrir meu corpo com a coberta e lhe estendo a carta.

— Me desculpa.

— Pelo o quê? - Sina franze a testa.

— Por ontem. Eu... eu estava pensando em mim e não te escutei, sabe. Você perdeu sua mãe e eu praticamente me joguei em seus braços.

— Bom... você fez muito mais que isso.

Bato em sua perna e a ouço rir.

— Heyoon, está tudo bem. - Passa o braço ao redor de meus ombros.

— Não quero que pense que não ligo para os seus sentimentos.

— Sei que liga.

— Eu me importo com você.

— Idem.

— Então...

— Leia a carta.

— Desculpe? - Ergo uma sobrancelha.

— A carta. - Aponta com o queixo. — Leia.

Retiro a folha do envelope e começo a ler. A caligrafia é linda. Leio atentamente cada palavra, é sincero o pedido de desculpas contido nessa carta, Sina não terá a oportunidade de uma reaproximação com a mãe e isso me deixa chateada, só noto que estou com lágrimas nos olhos quando finalizo.

— Tive tempo o suficiente para pensar sobre a minha perda, Heyoon, - diz secando minhas lágrimas — não transamos ontem porque eu estava confusa ou me sentindo tão mal ao ponto de querer esquecer que perdi alguém. Eu só... estou em paz com tudo isso. Ela não está sofrendo mais, é nisso que estou me agarrando. Ela tem orgulho de mim, me quer bem e feliz. Se eu ficar pensando demais no que perdi ou no que poderia ter sido, não sairei do mesmo lugar.

— Seu pai e seu irmão te trataram mal?

— Sim, - dá de ombros — mas isso não me atinge mais. Eles não fazem diferença na minha vida.

— Sinto muito por isso.

— Está tudo bem.

— Como consegue ser assim?

— Assim como?

— Tão... neutra.

— Eu? Neutra? - Sina gargalha.

— Você entendeu.

— Entendi sim. - Ela pega a bandeja e coloca em seu colo. — Agora que resolvemos isso, vou te alimentar.

Pego duas uvas da vasilha e jogo dentro da boca.

— Que horas acordou?

— Meio dia, mais ou menos.

— Ficou esse tempo todo fazendo o quê?

— Te observei dormir por um tempo, você ainda ronca.

— Ridicula! - Bato meu ombro contra o dela.

— Depois tomei um banho e desci. Sua mãe me abraçou por uns dez minutos.

— Ela estava preocupada.

Sina estende o copo com suco para mim.

— Sua família é incrível.

— Eles são.

Conversamos até que eu termine de comer. Depois de tomar banho, nós duas passamos o dia inteiro no quarto, eu queria saber tudo sobre a vida de Sina e ela sobre a minha. Contamos sobre primeiros amores, amizades, desilusões amorosas, primeira vez e o ensino médio.

Cada detalhe era um motivo a mais para me apaixonar por ela.

Quando não tinha mais nada a ser dito, trocamos um beijo longo e delicioso, nossos corpos se mesclaram como duas tintas para preencher uma tela. Sua boca desenhou todas as curvas de meu corpo como um lápis em papel branco.

Nossas mãos se entrelaçaram diversas vezes, como se fossem imãs.

Eu arqueava e pedia mais. Sina queria tudo e ao mesmo tempo nada.

Era a primeira vez que estava dando prazer a outra mulher, eu observava cada reação de Sina, cada suspiro e gemido. Tive tanto medo de machucá-la ou de fazer algo errado, então, quando seu corpo todo estremeceu e sua respiração parou por um minuto, senti o resultado de seu orgasmo em meus dedos.

Meu corpo se arrepiou, e eu entrei em combustão. Nunca havia me sentido tão leve quanto naquele momento.

★★★
kisses

A Acompanhante - SiyoonWhere stories live. Discover now