04 - Algo Dentro de Mim

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Mikhail

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Mikhail.

Peguei a vigia da madrugada, e a tempestade se acalmou deixando um nevoeiro denso para trás. Sorri, porque se houvesse algum Deus nos céus, ele ou ela estava olhando por nós. Se não conhecesse aquelas águas como meu próprio quintal, acharia que havíamos nos perdido. Era meio da madrugada quando avistei ao longe uma luz laranja quase fantasmagórica, o frio se apoderava de meu corpo úmido no topo do mastro, puxei a luneta e respirei fundo.

Quase no horizonte, contra o vento, era a situação perfeita. Soltei-me da corda de segurança, e desci o mais rápido que consegui, Thierry bocejava no timão e estava prestes a me dar um grito por sair de meu posto quando ergui o indicador sobre a boca. A mensagem foi suficiente, o velho sorriu demoníaco e apagou o lampião ao seu lado de imediato.

Korn saiu na ponta dos pés para acordar a tripulação, e me encarreguei de apagar as luzes mesmo que isso fosse causar uma confusão. Eadan estava com a bochecha cheia de saliva quando adentrei a cabine para apagar o lampião, largado na cama sem camisa e com uma manta grossa cobrindo a cintura. Pela boca aberta, um ronco suave escapava, o filho do capitão parecia exausto e resfriado, de modo que me senti mal por ter de acorda-lo. Ed me mataria se o deixasse fora disso, então após dar cabo da luz, caminhei com receio, tropecei em garrafas e trombei com móveis. Parei ao lado dele, vendo a pouca luz que entrava pela janela expor os traços de seu rosto.

A barba por fazer era tão vermelha quanto o cabelo, ainda me era estranho ver pessoas com uma cor tão insana de cabelo. Eadan tem um nariz longo, o queixo triangular e uma testa grande, é um homem bonito, do tipo que deve ter algumas dezenas de mulheres em seu pé sempre, um galã como Maksim ou Erik Kaigger, suspirei tentando evitar meus devaneios.

Chamei-o algumas vezes, até que seu ronco cessou e o olho vermelho se focou em mim. Era assustador, idêntico ao da raposa demoníaca, ele se eriçou de imediato e, pensando bem, eu deveria ter deixado aquele trabalho para Thierry. O que eu pareceria me esgueirando no quarto de um homem à noite?

— Misha? O que houve? — questionou se sentando na cama, estava escuro demais então não podia ver muito além da silhueta.

— Achamos a legião, não nos viram por isso as luzes...

O Foxarlett soltou um resmungo em concordância, então fez a coisa mais assustadora de todas. Levantou e caminhou livremente pelo quarto, não como quem é acostumado ao lugar das coisas, mas como quem enxergava perfeitamente naquela penumbra. Não tropeçou nas garrafas largadas, pegou roupas sobre a penteadeira e tive a seria impressão que lavou o rosto de alguma forma no minúsculo banheiro da cabine. Permaneci imóvel ao lado da cama, porque seria uma jornada de trombos e barulhos até a porta.

Ouvia-se o burburinho da tripulação baixo, mas o único som audível além do mar, era a madeira do navio rangendo como se também ansiasse pela batalha.

— O que está fazendo? — Eadan estava há alguns passos da porta, seus olhos vermelhos focados em mim.

No escuro aquelas porcarias pareciam brilhar, e apesar de muito belo e até sensual, mais parecia que alguma criatura maligna estava prestes a me devorar.

Ruby da Fortuna: Raposas do MarDonde viven las historias. Descúbrelo ahora