21 - Tanto acima, quanto abaixo

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Mikhail

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Mikhail

Não obstante a dor nas pernas e o cansaço, eu tive certeza de que morreria no segundo que troquei olhares com Daryn. Era um sujeito baixinho e com a barriga saliente como qualquer soldado, um cavanhaque vermelho no queixo o fazia parecer engraçado para mim. Nada como o "demônio rubro" que meu pai pintava, e por um milésimo de segundo cogitei que eram apenas mentiras como as que ele contava sobre Thierry, mas ele fez questão de me olhar com o nariz erguido e as sobrancelhas quase juntas na testa.

O Imperador em pessoa estava aguardando por Thierry no pátio central, cara de poucos amigos e acompanhado de um rosto conhecido. Fiquei até surpreso por reconhecer qualquer pessoa depois de tanto tempo. Laelia estava mais alta, mas o olhar astucioso não mudou nada com o casamento. A Princesa de Dracau tinha se casado com Daryn e deixado de frequentar os eventos da Aliança das Nações Civilizadas, então não a via há pelo menos seis ou sete anos. Ela sorriu para mim, o que só me deixou mais preocupado com minha saúde.

Daryn ficava ainda mais engraçado do lado dela, a mulher era tão alta quanto Thierry, fazendo-o parecer ainda menor.

Palavras foram trocadas em ksaardo com Thierry e Eadan, eles pareciam uma família de verdade. Riram juntos, sei lá do que, sempre que possível o Imperador me olhava feio. Eu, que podia até ser louco, me lembrei subitamente de todas as aulas de etiqueta de minha vida e mantive os olhos baixos. Não estava em casa, aquele homem não me devia nada. Sequer era quisto como um nobre naquela Corte, eu era só o namoradinho incômodo de Eadan.

Enquanto os homens foram recebidos com abraços nostálgicos e sorrisos, fui prontamente ignorado junto de Donkor. O garoto pelo menos não atraiu tanta antipatia quanto eu. Depois todos os outros puderam seguir para o palacete azul dos Mer, rindo e falando sobre como queriam beber, enquanto eu fiquei preso com um Foxarlett parecendo tentado a comer minha língua para o jantar.

Encarei Ed em desespero, mas ele não pareceu levar minhas preocupações à sério. Quis chorar. Daryn estava ocupado em puxar Thierry para dentro do palácio principal, falando sem parar com o velho enquanto Laelia ria do carinho dele com o pai adotivo. Ninguém se ocupou de usar uma língua que eu fosse capaz de entender. Aquela era a casa deles, afinal. O portão de entrada do palácio possuía um batente ornamentado, com bordas formando arabescos de vinhas.

Para o corredor além do portão, me faltam palavras para descrever tamanha beleza arquitetônica. Minha mãe mataria por um pedaço da tapeçaria de Daryn, e me peguei ponderando as chances de conseguir mandar algum tapete para ela um dia. O corredor não era tão grande nem tão alto, mas a decoração estava recheada pilares de mármore para apoiar vasos da cerâmica mais cara, quadros narravam a história da conquista Foxarlett sobre a dinastia anterior com um estilo de pintura que eu não reconheci, mas era muito belo. O piso era de uma pedra fria que eu não reconheci, mas tive certeza de que não encontraria o material dentro do Dar'Sasary, aqui e ali armaduras de ferro e armas ornavam o cenário, mas tudo tão bem encaixado que não dava o ar de fortaleza que o Castelo Carveryon tinha.

Ruby da Fortuna: Raposas do MarWhere stories live. Discover now