18 - O Preço de um Carveryon

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Aviso de gatilho: o capítulo a seguir é narrado pelo ponto de vista de um personagem homofóbico e preconceituoso, outros temas sensíveis como violência doméstica, abuso de poder e capacitismo também serão abordados. Em caso de incômodo excessivo, recomenda-se que o leitor interrompa a leitura.

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Jurg

Se não pudesse pegar meu filho ali, pagaria quanto fosse necessário ao demônio rubro. Já estava exausto daquele problema interminável chamado Mikhail, não era possível que um homem daquele tamanho não fosse capaz de entender as consequências de seus atos.

Meus homens relataram, depois de dois dias virando aquela cidade de cabeça para baixo e nos custar uma dor de cabeça atrás da outra, que a Raposa Cósmica havia ancorado. E não só isso, Mikhail desembarcou mais tarde pelas docas, acompanhado de um Foxarlett que não souberam identificar. Preferia não pensar muito sobre o que me disseram.

É claro que um devasso procuraria a vida no Império de Daryn Foxarlett, esses tipos sempre andam juntos. Precisei matar três bons soldados para dar fim naquela informação, o filho de um Lorde não pode ser visto se agarrando na rua com outro homem.

Como ele não entendia? Ou melhor, por que cargas d'água se recusava a entender? Eu enfiei aquilo na cabeça dele a ferro e fogo, usei tudo que tinha a meu dispor. E ele continuava ali, nas docas da autoproclamada República dos Piratas, erguida com blocos de arenito pagos pelo dinheiro roubado do meu povo. Exibia os dentes como ninguém, gesticulando igual uma moçoila ao falar com o resto dos porcos naquele chiqueiro.

Se ser bonzinho não deu resultado, eu já havia tentado também o caminho da punição com ele. O desgraçado fugiu. Como se todas as responsabilidades, a Casa, e minha palavra, não valessem nada. Dei tudo que Mikhail precisava a vida inteira, de dinheiro à atenção, carinho e cuidado. Sei que não fui um pai ruim. Então, por quê? Por que meu filho insistia em ir contra a ordem natural das coisas, insistia em fugir de casa arrumando problemas pela rua e, pior de tudo, insistia em se tornar um maldito pirata?

Levei meus homens de confiança às docas assim que soubemos que eles estavam descarregando o navio. E que carga! Eu podia ouvir os gritos de dor de meus ancestrais só de vislumbrar a obra de meu filho. Joias, especiarias, ouro e até uniformes da Legião Marina. Não havia um grão naquele espólio que não me pertencesse, que não fosse propriedade de Wulftarg.

Eu, Pyotr e Yuri montamos tocaia em um ponto próximo a eles em busca de uma oportunidade de tirar aquele retardado dali. Seria perigoso demais que eu me aproximasse, mesmo com o movimento alto de pessoas naquele trecho, mas era difícil me conter vendo meu filho tão perto. Magro, pálido e com o cabelo longo demais, mal se parecia com a criança em minhas memórias. O rosto estava mais angulado e os ombros mais largos, uma porção de pelos por fazer insinuavam a formação de uma barba.

Mikhail estava feliz e sorrindo entre os piratas, coordenando enquanto retiravam a carga do navio junto a um rapaz que devia ser o filho mais novo de Thierry. Rindo de mim, rindo às custas de nossa Casa.

Ruby da Fortuna: Raposas do MarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora