11 - Legado Carveryon

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Eadan

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Eadan

Fui arrastado para fora do convés pela confusão dos Carveryon, já que não aturaria um bosta qualquer dando ordens em nosso navio. Mika salvou a tripulação de uma bela fria, apesar da ideia de jerico. Ele realmente nos assustou com aquele revólver na cabeça, Mika parecia muito mais que disposto a atirar e fazer aquilo. A ausência perpétua de brilho em seus olhos deu a todos nós, e a Legião Marina também, a certeza de que estávamos diante de um homem honesto sobre suas intenções.

Eu tirei a arma de suas mãos, o deixei na enfermaria e Bill me garantiu que podia cuidar daquilo. Mas não havia como não me preocupar, poderia tremer de tanto ódio dos Carveryon. As perguntas que não calavam naquele navio, e que eu conhecia parcialmente as respostas eram: o que aquela laia fez com esse garoto? O que um pai pode fazer a um filho de tão avassalador que os mande embora e o faça tremer de pânico com a mera menção de seu nome? O que uma família tem que fazer para destruir um homem ao ponto de ele apontar uma arma carregada e engatilhada para própria cabeça como se isso fosse ser um alívio para ele?

Apesar de saber parte da história, não ousaria repassar adiante ou me atrever a supor coisas como os outros. Nenhuma de nossas especulações ajudaria o garoto em nada, talvez tivesse o efeito oposto para ser sincero.

— Quero ter uma palavra com você, filho.

O capitão me disse apenas isso antes de jogar um dos braços por cima de meus ombros e me puxar sem a menor discrição para dentro da cabine, o deixei agir daquela forma estúpida porque conhecia a voz de meu velho quando estava sem paciência. Aquilo seria exaustivo, mas eu não voltaria atrás e me desculparia por falar o que todos pensavam, e duvidava que Thierry engoliria o próprio orgulho logo depois de receber ordens de Viktor Carveryon.

O velho se sentou na mesinha no canto da cabine, puxou uma garrafa pela metade sei lá de onde e focou bem os olhos em mim antes de começar a falar. Fiquei em pé, estatelado, sem conseguir acreditar nas palavras que meus ouvidos captavam.

Ele me contou do mar, de minha mãe e de Killian. Disse que se arrependia, e que não pretendia chegar aquele ponto comigo, ele não queria ser o homem que manda um parente buscar o filho na casa do caralho e recebe ofensas em respostas. Meu pai se recusava a ser como Jurg, e por essa razão parecia disposto a melhorar. Me perguntou o que os homens tanto reclamavam, sobre o sextante, Mikhail e uma porção de coisas. Pela primeira vez em toda minha vida, Thierry havia sentado e conversado comigo como se eu fosse um homem e não o menino dele. Falou como teria falado com Daryn — um respeito mesclado ao desprezo inerente de quem já limpou sua bunda, creio eu. Naquele momento, era seu filho e imediato, não apenas um ou outro.

Quis chorar diversas vezes ao longo da conversa, pela pura emoção de estar vivendo algo que só existia em meus sonhos até então. Tomei nota mental de agradecer o Colher de Chá quando ele se acalmasse, talvez lhe desse um beijo bem dado como recompensa. Eu jamais teria feito aquela loucura se o garoto não tivesse me contado sobre sua própria vida, e sem me dar a certeza de que Thierry era um homem com quem valia a pena tentar conversar. Aquele velho sempre me enxergou como um filho, o que tornava meus problemas e os de Mikhail opostos. Se eu sempre fui o menininho do papai, ele sempre foi o soldado candidato a Lorde de Jurg.

Ruby da Fortuna: Raposas do MarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora