05 - Filhos da Raposa

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Eadan

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Eadan.

Era difícil ter qualquer conversa com meu pai, não apenas pela dificuldade de convencê-lo que sou um homem adulto, mas porque sempre havia muitos ouvidos ao redor. Desrespeitar Thierry não era a melhor escolha para o bem de todos, não queria mais atrito entre a tripulação, então guardei meu remorso comigo nos dias que rumamos ao Porto Clandestino de Wulftarg. Precisava falar com ele, mas podia esperar o momento certo.

Não encontramos mais tempestades, nem navios da Marina, foram dias calmos. No Porto, tive que aguardar até o navio estar vazio, aquela era minha chance. A cabine estava na bagunça de sempre, e meu pai olhava para alguns mapas sobre a mesa com uma garrafa ladeada. O dia estava frio, mas o capitão continuava de calça e regata, alheio ao clima incômodo. Talvez a barba longa e espessa o mantivesse quente, dei risada dessa ideia e ele ergueu os olhos para mim, a sobrancelha arqueada me lembrando do quanto odiava risinhos dirigidos a ele.

— Quer dinheiro para ir com os outros? — questionou voltando a olhar seus mapas, parecendo menos interessado por minha vida do que pelos papéis.

— Não, pai. Quis ficar no navio mesmo — expliquei tentando não me irritar com aquele tom.

Me aproximei mesmo sabendo que não era bom incomodá-lo quando está trabalhando, a mesinha do canto da cabine era estreita demais para aquela montoeira de papel. Me sentei no lugar vago de frente para ele e respirei fundo, não havia como fugir daquela conversa.

— Queria conversar com você, acho que-

— Eadan você já está um tanto grandinho demais para me atrapalhar, não acha? — bronqueou agarrando a garrafa sobre a mesa.

— Pai, por favor, podemos ter uma conversa decente? — pedi cansado, não queria ter começado daquela forma.

Thierry bebeu um gole longo, deixando parte do líquido escorrer por sua barba. Fixou os olhos em mim e me senti um garotinho perdido, Foxarletts escolhidos por Yuriko têm traços fortes de irritação, o vermelho dos olhos se expande e cria uma falsa impressão de se estar olhando para uma raposa.

— Fale logo, moleque.

— É sobre Mikhail, os homens ficaram inseguros porque deu armas a ele, não acho uma boa ideia ter um Carveryon armado aqui. — Media cada palavra que usava, porque não queria meu pai irritado.

— Os homens ou você? — questionou o velho debochado, um risinho torto em seus lábios.

— Todos, pai. Não vim aqui afrontar o senhor, não quero causar confusão — assegurei juntando as mãos, não gostava de confrontá-lo, ainda é algo que não sei fazer direito.

Consigo levantar a voz para Daryn, me impor se for necessário, e ele é o maldito Imperador Sangrento, alguém que não hesita em rasgar a garganta daqueles que se colocam em seu caminho. Mesmo assim, nem meu primo sabe contrariar Thierry, é nosso pai, e como você se opõe a um pai tão bom? Nossos parentes não tiveram tantos privilégios paternos, Daryn certamente não teve. O lampião balançou com o movimento do navio produzindo o ruido alto de sempre, quase um gemido fino e agonizante.

Ruby da Fortuna: Raposas do MarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora