16 - República dos Piratas

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Mikhail

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Mikhail

O tempo se passou em um piscar de olhos. Na manhã do quinto dia, uma pomba de asas vermelhas pousou em nosso convés cantando suave, o animal trazia consigo uma mensagem em sua anilha. Fui o primeiro a vê-la por estar no posto de vigia, a ave se mostrou dócil com minha aproximação e não pareceu incomodada de me confiar a mensagem. O pequeno rolo de papel estava escrito no que me pareciam rabiscos ondulados, mas só podia se tratar da língua do Império, ksaardo.

Sabia que era deselegante ler as mensagens dos outros, mas estar me engraçando com o filho do capitão precisava de algum benefício.

Quando entreguei a mensagem a Eadan, que não pareceu se agradar muito de meus benefícios autodefinidos, ele apenas sorriu e me disse que nossa escolta estava a caminho.

— Escolta?! Quê escolta, Eadan?

Se ter uma escolta fosse uma opção desde o começo, eu não teria me dado metade do trabalho traçando nosso plano náutico. Além disso, seria muito mais fácil ter me livrado de Jurg. Cruzei os braços, e o ruivo riu na minha cara por isso.

— Não se preocupe, Misha — sussurrou acariciando meu rosto com o polegar. — Nenhum deles vai mexer com você se estiver com esse brinco.

Minha orelha ainda coçava às vezes, e eu não estava realmente feliz de ter acordado de ressaca com aquela porcaria pendurada na orelha quatro dias antes. Eadan apenas gargalhou quando falei que não me lembrava de ter aceitado aquilo, Bill me deu um tabefe na cabeça e disse que o irritei por quase uma hora para que furasse minha orelha. Ninguém me respondia o que raio estava escrito na pequena argola de prata, mas eu estava começando a me preocupar. Que tipo de frase ameaçadora estava transcrita ali? Ou pior ainda, que delírio meloso seria tão efetivo e reconhecível da parte de Eadan que garantiria minha segurança entre piratas mesmo com minha fuça de Carveryon?

— Desde quando temos escolta? — Voltei ao assunto que importava, ele não me ludibriaria com cantadas baratas de novo.

— Ah, cê não sabe? Pyllu é o nome popular da cidade, antiga capital de Ksaarto. Mas hoje em dia ela é administrada pela Casa Mer como República dos Piratas.

— República do quê?!

Eadan riu de meu espanto e foi embora sem me explicar mais nada, apesar de algumas linhas se ligarem em minha cabeça sozinhas. De toda forma, gostaria de perguntar sobre o pombo e como ele encontrou um navio em alto-mar, mas Eadan sumira cabine adentro e eu só tinha a ave como companhia. Não tive tanto tempo para me preocupar sobre isso também, pouco depois uma caravela acompanhada por quatro navios de aviso se emparelhou conosco no mar.

A bandeira hasteada era branca, com uma caveira negra de raposa desenhada. Não tive dúvida de que se tratava de subordinados dos Mer, mas duvidava muito da utilidade daquele brinco. Talvez fosse melhor me esconder no buraco mais fundo e escuro que pudesse achar naquele navio, porque assim que a tripulação da outra caravela pôs os olhos em mim senti o arrepio costumeiro na espinha causado por sede de sangue.

Ruby da Fortuna: Raposas do MarWhere stories live. Discover now