22 - Corte Vermelha

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Eadan

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Eadan

Ísis só podia estar de brincadeira. Podia entender a saudade da menina, e relevar a travessura de sair por aí ouvindo conversa dos outros, mas ela tinha que bisbilhotar justo aquela conversa?

Estava maior e mais pesada. Às vezes, me culpava por não ser mais presente para ela, mas não estava disposto a abrir mão da minha vida por nada nem ninguém. Podia amar minha filha e minha própria vida ao mesmo tempo. Arrumei-a no colo, que se agarrava ao meu pescoço chorando sem parar pela bronca. Suspirei. O que eu poderia ter feito? Ela ainda é mais velha que as outras, não devia ser a má influência do grupo, quer dizer, Aryl empenha esse papel muito bem, de modo que elas não precisam de mais ninguém causando.

— Tio Eadan, 'cês foram de barco ver meu... vô? — E falando no diabo, ela já tinha recuperado o humor depois do esporro dos pais.

Foi quase adorável ver que ela esqueceu a palavra "bisavô".

— É navio, Aryl — corrigiu Aurora soando como a mãe.

— Tudo boia igual.

Era difícil não rir das conversas daquelas duas.

— Fomos buscar coisas pro seu pai, seu bisavô é ocupado demais pra receber um bando de piratas.

— Pirata é quem tem barco?

— Não.

— Então o que é?

— Eu sou.

— Então pirata é quem namora homens? — Como caralhos ela chegou nessa conclusão?! — Papai é um pirata, Aurora!

Eu não sabia se elas estavam rindo por deboche da minha cara ou por acharem aquilo fascinante, resolvi que era melhor não saber também. No fim, não estavam erradas também.

— Quem te ensina essas coisas? Pela raposa!

— O quê? Adulto pode namorar quem quiser. Minha mãe que disse.

Conhecia os corredores daquele castelo melhor do que os do Palacete Mer, sempre preferia ficar nos quartos dele para poder estar mais perto das meninas e de Daryn. Peguei o caminho mais curto até o quarto das princesas, que saltitavam demais na minha frente para quem ainda ganharia algum castigo elaborado da Laelia no dia seguinte.

Ísis não quis conversar com as duas maluquinhas por perto, mas no segundo que garanti que ambas estavam na cama e cobertas, ergueu o rosto inchado para mim com um bico do tamanho do mundo. Ela era a cara da mãe, se não fossem os olhos e o nariz até poderia dizer que não tinha nada de mim. Ainda me mantinha amigo de Izsla, apesar do divórcio, e me quebrava as pernas ver aquela miniatura dela chorando tanto.

— Não precisa chorar, menina. Não estou bravo com você.

O quarto dela ficava no fim do corredor, Daryn decidiu dois anos antes que por ser mais velha era melhor que ela tivesse o próprio espaço. Eu achava aquilo besteira, cresci dividindo uma cabine minúscula com dois irmãos e o velho meu pai sem problema nenhum. Mas, o palácio era dele, assim como a afilhada, quem sou eu pra dizer qualquer coisa.

Ruby da Fortuna: Raposas do MarWhere stories live. Discover now