06 - Orgulho e Empatia

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Mikhail

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Mikhail.

Quis berrar por socorro ou chutar Eadan para longe de mim, mas o ruivo não só aguentou todo meu chororô sabem os deuses por quanto tempo, como em algum momento me fez o favor de cair no sono daquela forma. Largado por cima de mim na cama, o que eu diria se Bill voltasse ou Thierry viesse checar o que estamos fazendo? Tentei me arrastar ou chamar por ele, mas nada perturbava o sono pesado do Foxarlett. Ele era grande e pesado demais para mim e o cheiro de álcool denunciava a razão do sono tão profundo. Respirei fundo e fiquei lá até cair no sono também, afinal, que escolha eu tinha?

Acordei no meio da madrugada, Eadan estava de lado na cama ocupando quase todo o espaço. Me encontrei espremido contra parede e o chutei por mero desencargo de consciência, já que o bosta não acordava mesmo, foi só então que constatei um fato maravilhoso: Eadan estava acordado. Bem acordado. Seus olhos rubros bem focados em mim, e depois do chute as sobrancelhas se crisparam.

— Se tivesse doido eu te quebraria a cara — reclamou ele se fazendo de inabalável, mas alisava a perna mesmo assim.

— Que merda está fazendo?

— Bem eu estava aqui dormindo, mas você ronca como um porco então acordei. O que acha que estou fazendo?

Aquela proximidade era insana, se me movesse o suficiente para não estar prensado como sardinha no barril, nossos rostos ficariam praticamente colados. Meu coração disparou no peito, querendo saber a forma mais rápida e eficaz de derrubar Eadan da cama.

— Se está acordado, dê o fora daqui — tentei empurrá-lo, mas o sujeito sequer saiu do lugar.

— Eu não gosto do escuro — comentou do nada, girando para ficar de barriga para cima.

O lampião continuava aceso, mas a chama vermelha indicava o fim do óleo. Bill me mataria, quem dorme com a porra do lampião aceso? Ruivo imbecil, ele não poderia ter ido azarar outro?

— Quê?

Aquilo era tão surreal e inacreditável que eu tinha mais vontade de entender do que tirá-lo dali. Poderia chutar ele para fora quando entendesse o que estava falando.

— O deque inferior é estranho quando não tem ninguém lá, não vou dormir sozinho — disse como se tivesse seis anos de idade.

— Você tem medo do escuro?

— Tem problema com isso? — ralhou voltando a olhar para mim, e os músculos expostos em seus braços me faziam pensar que eu não queria apanhar daquele homem.

— Hã, não, nada. Eu... só, por que está me falando disso?

— Porque você não ronca Mikhail — murmurou irritadiço.

O que meu ronco poderia ter com isso? O encarei em silêncio por longos minutos até entender. Eadan não havia acordado com roncos, mas muito provavelmente gritos, só então me dei conta do suor frio nas mãos. O coração palpitando deveria ter sido suficiente, mas dar de cara com ele me fez esquecer por um momento. Era outra daquelas noites que era dragado por pesadelos com os Carveryon, me encolhi ainda mais, sem ter ideia do que ele poderia ter ouvido. Estava rindo dele por ter medo do escuro enquanto era incapaz de ter uma mísera noite decente de sono, não sem me privar dele por tempo suficiente para ser nocauteado pela exaustão.

Ruby da Fortuna: Raposas do MarWhere stories live. Discover now