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Uma eternidade pareceu se passar antes que eu finalmente chegasse à estrada principal. Ao passar pelo restaurante onde havíamos almoçado durante o dia, finalmente me dei conta que estava na direção correta.
Não parei ali, mas continuei correndo até que me vi caminhando pela estrada montanhosa. Mesmo assim, não me atrevi a parar. Continuei andando e andando até sentir minhas pernas ficarem dormentes.
O asfalto sinuoso estava coberto das minhas pegadas, silenciosamente narrando a história de minha trágica experiência.
A brisa quente de verão sussurrava em meus ouvidos, mas eu me sentia gelada por dentro.
Finalmente, parei no meio do caminho. Com coração pesado, olhei para a escuridão sem fim na base da montanha, sentindo nada além de desespero.
Eu tinha sido casada com Killian por dois longos anos, mas nunca o tinha conhecido de verdade. Como eu tinha sido tão cega e estúpida?
Numa única noite, eu havia perdido tudo. Eu teria pulado montanha abaixo e acabado com tudo, mas eu me lembre da minha mãe.
Quando meu pai sofreu acidente de carro, e ficou em coma e ela ficou junto a ele. Por muitos anos, anos dolorosos ate ele acordar, tudo o que ela tinha era eu, pois Rose nunca esteve ali para ela. Se ela me perdesse, o que seria dela?
Eu também pensei nos meus amigos, principalmente uma pessoa de bom coração: O Graham. Durante anos em que fui a escola, ele quem me apoiava em tudo e sempre estava ali comigo seja pessoalmente ou pelo WhatsApp.
Muitas vezes, era ele quem me encorajava a seguir em frente e me aconselhava nos momentos difíceis. Na minha jornada, ele foi uma das poucas pessoas que haviam me mostrado bondade e carinho.
Se eu morresse assim, seus esforços ao longo desses anos seriam em vão. Eu nem teria chance de agradecer mais uma vez tudo que ele significou e significa para mim.
Nesse mundo, seja rancor ou gratidão, tudo deve chegar ao seu próprio fim. Eu não só tinha uma dívida de gratidão a pagar, mas também tinha que vingar daqueles que me ofenderam.
Por que Killian havia se tornado tão desumano de repente? Eu ainda precisava acertar as contas com ele, por isso decido não pular.
Eu sei que daqui a alguns anos, eu ficarei grata por ter escolhido ser corajosa e racional nesse momento.
E eu já havia escolhido viver, tinha de viver bem. Não poderia ficar naquela montanha o resto da vida, feito um fantasma vingativo. Eu precisava encontrar uma maneira de voltar à cidade. Precisava aceitar e enfrentar aquela mudança dramática.
Entretanto, eu não iria conseguir pegar um táxi naquele ponto da montanha no meio da noite.
Felizmente, por ser um local cênico, alguns carros ainda passavam por ali até bem tarde. Sob os faróis altos, eu certamente devia parecer descabelada, mas eu ignorei minha própria aparência e abandonei minha dignidade, chamando atenção deles.
Alguns dos motoristas que passavam olhando para mim com olhos cheios de choque, outros, zombavam e balançavam a cabeça.
Mas todos apenas continuavam segundo caminho, com seus alto-falantes tocando rock and roll. Ninguém estava disposto a parar para mim.
Talvez aos olhos deles eu era uma mendiga ou algum tipo de refugiada. Talvez até uma lunática, doida varrida.
Depois de me decepcionar de novo e de novo, finalmente tomei uma decisão arriscada.
Atravessei para o canteiro encostado ao paredão da montanha, esperando... E no segundo que vi um raio de luz outra vez, corri para o meio da estrada sem pensar duas vezes.
Pensei que ficaria tudo bem, desde que o carro não me atropelasse.
Pouco tempo depois, escutei o som agudo dos freios trabalhando.
Embora o impacto não tivesse sido tão forte, foi o suficiente para me fazer rolar no chão.
Quando escutei um estouro, olhei para cima sem jeito.
Na escuridão, vi uma pessoa caminhando em minha direção. Mal conseguia distinguir seu rosto. A figura parou e, lentamente, puxo um cigarro. A chama do isqueiro iluminou seus olhos por um breve momento.
Era uma mulher muito atraente.
Um segundo depois, ela assoprou o anel de fumaça, me olhando atentamente. Ela não abriu a boca para falar até me deixar constrangida com seu olhar a ponto de eu querer me esconder.

- Senhorita, por que você não escolheu alguém para chantagear? Por que escolheu ser atropelada pela minha podre bicicleta? - A mulher pergunta

🍭 The Sweet Second Chance 🍭 - AUWhere stories live. Discover now