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Dentro de nossa barraca silenciosa, senti o hálito pesado dela sendo exalado no meus ouvido, me deixando toda mole.
Depois de algum tempo, ela finalmente acabou adormecendo ao meu lado. Enquanto dormia, ela segurava meus braços às vezes e esfregava sua cabeça contra minha nuca.

- Feliz aniversário. - Regina murmura

Foi então que senti todo o fogo do meu corpo se dissipar, com os tivesse jogado um balde de água fria sobre minha cabeça.
Hoje não era meu aniversário, portanto era óbvio que ela estava imaginando outra pessoa ao seu lado.
Então quer dizer, ela fé tudo aquilo sem saber que era eu?
Era difícil descrever o que senti nesse momento. Talvez fosse um misto de desapontamento e desânimo.
Logo senti sua respiração voltar a ficar constante. Tirei seu braço de cima de mim e sai da barraca.
Lá fora, a tranquilidade reinava sobre o mirante. Todas dormiam agora e eu conseguia ouvir um ronco ou outro de vez em quando.
Peguei a bicicleta de Regina e pedalei pela rua que havíamos tomado para chegar até ali.
Como havia recém aprendido a andar, tinha medo de descer uma ladeira tão íngreme no escuro. Mas temia mais ainda encarar Regina quando ela acordasse.
A estrada na minha frente estava escura demais e eu não conseguia enxergá-la direito, enquanto a descida começava a dar velocidade para s bicicleta, o vento foi turvando minha visão enquanto lágrimas voavam dos meus olhos. Conforme eu entrava em pânico com a rapidez que andava, perdi o controle da bicicleta.
Morrendo de medo de cair do penhasco, freei com tudo e cai no chão. Arranhei meus joelhos e braços no asfalto áspero e a bicicleta ainda bateu na minha perna quando cai.
Tentei ficar em pé, mas descobri que meu tornozelo havia se torcido. Eu não conseguia firmar meu pé por causa da dor.

- Maldição sempre numa montanha! - Penso

Era uma cena parecida com outra que eu já havia acontecido. Mais uma vez, ali estava eu toda machucada no meio da noite e perto da montanha.

- Maldita impulsivodade. - Penso

Era como se não pudesse escapar do humor cruel do destino. Cada vez que sentia a felicidade se aproximar de mim, a realidade puxava meu tapete de volta. Fiquei pensando porque isso acontecia comigo.

Não sei por quanto tempo fiquei sentada naquela estrada dura e fria

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Não sei por quanto tempo fiquei sentada naquela estrada dura e fria. Mas finalmente vi uma figura descendo a ladeira.
Estava longe e meio escuro, mas a reconheci. Era Regina vindo.
Não esperava vê-la acordada tão cedo.
Ela me viu de longe e logo encostou sua bicicleta ao meu lado.

- Você se machucou? O que houve? Caiu? - Regina pergunta preocupada

Por algum motivo, lágrimas brotaram em meus olhos.
Ela se abaixou e colocou uma mão por baixo dos meus braços e a outra por baixo das minhas pernas. Queria me levantar no seu colo, mas eu a Empurrei.
Nesse momento, ela congelou sem entender nada.

- Me solta. - Falo
- Emma, por que você saiu de lá? Acha que eu sou irresponsável ou algo assim? - Regina pergunta

Eu já não estava olhando para seu rosto, portanto, não sabia qual era a expressão que carregava, mas podia dizer o quão ansiosa ela estava.

- Você não precisa assumir a responsabilidade pelo que aconteceu. Foi a bebida, não passou de um acidente. - Falo

Nunca pensei em fazê-la assumir aquele erro. Só fugi de lá porque não sabia como confronta-la. Mas agora que estamos frente a frente, eu precisava parecer calma e indiferente.
Regina pegou meu rosto, me fazendo encará-la nos olhos.

- Você se lembra do que eu falei no hospital naquele dia? - Regina pergunta

Por alguma razão, tive uma vaga ideia de onde ela queria chegar, mas fingi que não e me eximi de responder.

- Falei que se vocês se divorciassem naquele dia, eu me casaria com você no próximo. - Regina fala
- Geralmente não me lembro de piadas. - Falo
- Não era piada. - Regina fala

Deixei um sorriso amargo surgir em meu rosto.

- Pare com isso, Regina. Nós somos duas adultas. Você não conseguiu controlar porque está bêbada e cometeu um erro. Qual é o problema? Nunca pedi que assumisse isso! - Falo

Regina apertou com força o meu ombro até que doessem um pouco, me forçando a ficar de frente para ela.

- Quero me casar com você e não é porque dormimos juntas. Quando eu falei isso no hospital, não era da boca pra fora. Realmente quero isso. - Regina fala

Finalmente levantei minha cabeça para devolver seu olhar com mais tranquilidade.

- Mas por quê? - Pergunto

Neste momento, ela soltou meus ombros e se sentou ao meu lado.
Logo puxou um cigarro e o acendeu franzindo a testa ligeiramente. Não precisava ser uma grande observadora para deduzir que ela estava bem agitada.

- Meu avô sofre um linfoma terminal. O meu médico nos disse que, na melhor das hipóteses, ele se tem mais dois anos de vida. Ele me disse que gostaria de ir ao meu casamento ainda. - Regina fala

Era a primeira vez que eu a escutava mencionar algo de sua família. Na verdade, não sabia quase nada sobre ela, muito menos sobre seus parentes.

- Regina, eu recém me divorciei. O que você quer de mim? - Pergunto

Ela rir, e fixa seu olha no meu com o cigarro preso entre os lábios.

- Qual é o problema de ter se divorciado? Emma, por que você não tem confiança em si mesma? - Regina pergunta

Ela tinha razão. Eu tinha pouca autoconfiança, mas tampouco confiava confiava em casamentos também. Me machuquei demais da última vez, por isso queria ser mais cautelosa com os passo que tomaria a partir de agora para evitar sofrer novamente.
Além disso, eu ainda não sabia quem era a mulher falando com ela no celular outro dia.
E quem foi que ela cumprimentou pelo aniversário enquanto me segurava em seus braços?

- Acho que o casamento deve ser com alguém que você gosta. É uma decisão para a vida toda, não é um jogo. - Falo
- Eu gosto de estar com você, portanto quero me casar contigo. - Regina fala

Ela disse que gostava de estar comigo e não que gostava de min. Mas precisava admitir que ela mexe com os meus sentimentos.
Só que eu não era mais uma adolescente, portanto não cairia nesse papo tão facilmente.

- Isso não é amor... - Falo baixo

Regina apoiou a testa na mão com que segurava o cigarro, parecendo cansada.

- Emma, se você levar tudo à ponta da faca, vai acabar de cortando. O amor é um processo. Primeiro você precisa gostar de alguém, então talvez, um dia, acabe amando essa pessoa se gostar bastante. Mesmo se eu falasse que te amo agora mesmo, você provavelmente não acreditaria, certo? - Regina pergunta

Eu concordava com o raciocínio dela: amar realmente era um processo. Nesse momento, quis acreditar que eu e ela viveríamos isso juntas.
Na verdade, quando nós conhecemos pela primeira vez, eu estava em tal estado que era como se minha carne e osso tivessem se desfeito em milhares de pedaços.
Demorou um bom tempo até Regina conseguir pegar cada um dos meus fragmentos e me ajudar a construir um novo eu. Naturalmente, era muito grata a ela por isso.
Contudo, eu sabia que mais tarde que o amor de Regina iria trazer muita coisa para minha vida.

- Por que ainda estamos sentadas aqui fora no frio com vento nos torturando ao invés de dormindo na nossa barraca quentinha? - Regina me olha - Não acha que estamos sendo meio idiotas? - Regina pergunta

Era incrivel como eu conseguia estar sentada ali e conversando pacificamente com ela depois de que aconteceu antes.

- Porque mesmo você veio aqui? Podia ter continuado dormindo e fingir que nada aconteceu. - Falo

Regina pegou minha mão e ficou segurando por um tempo.

🍭 The Sweet Second Chance 🍭 - AUOnde histórias criam vida. Descubra agora