Bom dia, Granger

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— Granger?

Malfoy arqueou uma sobrancelha, com a surpresa de vê-la explícita em suas íris cinzas. Seu cabelo loiro estava bagunçado, apontava para todos os lados; os botões de sua camisa amarrotada estavam tortos.

— E de roupão — ele observou com escarnio — a que devo esse desprazer?

Hermione cruzou os braços como se pudesse se cobrir ainda mais e o encarou, esforçando-se para não corar. 

— Eu deveria imaginar... — ela comentou com acidez — Sua "festinha intima" passou dos limites. Algumas pessoas precisam de silêncio para descansar, sabia?

Malfoy franziu o cenho.

— Mora aqui?

— Não é óbvio? — Hermione replicou.

Draco riu e o som não poderia ser descrito por Hermione de outra maneira senão zombeteiro. Ela ergueu o queixo, a raiva ameaçando explodir por seus poros.

— Infelizmente, Granger, a minha "festinha intima" só está começando.

Foi a vez de Hermione rir, porém não havia humor, soava quase homicida.

— Você não vai querer me ver mais nervosa, Malfoy.

— Pelo contrário, Granger. É divertido vê-la arrancar os cabelos— Malfoy ironizou — Quanto ao barulho, pensei que das bruxas da sua idade fosse a mais inteligente.

Dito isso, ele deu um passo para trás e com uma piscadela fechou a porta.

— Argh!  —Hermione resmungou para o marfim.

. . .

Depois de um bom e velho feitiço silenciador, Hermione regressou para o seu banho somente para se lavar e sair em seguida. A vontade de passar horas em sua banheira bebericando seu vinho e lendo se esvaiu após sua breve "visita" ao novo morador. Então, ela limitou-se a ir se deitar e simplesmente desligar seus pensamentos - ou ao menos tentar. Uma tentativa vã, mas válida. Não conseguia parar de pensar no silêncio de Ronald e em como era desconfortável.

Lembrou-se de como gritaram um com o outro; de como se sentia impotente e insegura sempre que tentavam conversar a respeito de suas desavenças; de como se sentia presa àquele ciclo vicioso. Hermione suspirou e se virou de lado, encarando os prédios da vista de sua janela. Um de seus prazeres da vida era dormir com a janela aberta sempre que possível. Embora o ar fosse gélido, o cheiro de asfalto molhado era maravilhoso. Tudo brilhava daquele lado. As luzes dos postes, dos carros que passavam por ali e dos apartamentos. Londres não dormia. E ela tampouco.

03 de Novembro de 2000 (terça-feira)

Batidas rápidas e rítmicas interromperam o sono sem sonhos de Hermione naquela manhã chuvosa. Ela se levantou devagar, vestindo-se preguiçosamente para ir verificar quem era. As batidas eram insistentes.

— Já vou! — Hermione ergueu a voz, soando grogue.

Uma vez vestida - ela pegou as primeiras peças de roupa que viu, sendo uma calça de moletom marrom e sua blusa de lã preferida -, Hermione se encaminhou para a porta, girou a chave e ao abrir se assustou com Malfoy recostado ao batente com a expressão carregada de um tédio exagerado.

— Pensei que iria fazer cinquenta anos antes que você abrisse a droga da porta.

Hermione abriu a boca uma, duas, três vezes antes de conseguir proferir qualquer palavra.

— O que você quer aqui?

— Eu trouxe chá — ele respondeu retesando-se e com um aceno de sua varinha um bule apareceu detrás dele, flutuando.

Doce Acaso - Dramione Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum