Trapaças da Inconsciência

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19 de Novembro de 2000 (quinta-feira)

Ron resolveu punir Hermione com mais alguns dias de silêncio. Ela, por sua vez, resolveu que não iria procurá-lo. Era desgastante e inútil.

Estava em seu horário de almoço e caminhava despreocupadamente pelo Beco Diagonal com uma casquinha de sorvete de abóbora com mel da Florean Fortescue, rumo a Floreio e Borrões.

Seu humor passou de melancólico para genuíno assim que viu de longe a Gemialidades Weasley's de portas abertas. George mencionou durante o jantar de segunda-feira que estava pensando em reabrir a loja mas ninguém havia de fato acreditado que ele o faria. Hermione fez uma nota mental para se lembrar de passar lá antes de ir embora.

Ao adentrar a Floreio e Borrões, Hermione sentiu seus pulmões se encherem de ar com prazer quando ela respirou profundamente, absorvendo o cheiro maravilhosos de madeira e livros. Ela caminhou pelos corredores de prateleiras intermináveis, incapaz de ser rápida em seu processo, quase se arrastando pelo caminho enquanto parava para ler as lombadas com uma lambida aqui e ali em seu sorvete.

Inconscientemente, ela se viu procurando por títulos que lhe remetesse a romance. Queria uma leitura leve, despreocupada e que lhe deixasse sorrindo como boba. Queria se apaixonar mais uma vez por um personagem fictício ao ponto de se obcecar e simplesmente esquecer que seus problemas existem. Um livro de capa dura e vermelha lhe chamou a atenção e ela o pegou para ver a capa - um péssimo hábito que ela tinha era o de descartar um livro se a capa não lhe agradasse o suficiente.

O título era: "Uma Bruxa e Seus Encantos". No centro, um casal com uniformes que lembravam os de Hogwarts estava de mãos dadas e se olhavam a cada dois segundos, caindo na risada em seguida, só para repetir os movimentos. Hermione mordeu o lábio com um sorrisinho discreto.

— Carente, Granger?

Hermione deixou o livro cair com um ruído catastrófico e virou-se em um rompante, deparando-se com Malfoy recostado à prateleira oposta com um sorrisinho típico de seu personalidade. Seu coração quase saiu pela boca com o susto e a raiva à mesma proporção.

— Está me seguindo ou que? — ela rapidamente indagou, nervosa, embora soasse mais como uma acusação.

— Acha que eu não tenho nada melhor para fazer? — ele arqueou um sobrancelha.

— Honestamente? — ela devolveu, ácida.

— Claro — ele sorriu mais, inabalável — porque secretamente estou obcecado por você, essa é a sua teoria?

Hermione revirou os olhos para ele e se abaixou para pegar o livro do chão. Ao levantar, vendo-o ainda ali observando-a com ar de diversão, ela perguntou:

— O que você quer, em?

— Eu não sei, exatamente, queria ler algo diferente. Estou cansado dos livros de Auror.

— E o que eu tenho a ver com isso?

— Alguém está de mau humor de novo, interessante.

Irritada, Hermione se virou de costas para ele novamente, encarando o livro em suas mãos sem realmente ver, só esperando ouvi-lo se afastar. Mas o som de passos nunca veio.

Em vez disso, de repente o braço dele estava passando rente ao seu rosto, vindo por trás de seu corpo e por cima de seu ombro. Ele estava bem atrás dela, ela podia ouvi-lo respirar e sentir o cheiro de firewhisky, cigarro e perfume. Hermione paralisou e o mundo ao seu redor pareceu congelar por alguns segundo. Então ele pegou um livro da prateleira defronte à ela e o puxou, seu braço se afastando de sua visão logo em seguida e a sensação de sua presença atrás dela como uma sombra desaparecendo.

Doce Acaso - Dramione Where stories live. Discover now