Finite Incantatem

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Draco pressionou o rosto contra o vidro da sacada de Hermione. Dentro do apartamento dela estava escuro, sem qualquer sinal de que ela esteve ali em algum momento. Algo o incomodava, embora ela não soubesse dizer o que exatamente.

"Maldita hora em que ela resolveu começar a trancar a porta", Draco pensou.

Em seguida ele desaparatou, reaparecendo em seu quarto um segundo depois. Draco arrancou o paletó, depois arrancou a camisa de gola alta pela cabeça e deixou-a ambas as peças por cima da cama. A placa de sua corrente contra sua pele era gelada. Estava prestes a arrancar os sapatos e a calça para ir para o banho quando Theo, balançando a maçaneta, o interrompeu. Era o modo dele de dizer "sou eu".

Draco destrancou a porta com um aceno de sua varinha e Theo passou pela soleira usando uma camisa branca e um boné de baseball.

— Más notícias — Nott disparou, sem rodeios.

Draco abriu a boca para exigir que ele desembuchasse, mas as palavras não vieram quando ele percebeu que seja lá o que seu amigo viera contar, era algo sério. Então ele esperou, olhando para Nott enquanto seu coração acelerava ligeiramente.

— Eu vi o seu pai no Beco Diagonal... com a Hermione — Nott ergueu as mãos como quem se rende, se apressando com as palavras — Juro que tentei me aproximar, mas assim que ele me viu ele desaparatou com ela e eu não pude impedir. Eu procurei você, mas você não estava em lugar nenhum e...

Draco não terminou de ouvir, girou em seus calcanhares e desaparatou para a mansão de seus pais. Uma modulra de quadro rangeu debaixo de seus pés quando ele apareceu dentro do escritório destruído de Lucius.

— ONDE ELA ESTÁ?! — Draco berrou, olhando ao redor, desvairado.

Não havia som ali. Então ele saiu, empurrando a porta com violência. O corredor com suas paredes de pedra nunca lhe pareceu tão assustador como naquele momento. Pela primeira vez, desde os seus dezesseis anos, Draco sentiu medo. Aquele medo aterrador, capaz de deixá-lo de joelhos, aos prantos e paralisado. A única coisa que o motivava andar era sua obstinação em encontrar Hermione.

Draco abriu cada uma das portas em seu caminho. Então chegou às escadas, onde desceu de dois em dois degraus, derrapando ao pular do último. Foi quando ele ouviu o ruído de conversas e o tilintar de talheres. Draco correu em direção ao som e invadiu a sala de jantar em um rompante.

Seus pés paralisaram logo em seguida.

A cena que se desenrolava era a última que esperava encontrar. Sentados à mesa estavam seus pais e Hermione, cada um segurando uma xícara com o que ele identificou ser chá de gengibre devido ao cheiro. Seu olhar fixou-se em Hermione, que assim que o viu largou sua xícara, se levantou e correu para ele. Draco a recebeu em seus braços com alívio, abraçando-a e pressionando os lábios em sua testa.

— Você está bem? — ele sussurrou em sua pele, espremendo-a contra seu corpo.

Sentiu Hermione aquiescer com a cabeça e quase suspirou. Então ele a afastou para olhar em seus olhos, em seu rosto, em seu pescoço, procurando por qualquer sinal que indicasse que ela havia sido machucada. Hermione pegou o rosto de Draco em suas mãos, buscando com seus olhos os dele, que devido ao pavor, era de um azul profundo e límpido como o céu sem nuvens.

— Estou bem — Hermione reforçou.

Draco engoliu a seco e assentiu. Seus olhos vagaram para além de Hermione e pousaram sobre o seu pai, que levava a xícara à boca com uma indiferença dissimulada e irritante. Incapaz de se segurar, Draco se desvencilhou das mãos de Hermione e avançou em direção ao pai, parando do lado oposto da mesa e espalmando ambas as mãos sobre a superfície, que vibrou e assustou sua mãe, que acabou derrubando um pouco de chá.

Doce Acaso - Dramione Where stories live. Discover now