Um, Dois, Três...

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28 de Dezembro de 2000 (terça-feira)

- Só pode ser brincadeira! - Ron desdenhou, exalando.

- É só um baile, Ron! Eu também não iria se as circunstâncias...

- Mas você não vai, com ou sem mim - ele decretou, interrompendo-a.

Hermione pressionou a ponte de seu nariz com os dedos, fechou os olhos e contou mentalmente até dez. Estavam em seu escritório, Ron sentado em sua cadeira e ela em pé, próxima a ele. Antes da discussão começar Hermione estava em seu colo - pensou que assim seria mais fácil convence-lo mas Ron estava irredutível e logo, a conversa que era para ser pacífica virou uma pequena briga. E "pequenas brigas" tendiam a virar "grandes brigas".

- Isso não é negociável - Hermione disse por fim, abrindo os olhos e levando as mãos ao quadril - Além de você não mandar em mim, e espero que essa parte em específico fique bem clara, é o meu trabalho, Ronald!

Ron a encarou, perplexo por um instante. Hermione o encarava quase com a mesma perplexidade, perguntando-se em que momento ele devaneou que poderia lhe dar ordens. Esperara quase um mês para retornar a mansão de Astoria Greengrass e não iria despediçar a oportunidade de rever Demon e conseguir mais respostas.

- Então é assim? Você vai ir, mesmo que eu não aprove? - Ron se levantou, vermelho como seus cabelos.

- Você pode vir comigo - Hermione disse, impassivel.

Ele riu e não havia humor.

- Por que não?

- Ao contrário de você, eu não confraternizo com Comensais da Morte - Ron sibilou.

- EX! - Hermione enfatizou - E qual parte de que é meu trabalho você ainda não entendeu?

Suas vozes subiam um pouco mais a cada réplica. Ambos a beira de explodir. Por diversas vezes ela disse a si mesma que um dia ele iria mudar e as coisas seriam diferentes, embora nunca conseguissem chegar a um consenso. Ron era extremamente calculista sobre as brigas, sempre saindo quando chegavam ao ápice, depois a castigava com silêncio, deixando-a sentir-se culpada e por fim, voltava como se nada tivesse acontecido.

- Muito conveniente! - ele disparou com um quê de deboche em sua voz.

O olhar de Hermione caiu brevemente sobre a peônias intactas em sua mesa. Um símbolo do primeiro pedido de desculpas de Ron que ela realmente sentiu que era verdadeiro. Um símbolo de que talvez ela não estivesse errando ao depositar esperanças de que ele mudaria, afinal, ele prometeu que iria melhorar.

- Eu não quero brigar - ela cedeu em meio a um suspiro.

Sua bandeira branca não pareceu relaxar Ron. Ele ainda respirava com aspereza, seus ombros subindo e descendo, radiando sua raiva.

- Então não vai.

- Ron, eu não...

- Fez sua escolha - ele chiou passando por ela e esbarrando em seu ombro.

Recuperando o equilíbrio, Hermione olhou para trás a tempo de ve-lo bater a sua porta com violência. As janelas vibraram, um eco de sua saída. Perturbada, ela levou a mão ao ombro em que ele esbarrou - forte demais. Estava doendo, mas a dor física era irrelevante comparada a dor emocional.

. . .

Hermione apanhou sua bolsa e sua pasta com alguns relatórios que levaria para avaliar em sua casa. Apagou as luzes com um aceno de sua varinha e a guardou sob o cós de sua calça jeans escura. Quando abriu a porta se deparou com Draco com a mão erguida como se estivesse prestes a beter em sua porta.

Doce Acaso - Dramione Where stories live. Discover now