Espectadores

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— Mãe, eu imploro... — Draco murmurou, levando o indicador e o polegar até suas têmporas e pressionando-as.

— Você não está em posição de implorar absolutamente nada, Draco — Narcisa rebateu, cruzando os braços enquanto encarava seu unigênito — Você me deve uma explicação.

Draco mal colocara os pés na mansão para almoçar com seus pais como prometera, quando sua mãe o interceptou com o Profeta Diário em uma mão e gesticulando raivosamente com a que lhe sobrou. Levou alguns segundos para que ele absorvesse e compreendesse sobre o que era o assunto e porque estava levando uma bronca.

— Até onde eu sei, mamãe, eu sou maior de idade. O que significa que para o seu azar, eu não preciso me explicar.

— Eu sou sua mãe!

— Eu sei — Draco exalou e deixou a mão escorregar para abrir os braços com exasperação — Mas o que quer que diga? Está escrito aí, não está?

— Quero ouvir de você, Draco — Narcisa exigiu.

Draco suspirou e deixou as costas reta enquanto empinava o queixo, com os olhos fixos aos olhos amendoados de Narcisa, ele disse sem resquícios de duvida:

— Eu a amo, ponto. É tudo o que você precisa saber.

Narcisa sustentou o olhar de seu menino. Seus olhos demonstravam incerteza, não em relação aos sentimentos de Draco - esses estavam extremamente às claras -, mas em relação aos seus próprios sentimentos a respeito do que ouviu. Um segundo depois, sua mãe o puxou para o seus braços e o abraçou.

— Você esperou tanto por ela, não é mesmo? — Narcisa murmurou, apoiando o queixo em seu ombro.

Draco, pego de surpresa, estava com os braços pendendo frouxamente ao lado de seu corpo, sem saber ao certo como reagir. Esperava qualquer reação de sua mãe, menos aquela. Três palavras piscaram em seus pensamentos: "como ela sabe?". Ele deu eco a sua dúvida:

— Como você...?

— Aquele dia em que ela esteve aqui, com Potter... — Narcisa hesitou e instantes depois abaixando um pouco a voz ela prosseguiu: — Eu vi a dor em seus olhos, meu amor. Eu vi que a amava.

Draco se afastou alguns centímetros para olhar para sua mãe. Havia um leve sorriso em seus lábios carmesim, doce e cheio de compreensão maternal. Ele não conseguiu achar a sua voz.

— Não se preocupe com o seu pai — Narcisa disse quando viu que ele não diria nada — Ele não vai mais interferir.

Draco engoliu a seco, buscando desesperadamente algo que pudesse dizer. Ainda aéreo,  ele só conseguiu pensar em uma coisa:

— Obrigado.

Não que ele pudesse ser convencido de que seu pai não tentaria absolutamente nada. O agradecimento era pela compreensão e acolhimento inesperado que recebera de sua mãe. Somente.

. . .


O escritório de Lucius Malfoy estava parcialmente escuro. Ainda que seus olhos não pudessem ver o caos, Draco sabia que estava lá desde o último surto de seu pai, quando Hermione esteve ali, a poucos metros de sua loucura.

Os seus pés vacilaram ao dar o primeiro passo para dentro quando ele pisou em alguma coisa. Provavelmente um tinteiro. O ar ondulava com a magia negra, como a poeira que é vislumbrada em um feixe de luz. Draco puxou sua varinha do paletó escuro e com um maneio de mão, murmurou:

— Lumus!

Draco piscou contra a luz repentina. Objetos quebrados e livros, jazia ao chão. A mesa de madeira estava quebrada ao meio e havia marcas de chamuscado sobre a superfície. A cadeira que seu pai ocupou por anos e depois dele, Voldemort, estava carbonizada, com as bordas - que outrora eram filetes de ouro branco - derretidas.

Doce Acaso - Dramione Where stories live. Discover now