Nunca Aconteceu

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— Você vem? — Draco perguntou, entrando no quarto.

Hermione o olhou e hesitante, o acompanhou para dentro. Draco empurrou a porta com o pé e encarou Hermione, que observava o quarto distraída. Era enervante estar em um quarto, sozinha, com Draco Malfoy. Mas era ainda mais não saber quais eram as intenções de Astoria Greengrass ao lhes contar um mentira.

— Você ouviu o que ele disse?

— Obviamente.

— Por que Astoria mentiria sobre o anel? Qual o intuito? — Hermione questionava — Não faz... sentido.

Draco ergueu a mão para encarar suas unhas, como se o assunto não lhe despertasse interesse.

— Você a conhece melhor do que eu; acha que ela fez de propósito ou que realmente se enganou?

— Nós nunca conversamos sobre o elfo, ou qualquer assunto meramente semelhante, Granger.

Hermione suspirou, sentindo-se frustrada. Não saber era desesperador para alguém como ela, com um cérebro como o dela, que quase como se a quisesse irritar não conseguia dar a ela uma resposta coesa.

— Esquece isso, sabemos que Demon é livre — Draco apontou, olhando-a — Acho que não há mais o que investigar.

Ela o encarou. Partindo deste princípio a investigação estava encerrada. Não havia sinais de maus tratos e aparentemente Demon quem escolhia seus horários, condições e até mesmo seus teapos. Mesmo que as histórias não se encaixavam, Demon era livre. Fato. Isso por si só era o suficiente para encerrassem o relatório e também... sua amizade distorcida.

— Considere o vestido como a minha oferta de liberdade e por favor, não o devolva.

Ela não sabia o que dizer, algo pesou em seu estômago.

— Não precisamos mais ser amigos — ela deu voz aos seus pensamentos.

— Não, não precisamos — ele respondeu calmamente e em passos lentos, caminhou em direção à ela.

Malfoy se aproximou e quando ela pensou que ele iria parar, ele continuou avançando. Instintivamente ela deu alguns passos para trás e colidiu com as costas em uma das colunas do dossel da cama. Hermione comprimiu os lábios para não gemer de dor e levou uma de suas mãos a coluna de madeira, segurando-se. Malfoy parou a uma respiração de distância e ela prendeu a sua própria. Então ele ergueu a mão direita e capturou o pingente em seus dedos, vendo-o preto novamente. Seus dedos roçaram em sua pele, deixando um rastro quente que enviou um arrepio por sua coluna.

— Você não gostou disso... — ele observou e erguendo o olhar para ela esclareceu — de não precisarmos mais ser amigos.

— N-não — ela se ouviu admitindo em voz baixa e prontamente colocou a culpa em sua embriaguez.

Ele contraiu a mandíbula e aquiesceu uma vez com a cabeça. Seus olhos prateados com resquícios de azul perfuravam os dela, sua expressão era ilegível e sua postura dura como mármore. Ele largou o pingente, que assumiu a cor verde assim que ele o liberou. Malfoy inclinou a cabeça de lado, seu pomo de adão subiu e desceu, e Hermione corou sob seu olhar. Pareceu durar uma vida quando ele - finalmente - deixou seus olhos desviarem para além dela. O coração de Hermione errou uma pulsação, aliviado de poder pulsar normalmente. Já as borboletas em seu estômago eram incapazes de refrear suas asas cruéis.

— Precisamos voltar — ele disse abruptamente.

Hermione piscou.

Sem mais palavras ele se virou e retornou para a porta, abrindo-a e mantenado-a aberta para ela. Hermione olhou para Draco ao passar por ele e sair para o corredor, inquieta. Por um segundo pensou que ele iria beijá-la e por um segundo, para a sua surpresa e negação, ela se decepcionou quando ele não o fez.

Doce Acaso - Dramione Onde histórias criam vida. Descubra agora