A Terra do Nunca

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"Não é nada sério"

Hermione repetia as mesmas palavras que dissera a Harry para si mesma enquanto caminhava pelas ruas de Londres, rumo ao Ministério da Magia.

"Não é nada sério"

Certo? Draco podia dormir com quem quisesse e ela também. Não eram namorados. Então porque parecia extremamente errado que ele - supostamente - havia transado com Pansy Parkinson depois de tê-la levado ao melhor encontro de sua vida?

Cada vez que repassava a cena em sua cabeça ela sentia-se enjoada e ligeiramente insegura; enjoada porque Pansy simplesmente era deplorável e insegura porque levantou dúvidas acerca das intenções de Draco para com ela. E Draco, bem, ela gostava dele. Gostava mais do que gostaria de admitir e a hipótese de ser apenas mais uma conquista de Draco Malfoy era opressora.

Por um segundo, ela se preocupou sobre sua primeira vez com Draco. Perguntando-se se havia se precipitado, ou interpretado errado os seus sentimentos e os dele também, mesmo que ele os tivesse verbalizado. Se cedeu fácil demais, rápido demais. Ainda que o conhecesse há anos - e a versão que conhecera durante todos esses anos havia sido a pior dele - fazia apenas dois meses desde que Harry os colocou sob a mesma missão.

Chegou a conclusão de que sim, havia se precipitado. Como sempre, quando se tratava dele, a lógica lhe dera um tchauzinho e um pé na bunda, deixando-a completamente a mercê do charme de Draco Malfoy.

Ela mal viu os bruxos por quem passava ao chegar ao Ministério, murmurando um "bom dia" aqui e ali, quando alguém lhe dirigia as duas palavras primeiro. Adentrou o elevador absorta em seus pensamentos. As portas estavam para se fechar quando alguém colocou o braço, impedindo. Hermione ergueu os olhos e deparou-se com ninguém menos do que o seu próprio "indesejável número um" - pelo menos naquele momento.

Draco adentrou o elevador com os olhos sobre ela e um sorriso encantador em seus lábios.

— Eu lhe daria um beijo agora, Granger, mas o Weasel pode ver e vou ser obrigado a socar a cara dele de novo — Draco zombou, recostando-se ao lado dela.

Hermione engoliu a seco e nervosamente, desviou os olhos para o chão. O elevador começou a se mover para o lado.

— Está tudo bem?

Ela podia sentir o olhar dele queimando a sua bochecha, mas não podia olhá-lo. "Como assim 'está tudo bem?', como você  consegue agir comigo como se não tivesse agido como um babaca?", era o que ela queria responder. Hermione também pensou em colocá-lo contra a parede e exigir uma explicação mas as palavras "não é nada sério" reverberavam em sua cabeça. Por isso, ela limitou-se a aquiescer com a cabeça.

— Você é uma péssima mentirosa, Granger — Draco disse, e pela sua voz ela soube que o sorriso desaparecera.

O elevador mudou para cima, subindo, e com o solavanco repentino ela acabou cambaleando, colidindo o ombro com o ombro de Draco, que a segurou. Sem querer, ela olhou para ele, sentindo sua palma queimar em seu braço e a raiva queimar em seu âmago.

— Pode me contar qualquer coisa. Sabe disso, não sabe? — ele insistiu.

Hermione se retesou e desvencilhou o braço de sua mão,  incapaz de conter a raiva e humilhação crescente por ele simplesmente agir normalmente.

— Estou bem, obrigada — ela respondeu, seca e rispidamente.

— Não é o que parece — Draco replicou, sondando-a com seus olhos cinzas.

O elevador parou em seu departamento e Hermione quase suspirou de alívio. Ela segurou sua bolsa com mais firmeza e se encaminhou para sair, ainda sob a vigília obstinada de Draco. Antes de sair, porém, ela parou alguns passos à frente e por sobre o ombro, enfatizou:

Doce Acaso - Dramione Where stories live. Discover now