CAPÍTULO QUATORZE

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Babe Promphaopun

Uma olhada no rosto de Charlie me disse que ele se retirara para pensamentos pesados, e não era preciso ser um gênio para descobrir o que poderiam ser. Dúvida. Dor. Provavelmente se perguntando se ele ainda tinha seu lugar no NAFTA ou se ele tinha se ferrado.

Deus, eu não queria vir aqui e ver as consequências do que aconteceu, mas agora eu estava feliz por Alan ter me arrastado para o hospital. Eu pensava que ver Charlie deitado na cama do hospital me mandaria em espiral para um lugar escuro do qual eu não voltaria, mas agora que eu estava ali olhando para ele, percebi que era o contrário.

Charlie parecia acabado, sem dúvida, mas vê-lo acordado significava que ele estava vivo, e esse resultado era um milhão de vezes melhor do que o que aconteceu com meu irmão. É claro que eu não queria que Charlie soubesse o quanto estava em pânico; então, antes de entrar no quarto, suprimi minhas emoções, determinado a manter as coisas leves como sempre. Quando se tratava de lidar com coisas difíceis, eu me fechava ou fazia uma piada. Eu já havia passado dois dias olhando para a parede, então era hora de passar para a fase dois.

— Então — eu disse, inclinando-me para apoiar as mãos no corrimão da cama. — Quando poderemos voar com você? Ou você acha o bolo de carne e a gelatina apetitosos demais para sair?

Isso fez com que Charlie abrisse um sorriso.

— Ainda não tive o prazer de saborear o bolo de carne.

— Você vai, esta tarde — disse a enfermeira, enquanto empurrava um carrinho para dentro do quarto e parava ao lado da cama de Charlie. — Se você conseguir permanecer estável, parece que poderá voltar para casa amanhã.

— Inferno, sim, você ouviu isso? — disse Kim. — Você estará voando novamente em pouco tempo.

A enfermeira virou a cabeça e prendeu Kim com um olhar severo.

— Seria bom garantir que seu amigo não se esforce demais. Seu corpo precisa de tempo para curar. — ela passou um termômetro na testa de Charlie, e eu me vi olhando para a tela do computador para verificar seus sinais vitais. Tudo dentro do normal.

— Talvez devêssemos ir. — disse Alan a Kim. — Tomar uma bebida ou algo assim enquanto seu amigo é checado.

— Seria uma boa idéia. — disse a enfermeira, enquanto clicava no teclado.

— Certo... sim, tudo bem. Eu voltarei. — Kim deu a Charlie um olhar que dizia: Boa sorte com sua enfermeira chata, e quando Alan o seguiu, ele me deu uma piscadela.

Sozinhos de novo. Bem... quase.

— Então, hum, você disse que ele poderá ir para casa amanhã?

Quando a enfermeira olhou na minha direção, ofereci meu sorriso mais encantador e, como você deve saber, ela o devolveu.

— Parece que sim. Seu... amigo — ela olhou entre nós, e quando nenhum de nós a corrigiu, ela sorriu. — Está indo muito bem, considerando o que ele passou. — Quando voltou a digitar em seu computador, perguntou: — Você cuidará dele?

Meus olhos voaram para Charlie, e exatamente quando ele estava prestes a abrir a boca e provavelmente dizer a ela de jeito nenhum, fiz o que fazia de melhor. Eu tomei a frente e tirei vantagem da mão que acabaram de distribuir para mim.

— Sim, esse é o plano. Nossos quartos ficam ao lado um do outro no quartel, e achei que seria a opção mais inteligente.

A enfermeira assentiu e olhou para Charlie.

— Isso soa certo para você?

Eu olhei para Charlie, imaginando se ele tentaria me contradizer. Mas quando tudo o que ele fez foi assentir, eu sorri.

CLASSIFIED || CHARLIE & BABE [PITBABE]Where stories live. Discover now