CAPÍTULO DEZESSEIS

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Babe Promphaopun

A cor voltou ao rosto de Charlie quanto mais ele bebia, então, com um suspiro de alívio, eu me recostei e lhe dei um pouco de espaço.

Eu tinha dito algo para desencadear um ataque de pânico? Pareceu acontecer do nada. Talvez tenha sido um erro pressioná-lo para sair, mesmo que fosse apenas um passeio.

Charlie colocou a bebida entre as pernas e recostou-se no encosto de cabeça, fechando os olhos enquanto a respiração parecia voltar ao normal.

— Se isso for demais, eu posso te levar de volta...

— Não, não, isso é bom. — ele abriu os olhos. — Eu estou bem, prometo.

— Está bem. Quer falar sobre isso?

— Na verdade não, mas eu sei que você não vai calar a boca até eu dizer.

Eu ri quando enfiei minhas chaves no bolso e depois me contorci no meu assento para encará-lo.

— Fico feliz em ver que você está finalmente entendendo.

— Entendi no primeiro dia em que te conheci. Você é implacável.

— Mas funcionou, não foi?

— Acho que sim. — ele desviou o olhar de mim para onde estávamos estacionados no topo do Black Rock Cliffs, o local perfeito para assistir as ondas batendo nas grandes formações rochosas abaixo. Mas os olhos de Charlie não estavam na praia - estavam no céu. — Sonhei com isso ontem à noite. O acidente. Desde que acordei, realmente não deixei entrar, sabe? Eu sei o que aconteceu, eu me lembro da maior parte, mas não me permiti sentir. Faz sentido?

— Sim.

— Só que não me saí tão bem no sonho. Eu senti como se fosse morrer. — ele esfregou a testa e fechou os olhos, como se estivesse tentando também apagar as memórias. — Eu tinha medo. Senti medo pela primeira vez e... isso não pode acontecer. Não posso me distrair lá em cima. Não posso ter um maldito ataque de pânico a quinze mil pés, Babe. Se eu hesitar, posso muito bem desistir agora.

— Não vai tão longe...

— Como é que você sabe? Eu apenas surtei do nada. E se eu entrar no avião e tudo voltar? E se eu congelar?

— Isso é um monte de "e se".

Charlie bufou.

— Você me conhece. Sempre preparado.

— Ei. — peguei sua mão e puxei-a na minha coxa. — Não pense demais. Sim, você passou por algo de merda, mas isso poderia acontecer com qualquer um de nós. Você saiu dessa porra ileso, pelo menos fisicamente, então só precisamos que sua mente se recupere.

— Mas e se...

— Não. Não há mais e se's. Você é um dos melhores pilotos de caça do mundo. Do mundo, Charlie. Você é bom demais e trabalhou demais para se acovardar agora.

Charlie recuou, os olhos arregalados.

— Perdão?

— Você me ouviu. Hesitação é para covardes. Medo? É a mesma coisa. E confie em mim, eu estive no céu e na cama com você, e você não é um covarde de merda.

Charlie riu e tentou afastar sua mão, mas eu segurei firme. Toda a dúvida que passava por sua cabeça precisava sair, e se ele precisasse de um puxão de orelha meu, ele o conseguiria.

— Você vai superar isso. — eu disse. —Pode não parecer agora, mas você vai.

— Como?

— Você apenas... continua. Você não desiste, você tenta mais. Você luta por isso. Você não vai esquecer, mas talvez ter passado por isso fará de você um piloto melhor.

CLASSIFIED || CHARLIE & BABE [PITBABE]Where stories live. Discover now