Capítulo Nove.

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Maju narrando:

Descansava minha cabeça no peito desnudo de Luan, ele fazia carinho em meus cabelos delicadamente. Nossos corpos ainda estavam sincronizados e parece que estava voltando ao tempo que fazíamos isso antes de pegar no sono.

Sentia seu cheiro misturado com o cheiro pós-sexo que me deixava inebriada, meu corpo tremia ao sentir suas mãos acariciando minhas costas nuas.

Estava por cima dele, sentia o calor do seu corpo colado ao meu e todo aquele conforto me acomodando em seus fortes braços, tinha coisas pra falar mas ainda estavam presas em minha garganta, eu apenas aproveitava o momento.

Ainda estava incrédula que Luan estava de volta, não conseguia acreditar, mesmo após transarmos como nunca e chegarmos ao clímax quase quatro vezes.

Sei que nós dois tínhamos muito que conversar, mas eu precisava matar a minha saudade, ou pelo menos um pouco dela. E agora estávamos igual aos velhos tempos, trocando carícias coladinhos na cama após fazer um sexo quente, e tenho que admitir que realmente Luan estava cheio de tesão e prazer e eu principalmente, eu estava vermelha e as costas de Luan arranhadas.

Mas ainda assim sentia que ainda não havia depositado toda minha saudade, Luan estava um pouco cansado e bocejava enquanto acariciava meus cabelos.

O medo ainda estava dentro de mim, eu estava com tanto medo. Eu tinha medo dele me deixar de novo, tinha medo dele escapar pelos meus dedos, tinha medo de nunca mais poder sentir ele.

─ Me conta como foi esses três anos... ─ ele quebrou o silêncio.

Eu suspirei puxando o cobertor e abrindo minhas pálpebras devagar, queria conferir a todo instante se era real mesmo.

─ Tem muita coisa pra ser contada.

─ Eu tenho muito tempo pra escutar, amor.

Fazia tanto tempo que não era chamada assim, e parece que ainda soava exatamente igual antes. Eu respirei fundo formulando um resumo em minha cabeça de todos os três anos, em seguida contei tudo pra Luan que escutou atento cada detalhe, contei sobre os aniversários simples da Lua, dos primeiros passos, as primeiras palavras, contei que RL tinha deixado o crime, que os militares eram um filhos da mãe... Eu não contei sobre Gabriel, mas disse o quanto ele havia ficado ausente quando mais precisava, deixei o assunto das drogas de lado, deixaria que Gabriel mesmo confessasse à Luan.

Terminei de contar o resumo dos três anos com um suspiro.

─ Perdi muita coisa ─ ele bocejou. ─ E me arrependo todos os dias por isso.

─ Lua sempre perguntou por você, eu dizia que você estava viajando e que logo estaria de volta, muitas vezes menti pra ela com o choro preso na garganta.

Luan me abraçou forte pressionando nossos corpos e suspirou, sentia seu coração acelerado.

─ Me desculpa por tudo, mas eu precisava de um tempo pra pensar, eu precisava decidir algumas coisas e tentar viver longe do tráfico...

─ Luan, você não sabe como foi difícil, principalmente quando entrei naquela sala de parto sozinha, e você não cumpriu sua promessa de ficar do meu lado... ─ ele me interrompeu.

─ Tu não tava sozinha, eu não podia entrar, mas vi quando nossa filha veio ao mundo e pela primeira vez depois de anos eu chorei, eu vi o quanto eu amava vocês duas e que era capaz de tudo por vocês, até mesmo em me entregar pra polícia, só pra minha filha não crescer vendo um pai traficante, assim como eu cresci. Eu vi tudo Maju, vi seu rosto banhado de suor, suas lágrimas, sua preocupação, vi nossa filha ainda toda suja chorando com agitação, e sorri pensando que até no meio da guerra era possível ser feliz ─ ele disse rouco e me calei, absorvia aquelas palavras dele com meu rosto ardendo, meu coração estava descontrolado.

Apenas um Traficante IIWhere stories live. Discover now