Capítulo Trinta e Seis.

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Maju narrando:

Escuto o disparo assim que viro de costas... Meu coração para por um momento e um susto me alcança, não consigo respirar, não consigo piscar, não consigo simplesmente fazer nada, por um momento eu morro.

─ Não confio em ti! ─ ouço a voz de DR arrastada. ─ Nunca confiei.

Me viro por impulso e vejo Douglas no chão sangrando, olho pra Luan que estava ainda de joelhos mas que logo se levantou, ele me olhou e em seguida olhou pra DG que havia sido atingido no tórax e que agonizava no próprio sangue se afogando.

Mas de repente ouvimos outro disparo mas não veio em direção de mim ou Luan, mas sim de DR.

Era os meninos que surgiam com suas armas em nossa direção.

─ Não! Não! Não é pra atirar em ninguém aqui nesse caralho! ─ Luan disse fazendo movimentos pra cima com as mãos e correndo até DR que estava no chão, ele havia sido atingido bem na barriga. ─ Ei, ei, me olha firme, tu vai ficar bem porque não vou deixar tu morrer!

─ Por quê? ─ DR pergunta com a voz já falhada. ─ Te fiz tanto mal, não tem motivos pra me deixar vivo, além de ser um demônio pra várias pessoas no Alemão.

Observo Luan segurar no rosto do irmão soltando um suspiro.

─ Porque tu é meu irmão e nenhum irmão meu morre, não na minha presença, tu pode ter me feito mal mas eu te perdoou, tu não tem culpa assim como eu, desculpa por tudo e obrigada por poupar a minha vida e da minha mulher.

─ Eu nunca mataria... mataria tu ou a Maju... nunca... eu vi inocência... ─ ele diz tossindo sangue e Luan sorri, também abro um sorriso. Olho pro lado e vejo DG tentando se arrastar e quase pegando a arma dele e solto um grito pra Luan que me olha atônito, aponto pra direção de Douglas e Luan dá um pulo correndo até ele e pegando a arma do chão.

─ Olha pra lá, Maju ─ ele pede e o obedeço olhando pro outro lado. ─ Isso é por tudo que tu tirou de mim, de todos os que amava, da minha família, morre agora no inferno e queima lá seu desgraçado, filho da puta!

Ouço mais um disparo e me assusto outra vez mas dessa vez não me viro, não queria ter aquela cena marcada em minha mente. Ouço um assobio que foi dado com certeza por Luan e dessa vez corro até DR que já estava desmaiado.

─ Luan, ele não tá respirando...

─ Caralho, vem aqui! Meu irmão tá morrendo! ─ Luan grita pros moleques que vem correndo até onde nós estávamos.

─ Você vai ficar bem DR, vai sim... ─ digo baixinho pra DR que já respirava fraco.

─ Chefe ele é Alemão, é inimigo ─ diz um dos vapor que chega suando até onde estávamos.

─ Ele é meu irmão, diz logo pra trazerem a merda do carro! ─ ele diz alto e o moleque pega o rádio ligando pra alguém. ─ Maju, tudo bem contigo? Tá machucada? Os bebês tão bem? ─ ele pergunta me analisando e só consigo abraçar ele com força.

─ Pensei que ia te perder, amor ─ digo com meus olhos cobertos de lágrimas.

─ Nunca, eu não costumo quebrar minhas promessas e eu prometi que nunca ia te abandonar, nunca mais, já foi uma vez e segunda vez não aconteceria nunca ─ ele diz selando meus lábios. ─ Tudo bem mesmo? Não quer ir no hospital? E esse ralado no seu joelho? Precisa de curativo!

Olho pros meus joelhos, um deles tinha um pequeno ralado que nem sangue aparecia, só estava vermelho. Rolo meus olhos e o abraço mais uma vez, fecho meus olhos e sinto aquele abraço, temia tanto não poder senti-lo mais, não sentir mais o calor do corpo dele no meu.

─ Vamos pra casa, os moleques vão levar DR pro hospital aqui da favela e ele vai ficar bem, agora vamos porque você precisa descansar e esses bebês também, tudo acabou amor, tudo tá bem agora, estamos em paz...

Eu apenas assinto e volto a abraçar Luan, tentava me acalmar o máximo possível.

Depois de um tempo fomos pra casa, Luan estava pensativo demais, sempre me olhava e perguntava se estava bem e se estava sentindo alguma dor e minha resposta sempre era negativa. Acho que ele tinha medo por conta do susto que havia pegado.

Quando chegamos em casa fomos recebidos por duas criaturas que choravam, nossos filhos correram pro nossos braços chorando e soluçando, Lua estava toda vermelha, os olhos avermelhados e transbordando lágrimas, dava até dó de ver ela chorando tanto. Acomodei ela em meus braços e abracei ela com força.

─ Está tudo bem filha, não chora, o papai tá bem e a mamãe também ─ eu digo tentando acalmar ela e era quase impossível.

─ E minhas irmãzinhas? ─ ela perguntou com a voz totalmente meiga e soluçando ainda.

─ Todos nós estamos bem, os seus irmãos estão aqui seguros ─ digo colocando a mão dela sobre minha barriga, ela abre um sorriso e abraça minha barriga beijando a mesma. Lua era um ser que mimava muito esses irmãos dela, todo dia minha barriga recebia vários beijos dela.

─ Mamãe tá tudo bem? ─ Kayke chegou me indagando com um ar de preocupação. Meu coração parecia crescer dentro de mim só com aquelas duas criaturas mais lindas da minha vida. Luan me olha com um olhar receoso pela minha resposta pra ele mas simplesmente o abracei.

─ Tudo bem sim, filho ─ digo o abraçando e passando minha maternidade pro mesmo.

Logo chega Julieta e Gabriel na sala.

─ Miga, sua louca ─ Gabriel chega assustado. ─ Fiquei preocupado com vocês.

─ Tá tudo bem, titio ─ Lua sorri.

─ E com meus sobrinhos, digo todos, tanto os fora da barriga da mamãe rainha como os que ainda estão dentro? ─ ele se aproxima junto de Julieta.

─ Todos bem ─ Luan assegura. ─ Preciso conversar contigo depois, Gabriel.

─ Sobre? Se for pra dizer que sou lindo não é preciso, eu já sei ─ ele diz piscando e mandando beijo, as crianças riem e eu também.

─ É coisa séria...

─ Tá bom, chuchuzinho lindo.

Gabriel puxa Julieta e os dois se juntam em nosso abraço enorme de família, parecia que enfim estávamos em paz. Eu estava completa e nunca havia me sentido tão ótima como me sentia. Tudo finalmente estava bem, Douglas estava morto, DR e Luan pareciam estar acertados, não sei porque mas algo dentro de mim dizia que tudo ficaria bem agora. Tudo estava bem... Agora sim.

Apenas um Traficante IIWhere stories live. Discover now