Capítulo Trinta.

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Laura narrando:

Meus olhos transbordam lágrimas, andava de um lado pro outro pisando fundo, não tinha mais ninguém, era só eu e aquele bebê. Lívia havia sido levada por DR e só de pensar que ele estava na Rocinha já me subia um frio, um tremor, era como se eu quisesse dizer várias coisas e ao mesmo tempo nada.

Estava preocupada, por que Lívia tinha que abrir a boca dela?!

Me encosto na parede da sala e deslizo pela mesma, me encontro com o chão e choro todas minhas lágrimas.

Sentia falta do Alemão, sentia falta dele mesmo ele sendo um ordinário e ignorante e sentia mais ainda ao saber que esse bebê que carrego é dele. Eu nunca tinha transado com nenhum homem sem ser dele. Tinha medo do que DR podia fazer caso descobrisse essa gravidez, ou ele me espancaria até eu perder esse bebê ou me faria de alguma forma perder esse bebê e eu não queria isso, tirando minha mãe aquele bebê era tudo o que eu tinha.

Não iria conseguir sobreviver numa situação dessas, eu tinha muito medo, só estava viva porque esse bebê está dentro de mim e precisa que eu sobreviva.

De repente meu celular toca, pego o mesmo rápido esperando ser Lívia ou alguém que me ajude de alguma forma mas encaro o número privado com desdém.

─ Alô? ─ levo o celular até a orelha e fungo.

─ Camile... ─ escuto a voz grossa sussurrando meu nome baixinho e logo me arrepio.

─ O que você quer? Onde está a Lívia? O que você fez com ela, desgraçado?

─ Camile, eu quero que tu vaze daí agora!

─ DR, me responde! ─ grito.

─ Tô surdo não caralho ─ diz alterando a voz. ─ A vadia da sua amiga tá de boa mas eu quero que tu deixei tuas coisas aí e saia desse morro do inferno agora!

─ Não vou, você que me colocou nessa, se esqueceu daquele dia? Primeiro você me bateu, depois machucou minha mãe e mesmo eu chorando e implorando pra não vim você me obrigou!

─ Olha, eu tava drogado naquele dia, tu sabe bem ─ ele diz baixo. ─ Tua vida tá em jogo merda, larga de ser teimosa e me obedece, porra!

─ Vou ficar por aqui mesmo, ainda não terminei de fazer meu trabalho, senhor ─ digo com deboche.

─ CARALHO ME ESCUTA ─ ele grita. ─ Saí desse morro agora, vai ter guerra, vai ter sangue e não quero a tua vida em perigo, se tu não tiver no Alemão até amanhã eu juro que te mato.

─ Darlysson... ─ eu começo a chorar. ─ Eu não aguento mais, eu vou pro Alemão e tudo vai voltar a ser como antes? Eu vou voltar à me humilhar? Vou voltar a apanhar de você? Vou ver as pessoas que amo sofrendo?

─ Não vai, Camile ─ ele diz suspirando. ─ As coisas mudaram desde quando Lívia me contou que tu tá grávida.

Engulo o seco, meus olhos se arregalam e paro de respirar um instante.

─ Pois é, fiquei sabendo dessa fita, eu te quero aqui amanhã, ok?

─ Agora mesmo que não vou... ─ sussurro. ─ Você vai tirar ele de mim, vai sim, eu não quero tirar esse bebê, mesmo sendo filho seu que é um monstro em ser humano, eu amo essa criatura, DR.

A linha fica em silêncio por alguns segundos.

Amanhã aqui, se não quiser que eu vá atrás de ti e te queime viva.

Jogo o celular do meu lado, as lágrimas já estão secas, tento por tudo chorar mas não consigo. Eu estava perdida, Lívia tinha que ser essa bocuda mesmo?! Não podia voltar pro Alemão, não podia colocar minha vida numa merda literalmente. Eu amava Darlysson mas ele era difícil demais, era uma pessoa seca e que terminaria sozinho. DR havia feito feridas em mim que jamais iriam se cicatrizar.

Tomo um banho depois de um tempo pra tirar aquela cara de choro do meu semblante e como algo pra completar meu estômago que estava completamente vazio. Me sento no sofá e ligo a televisão mesmo não prestando atenção na programação, minha mente estava longe.

Alguém bate na porta e vou atender, abro a porta sem pensar e dou de cara com Canela que carregava uma imensa pistola.

─ Oi ─ digo sem ânimo.

─ Oi, Camile ─ ele diz sorrindo com malícia. ─ Tá sozinha?

─ É.

Canela olhou pros lados e me lançou um sorriso me empurrando e me fazendo cair de bunda no chão, naquele momento todo meu corpo estremeceu, será que ele havia descoberto sobre mim? Mas ele não era louco de fazer algo contra mim sem Luan, eu sabia que Luan não gostava de nenhum tipo de violência desse modo no morro dele e Canela trabalhava pra Luan.

─ O que você quer? ─ pergunto com medo e me afastando do mesmo.

Canela tira a pistola e deixa ela sobre o sofá vindo caminhando até mim. Ele segura em meu braço com força e tento correr mas não consigo, sinto as mãos dele puxando meu cabelo com força e me fazendo gritar.

─ Tu é a vadia de DR né? ─ ele indaga gritando e gesticulo minha cabeça. ─ Então temos uma informante aqui, é isso mesmo?

─ Eu nunca dei informação daqui pra DR, Canela ─ digo engolindo seco e sentindo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. ─ Eu jamais faria isso.

─ Luan vai adorar te ter nas mãos dele ─ disse colocando a mão em meus seios e descendo até minha barriga. ─ Uma x9 é sempre bom, ele vai te cortar pedacinho por pedacinho e mandar pro DR.

─ Não faz nada comigo, por favor ─ peço chorando baixo. ─ Eu tô grávida.

Canela arregala os olhos e me encara com espanto.

─ Grávida? Grávida de quem? ─ tenho certeza que ele sabe bem de quem.

Mordo meus lábios e olho pro lado com o coração batendo forte.

─ Parece que as coisas estão melhores do que imaginei, então tu tá esperando um merdinha jr? Isso é ótimo Camile, meus chefes irão adorar saber disso, principalmente Douglas.

Só em um movimento ele me puxa do chão ainda me segurando forte e bate em meu rosto causando um estralo.

─ Tu é uma vadia mesmo! Quer dizer que DR está esperando um herdeiro? ─ ele sorri enquanto permaneço calada e séria, meu rosto arde e as lágrimas temem cair. ─ Vou te levar pro Luan, lá ele decide o que fazer ou não contigo, mas de qualquer jeito se ele te liberar eu te faço uma visitinha de noite e a gente resolve esse caso dessa peste que tu carrega.

Viro meu rosto e deixo as lágrimas caírem, meu mundo simplesmente desaba, como queria Darlysson aqui agora e como queria uma porta com uma saída. Eu era uma otária, eu não devia ter abrido o bico! Agora minha vida estava por um fio e sabia que iria morrer, ninguém perdoa x9.

Só queria fazer tudo diferente, só queria Lívia aqui ou minha mãe.

Me desculpa, filho, me desculpa por te fazer passar por isso.

Apenas um Traficante IIWhere stories live. Discover now