Capítulo Quinze.

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Lívia narrando:

Já se passaram três anos na qual Luan foi preso. Claro que quando soube da notícia só faltei gritar, quase entrei em depressão, pra falar a verdade, todos aqui na favela ficaram.

Também fiquei nervosa em relação da segurança, estava com medo do Darlysson ou PR me acharem aqui e matarem meu filho, mas felizmente eles nunca ousaram pisar os pés aqui, só que isso não quer dizer que as ameaças da parte deles pararam. Recebia várias ligações de número confidencial, várias mensagens e tudo deles dizendo que iam me esfolar, me degolar e me queimar, porque eu era uma traidora e só merecia isso. Quando recebia isso meu coração ficava acelerado e o medo reinava em mim, eu sabia muito bem que meu primo era capaz disso tudo, eu já vi ele fazendo coisas bem piores que isso.

Graças à Deus eles nunca cumpriram o que falavam, nunca pisaram aqui, não sei se era por conta dos militares ou coisa do tipo, mas sabia que eu nunca havia me encontrado em paz após Luan ser preso.

Já tentei visitar Luan diversas vezes na prisão, também tentei levar nosso filho, mas ele recusava toda visita, e isso me doía tanto o coração e principalmente o do Kayke que é louco pelo pai. A favela perdeu o brilho, nunca mais teve festas e nem nada porque os militares não deixavam e também porque todos estavam desanimados e sem paz.

Eu amava Luan incondicionalmente e fazia o possível para viver com ele atrás das grades.

Estava sentada na porta conversando com Beatriz e mais duas meninas lá, Kayke estava na escolinha e já que hoje eu estava de folga do trabalho aproveitei pra ficar jogando conversa fora e tentar tirar Luan do meu pensamento por um minuto.

─ Vocês não estão estranhando esse movimento? ─ Beatriz indagou olhando pra rua. Toda hora os bandidos desciam e subiam em passos rápidos, realmente estava estranho.

─ O que será que tá acontecendo? ─ perguntei me inclinando e olhando alguns vapores que vinham em nossas direções.

De repente saiu do beco quatro homens, reconheci Neguinho e RL, eles estavam armados e com camisas tampando o rosto. O quarto homem não era estranho, ele tinha algo familiar só de olhar o corpo, mas não sabia exatamente quem era.

─ Vão entrando, todo mundo pra dentro que nós vai meter bala é agora ─ Neguinho deu uma corrida dizendo baixo e meu coração acelerou, todas nós tratamos de se levantar nervosas. Como assim meter bala nos policias, onde eles estão com a cabeça?!

Olhei pro quarto homem que se aproximava e fixei meu olhar nas tatuagens, a barriga definida e os braços fortes, naquele momento meu coração saltitou e todo meu corpo se arrepiou. Dei um pulo arregalando os olhos.

─ Luan?! ─ perguntei baixinho e o mesmo pegou na alça da fuzil atravessando nas costas e tirou a camisa do rosto rápido. Os olhos dele me analisaram dos pés à cabeça, ainda tinham aquele brilho, meu Deus! Não acreditava que era ele, era só alucinação minha ou era verdade? Sentia meus olhos marejados, ainda olhava pra ele assustada e com a mão sobre a boca.

A mão forte dele pegou em meu braço me tirando do transe e senti seu toque quente sobre minha pele que já estava fria. Os olhos esverdeados dele também estavam arregalados e sobrancelha arqueada.

─ Lívia?!

Ele deu uma rápida olhada pros moleques querendo dizer pra eles seguirem e assim eles fizeram. Luan me puxou pra um beco com rapidez e parou me olhando.

─ Como... Como... ─ gaguejei sentindo as lágrimas escorrerem e Luan me envolveu em um abraço apertado.

O apertei encostando minha cabeça no peito dele e molhando todo o peitoral do mesmo. Luan me soltou logo e suspirou ainda me fitando.

Apenas um Traficante IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora