Capítulo Vinte e Dois.

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DG narrando:

Bingo! Não pensava que seria tão fácil conseguir o que queria, foi só entrar no morro e pronto, PR atirou no Neguinho enquanto eu dirigia. Chegamos no morro e já fui logo saindo e jogando a pistola longe, havia espirrado um pouco de sangue em mim. Darlysson estava sentado na boca olhando pro nada e passando o rádio levemente pelo queixo, ele estava sério.

─ Fizemos ─ eu digo suspirando, Darlysson não diz nada.

─ Tem sangue do desgraçado em mim, porra! ─ PR reclama passando a mão pelo colete e fazendo cara de nojo.

─ Tu acha que ele morre? ─ Darlysson pergunta sem nos olhar.

─ Te dou a certeza, ele morreu, foi um no estômago e outro no pulmão, agradeça pro Paulo aqui que é bom de mira pra cacete! ─ digo sorrindo e tirando o colete com sangue espirrado. ─E agora, nós faz o quê?

─ Esperamos.

─ Pra quê? Luan tá vulnerável agora, ele tá frágil, é só reunir uns quarenta que nós toma a Rocinha.

─ Sim, Douglas, tu acha que é só entrar no morro e pá? Luan não tá vulnerável, ele tá com raiva, acredite que um Lima com raiva é bem pior que o demônio.

─ Porra, DR! ─ exclamo com raiva jogando meu colete com tudo no chão, ele me olha meio que me fuzilando de lado. ─ É nossa chance, nós entra lá e pronto, temos as armas, temos as munições, temos tudo!

─ Mas não tem eu, que por acaso comando tudo aqui, comando as armas, as munições, os soldados ─ ele diz se levantando e ficando de frente comigo. ─ Tô mandando esperar, não sei como funciona o sistema lá e tô esperando a vadia da Laura me dizer, então senta aí e se aquieta se não quiser sair do meu morro.

Ele saí dando dois tapas em meu ombro e sinto meu rosto queimar de raiva. Parece que DR também estava em minha lista, parece que teria que fazer isso tudo sozinho, mas pra isso acontecer eu precisava tirar todos do meu caminho mas não sabia como, sem Darlysson ali no Alemão tudo ia virar um caos e era isso que queria. Eu não podia tirar DR do meu caminho agora, como ele mesmo disse, não sou nada sem ele mas uma hora eu tiraria ele também do meu caminho.

Maju narrando:

Um mês depois...

Difícil, a vida está difícil, não digo só pelo fato de ninguém ter superado a morte do Neguinho, principalmente Luan, mas sim porque tudo está diferente, tudo está confuso, sem cor.

Luan não para mais em casa, não se alimenta mais direito e fica cada dia mais obcecado em vingar o Neguinho e acabava esquecendo que tinha eu e Lua em casa e que estávamos todos preocupados com ele. Nem eu mesmo superei, foi uma covardia o que fizeram com ele, mas a vida é assim, não podemos parar até porque Neguinho não iria querer isso.

Ele fazia muita falta, muita falta mesmo, todos os dias sem ele pareciam demorar mais. Neguinho era a alegria dentre o povo, era aquele que sempre estava no clima, sempre transpirava simpatia e sorrisos e agora só restou uma imensa saudade. Via poucas vezes Carol mas ela continuava bem mal, e nem devo comentar Henrique, um dia depois do enterro do pai foi preciso Carol, Luan e Raylson chamarem ele pra conversar e explicar tudo e acreditem que não foi nada fácil.

Muitas vezes Lua me perguntava pelo tio sorriso, como ela chamava ele, e sempre mudava de assunto pra não derramar lágrimas na frente dela, já não basta a ausência de Luan ultimamente.

Quase não tenho conversado com Luan, ele vive mais na boca com os moleques armando planos contra o assassino do Neguinho e ele fazia muita falta em casa, estava magro e só então tomei iniciativa de chamar ele pra ter uma conversa.

Apenas um Traficante IIWhere stories live. Discover now