Capítulo Vinte e Sete.

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Maju narrando:

Tudo ocorre de repente, estou com Priscila e Lua no sofá em uma conversa divertida quando Priscila me olha e solta um gritão enorme. A dor ainda não havia parado, e de princípio pensei que era a menstruação que havia descido mas não... Não era aquela dor de cólica normal e sim aquela dor de paralisar todo seu corpo, e sem falar que o sangue não parava de descer.

Luan chegou com os olhos arregalados, pedi que Priscila ficasse com Lua que chorava. Luan me pegou no colo e me levou até o carro depressa, ele tremia e nem sabia colocar a chave na ignição.

Fomos pro hospital público perto da Rocinha, chegamos lá e fui atendida de imediato mas antes que chegasse na sala do médico acabei desmaiando. Não sei dizer se foi por conta do meu desespero e nervosismo, por conta do abundante sangue, só sei que apaguei por completo ainda sentindo a dor absurda no pé da barriga.

***

Luan narrando:

Já faz horas que minha mulher tá na bendita sala de internação. Tô preocupado pra cacete, não consigo parar de me tremer com medo que algo grave tenha acontecido com ela. Ela tava sangrando muito e sentindo dor, e na hora que vi todo aquele sangue entrei em total desespero.

Não deixaram eu entrar com ela e só faltei bater no segurança e no médico, quem eles pensam que são pra me impedir de ficar junto da minha mulher?! Sorte deles que tava nervoso demais pra segurar minha fuzil.

Mil e um pensamentos rondavam minha cabeça, será que ela estava bem?!

─ Acompanhantes de Maria Júlia Arezzo? ─ surge um médico alto e calvo carregando uma ficha. Dou um pulo da cadeira e vou até o mesmo.

─ De coe, parceiro?─ pergunto rápido. ─ Como minha mulher tá?

─ Sou Samuel, médico obstetra e geral, você é...? ─ ele me pergunta com a sobrancelha arqueada.

─ Sou Luan, tudo na paz? Vamo parar de encher linguiça e vamos logo ao assunto.

─ Me siga, Luan ─ ele pede e assinto caminhando nervosamente atrás dele pelo corredor.

Chegamos na ala de internação feminina e entramos em um quarto. Minha Maju estava lá no leito, me aproximei dela e segurei a mão gelada dela, ela dormia como um anjo, olhei ela dos pés à cabeça e vi que tinha soro na veia dela mas nada de aparelhos mais avançados, como respiratório.

─ Amor... ─ passo minha mão pelo rosto sereno dela. ─ Fiquei tão preocupado.

─ Ela quase perdeu o bebê... ─ o médico se pronuncia e gelo, como assim bebê?

─ Bebê? ─ me viro o indagando, meu coração bate forte e meus olhos estão arregalados ao máximo. ─ Como... Como... Como assim bebê, tio?

─ Vocês não sabiam? Maria Júlia está grávida, de quase dois meses, o sangramento foi por causa de algum susto que ela pegou, ou queda, mas o sangramento não afetou completamente o bebê e caso demorasse mais um pouco ela poderia ter um aborto espontâneo.

─ Como assim bebê? Mas tá tudo bem né? Minha mulher tá bem? Ela sofreu alguma coisa? Por que ela tá desacordada?

─ Calma, Luan ─ ele diz sorrindo. ─ Está tudo bem acima de tudo, o bebê está bem, não bati a ultrassonografia mas eu sei disso porque não há nenhum sinal que o feto foi colocado no sangramento. Infelizmente tenho uma notícia ruim pra te dar...

─ Que notícia? ─ pergunto com o coração descontrolado.

─ A gravidez passou pra gravidez de risco.

Quando ele diz isso eu meio que paro, tudo parece desmoronar ao meu redor, meu queixo caí e parece que sou atingindo por várias facadas em meu corpo.

─ Todo cuidado agora é pouco, não é só a vida do bebê que está em jogo mas a vida dela também. A gravidez dela precisa ser tranquila acima de tudo, ela precisa ficar em repouso, nada de esforços, nada de carregar peso, você sabe bem como é a vida de alguém com a gravidez de risco...

Claro que sei, sabia exatamente como era, minha mãe havia passado por isso e havia morrido no parto do meu irmão. Isso era com certeza um dos meus piores pesadelos...

Minha boca secou, sem dizer mais nada eu saí daquele quarto e me sentei nas cadeiras lá fora, tudo ao meu redor parecia girar e estava com uma vontade do caralho de vomitar. Isso não podia tá acontecendo, não comigo, não com a Maju, não com esse bebê. Minha raiva só havia aumentado, uma raiva misturada com uma tristeza profunda. Uma ferida no coração.

Abaixei minha cabeça e passei meus dedos por dentro de meus cabelos, ainda não acreditava.

Isso não devia acontecer, essa merda do DR não devia ter entrado no caralho do morro e dado esse susto na Maju e agora ele ia pagar, eu tava sentindo uma raiva desumana, não era culpa do bebê e jamais seria, como todos meus filhos eu já amava aquela criatura mesmo que ela tenha quase se ido.

Pego meu rádio mandando a fita pros parceiros.

─ Tá ligado aí, amanhã vou invadir a porra do Alemão e vou dar troco pelo que DR causou na Rocinha. Podem ir arrumando o arsenal e a tropa.

Tava com ódio, se visse DR na minha frente eu ia matar ele só de murro, pra mim não há morte mais digna que essa, tanto é que fiquei com tanta raiva que só na porrada ia matando Douglas.

A história estava se repetindo, só tinha medo de ter perder minha vida, Maju já era tudo pra mim e perder ela seria pra mim a pior coisa, me deixaria totalmente debilitado, mas também tinha que me focar na minha família, meus filhos, minha princesinha, meu irmão...

Entro no quarto de novo tentando me controlar, a raiva circulava por todo meu corpo, mando o médico vazar e me sento na cadeira de plástico perto da Maju, o resto dos leitos estavam desocupados e só Maju estava naquele quarto. Ia transferir o caso dela pras mãos do doutor Robson, eu confiava nele até demais e sabia que ela tava em boas mãos.

Seguro na mão da minha mulher e beijo os dedos dela com amor, levo minha mão até a barriga dela e acaricio a mesma. Mais um pra encher minha vida de mais felicidade ainda... E ainda por cima mais um vindo da mulher da minha vida.

Pego meu celular e não solto a mão dela, envio mensagem pra Priscila que tava igual uma louca morrendo de preocupação e falo da gravidez e tal, mas digo pra ela não espalhar e só falar mesmo pros conhecidos e confiantes, não queria na boca do povo ainda que ela estava grávida, até porque era de risco.

Beijo a testa da minha princesa e me acomodo na cadeira admirando minha Maju, eu já havia chegado ao meu limite e não ia mais aguentar essa raiva, só não podia era dizer pra Maju que iria fazer a vingança de Isack e dela amanhã, não podia deixar ela de jeito nenhum preocupada.

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Genteeeeeeeeeeeeeee, boa noite!

Esse capítulo era pra vim ao ar ontem mas infelizmente não deu pra atualizar. Então dedico esse capítulo pra nossa aniversariante de ontem: Renata Damasio (feliz aniversário atrasado!)

Ainda pretendo postar mais dois capítulos hoje se não morrer de sono e se não postar hoje irei postar amanhã.

Não esqueçam de votar gente, é super importante pra mim a estrelinha de vocês (além de me motivar), comentem também (posso não responder pela falta de tempo mas leio todos!) e indiquem pros seus amigos, suas tias, sua mãe, sua vó, seu cachorro, seu crush, seu professor de inglês e seu peixe!

Beijos em todos vocês e tenham uma boa noite e um ótimo final de semana, beijos em todos

Wan <3

Apenas um Traficante IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora