Capítulo Treze.

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Maju narrando:

Raylson e Neguinho deram um pulo pra cima do Luan tentando controlá-lo, ele já estava destravando a fuzil e caminhando em direção à saída. Nem preciso dizer que já estava completamente apavorada, Luan não podia fazer a burrada de sair na rua estando foragido e acabar colocando tudo de mal à pior, porque primeiro se ele fosse pego, eles iriam aumentar a pena dele, e segundo, que nunca mais ele veria a gente de novo.

─ Te acalma, pô ─ RL disse segurando Luan e o sentando no sofá.

─ Me acalmar? ─ ele indagou em um tom alto, estava com raiva. ─ Quer dizer que vem essa filha da puta peitando minha mulher e tu ainda me pede calma?!

─ Mano, se tu sair por essa porta vai jogar tudo fora, te acalma que tudo tem sua hora.

Luan suspirou fundo e encostou sua cabeça no sofá fechando suas pálpebras. Por um minuto todos nós ficamos em silêncio, até em então Luan pegar o rádio dele e se levantar.

─ Aqui quem fala é o LL, tô mandando o papo pra dizer que tô de volta, e que quero todos os moleques na casinha da rua um pra uma reunião, tá ligado que o CV tá de volta! ─ ele dizia rápido e logo desligou, arregalei meus olhos e troquei um olhar apreensivo com RL e Neguinho.

Luan colocou uma camiseta e pegou uma pistola que estava dentro de uma das caixas conferindo a munição e a metendo na cintura, ele pegou a carteira, o boné e chamou RL e Neguinho.

Mas antes dele sair eu segurei firme em seu braço o puxando.

─ Vai pra onde? ─ perguntei com um pouco de apreensão.

─ Vou resolver nossos problemas, princesa.

─ Mas não é perigoso sair assim na rua?

─ Relaxa, amor ─ ele selou nossos lábios. ─ Ninguém vai me ver, eu preciso ligar pro cana pra ver essa parada da ficha e preciso bolar um plano pra gente ter paz.

─ Toma cuidado, por favor ─ pedi baixinho. ─ Promete pra mim voltar para casa?

Ele simplesmente assentiu e beijou minha testa saindo com os meninos. Assim que eles saíram eu debrucei-me sobre o sofá já morrendo de preocupação, fiquei olhando pro teto e pensando em várias coisas que poderiam acontecer com Luan com todos esses militares dentro da Rocinha.

Quando deu umas seis e meia da tarde resolvi me vestir pra escola, Luan ainda estava lá fora e minha preocupação ainda estava grande, até tentei ligar pro rádio dele mas o mesmo havia desligado. Antes de ir pra escola dei um banho na Lua e a janta, depois coloquei filme infantil pra ela e pedi pra Julieta ficar de olho na mesma para mim.

Me despedi da minha filha com um beijo materno amoroso, em seguida fui até o quarto do Gabriel que jogava vídeo-game e também me despedi do mesmo.

O movimento no morro estava bem calmo, os policiais ficavam nos cantos conversando e rindo, alguns camburões e motos rondavam por toda a favela, estava como sempre, sem se quer imaginar que Luan estava reunindo todos os traficantes da Rocinha em algum canto daquela favela.

Cheguei na escola quando havia acabado de bater o primeiro horário, estava um pouco atrasada e isso resultou ficar sentada lá no pátio estudando pra prova enquanto não batia o segundo horário. Aproveitei pra colocar algumas matérias em dia pelo caderno do RL que estava fazendo também o terceiro ano, mas em outra sala, só que eram os mesmos professores e os mesmos conteúdos, e acabava que ele copiava e me passava depois. Meu caderno era cheio de rabiscos feito pela Lua, ela amava riscar tudo e bagunçar minhas coisas, acho que só nesse ano já tive bem uns dez cadernos por conta dela.

Apenas um Traficante IIOnde histórias criam vida. Descubra agora