Apenas um Traficante II

Capítulo Vinte e Um.

Maju narrando:

Meu coração continua se apertando cada vez mais, já soluço enquanto sinto as lágrimas descendo pela minha face. Lua me abraça com força enquanto continua chorando. Escuto passos rápidos e fundos vindo em direção do quarto e vejo Luan com um semblante assustado já com o fuzil na mão, abraço minha filha e encosto a cabeça dela em meu peito, os olhos de Luan estão arregalados, ele olha ao redor do quarto atônito e se aproxima de nós fazendo uma análise com o olhar.

Luan senta na cama e me abraça junto de Lua que ainda chorava.

─ Você ouviu? ─ pergunto soluçando e ele simplesmente assente.

Ouvimos mais tiros e dessa vez não contei, estava focada ainda em minha filha que estava com o rosto vermelho e as lágrimas ainda caindo pelo rosto úmido.

─ LL? ─ o rádio de Luan chia, reconheço a voz grossa e mansa de Raylson.

─ Que merda foi essa? ─ Luan indaga se levantando e segurando firma o fuzil.

─ Tô descendo agora lá, manda o papo pro Canela aí ─ ele diz nervoso e Luan assente desligando.

─ Aí Canela ─ Luan chama após um tempo. ─ Que caralho tá acontecendo aí?

─ Luan... ─ a voz de Canela é grave, nervosa, assustada. ─ Desce agora aqui em frente a boca, agora!

Luan me olha e suspira fundo.

─ Não abre a porta pra ninguém, fica aqui dentro que vou mandar três trutas ficarem aqui contigo.

─ Luan não vai, por favor! ─ choro copiosamente, o mesmo vem até mim e segura em meu rosto me beijando.

─ Relaxa, só fica aqui ─ ele fala passando nervosismo e sai correndo me deixando sozinha com Lua.

Me deito na cama abraçando minha filha e a embrulho, já faz alguns minutos que Luan saiu e não ouvi mais tiros, meu coração ainda bate forte e o nervosismo ainda circula dentro de mim. Sinto um frio na barriga, um calafrio, uma vontade imensa de chorar. Lua mantém as pálpebras fechadas enquanto me abraça forte, acaricio os cabelos dela e checo meu celular mais uma vez querendo saber o que houve.

Quando Lua adormece é exatamente quando os primeiros raios solares adentram pela cortina do quarto dela, deixo ela dormindo sozinha junto de seus ursos e me apresso em ir pro quarto e lavar o rosto que por acaso estava avermelhado. Faço minhas necessidades e escovo os dentes saindo do banheiro e trocando a camisola por um vestido floridinho e solto de alças finas. Pego meu celular e saio rápida de casa, os seguranças ainda tentam me impedir mas me debato e apresso os passos descendo pelo morro em direção da boca.

Assim que saio na rua vejo uma aglomeração de pessoas, algumas chorando, outras olhando pro chão e algumas andando na mesma direção que eu, corro quando vejo pessoas desmaiadas e me apresso ainda mais em encontrar Luan e saber o que havia realmente acontecido.

Quando chego na boca vejo sangue pelo chão, muito sangue, os vapor estavam pelos cantos com olhares baixos e a fumaça sendo inalada pelos mesmos, vejo de longe RL sentando com lágrimas nos olhos, suas mãos segurando sua cabeça e seus olhos fechados, corro até ele apavorada e seguro em seu braço, ele abre os olhos e me encara me envolvendo em um abraço, sinto as lágrimas quentes molhando meu ombro.

─ Raylson, o que aconteceu? O que houve? ─ pergunto sentindo meu coração batendo descompassado.

─ Maju? ─ escuto voz grossa e rouca me chamando e me viro soltando levemente RL e correndo pros braços do meu Luan.