Eu definitivamente não gosto de você

Capítulo 1 - Amora

Capitulo revisado

Mais uma segunda-feira, mais uma semana de aula, tudo de novo.

Acordei cedo, arrumei minha cama fazendo questão de deixar tudo impecável e corri pra me arrumar. Depois de pouco mais de 20 minutos, lá estava eu descendo as escadas, uniformizada, com a mochila nas costas e ainda procurando uma desculpa pra não ter que ir pra escola hoje.

- Bom dia – disse assim que entrei na cozinha.

- Bom dia - meus pais disseram assim que me viram.

Minha mãe parecia bem entretida com alguma coisa no celular e meu pai lia o jornal enquanto tomava um café, todos sentados na mesa, até o Júlio, que revirou os olhos assim que percebeu que eu entrei na cozinha, tudo isso por causa da nossa briga de ontem.

Eu não sou obrigada a esconder da nossa mãe que ele saiu pra uma festa ontem, mesmo estando de castigo, eu tinha que entregá-lo.

– Já estou de saída, não consigo ficar no mesmo ambiente de alguém tão insuportável quanto certas pessoas, sei lá, não engulo – Júlio diz olhando pra mim com um sorriso irônico, e depois se levanta da mesa colocando os óculos escuros.

– Já vai tarde, vê se não era o caminho e vai parar no shopping como na semana passada – devolvi o mesmo sorriso irônico que ele me deu, o que deixou o Júlio ainda mais furioso comigo.

Levantei, ficando de frente pra ele, e com os braços cruzados, completei:

– Tem certeza que quer me provocar agora? - eu podia ver sua raiva sair pelos olhos, ele sabia que se continuasse eu podia contar mais coisas.

- Parem vocês dois, já falei que vocês estão grandes demais pra brigar assim, feito crianças - meu pai falou, dando um basta na nossa discussão que nem tinha começado ainda.

Coloco café no meu copo, pego uma maça na mesa e saio da cozinha em direção a porta, não tão pronta assim para mais um dia de aula, mas a caminhada até a escola e o café iriam me ajudar.

Ao chegar na escola, vou direto até a minha sala. Quando finalmente consigo desviar de todas aquelas pessoas que conversavam animadamente nos corredores sobre seu fim de semana, chego na sala e sento na minha carteira que ficava em um dos cantos do fundo, lá ninguém conseguia me ver e eu conseguia aproveitar e ler um livro, antes da aula começar.

Depois que o sinal tocou, todos da turma entraram na sala, incluindo a professora de Sociologia que já chegou anunciando um trabalho.

- Bom dia meus queridos e digníssimos alunos - ela diz com uma falsa empolgação para provavelmente tentar nos animar.

- Bom dia professora Adriana - algumas pessoas responderam.

- Atenção todos, vou iniciar um novo projeto nessa unidade. Vamos falar das diferenças de cada um, tanto individualmente como em grupos, para começar peço que escolham suas duplas. Lembrando que eu quero duplas, ou seja, duas pessoas, nem adianta vir com essa de "dupla de três" - era possível ouvir os alunos murmurarem reclamando.

Enquanto a turma estava histérica decidindo quem seria seu par para o trabalho, eu torcia quieta para que o número de alunos fosse ímpar. Eu não teria problema algum em fazer sozinha, como sempre.

Aos poucos os alunos foram dizendo quais eram as suas duplas ao passo que a professora ia anotando. Quando percebi que quase todos os pares estavam formados, saí do meu lugar e fui em direção a mesa dela.

– Professora – Adriana parecia concentrada organizando alguns papeis, mas parou assim que me aproximei – eu não tenho dupla, mas eu posso fazer sozinha.