Capitulo 3

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Capitulo revisado

Me assustei assim que levantei pela manhã e a primeira coisa que vi foi o relógio denunciando meu atraso. Quando me dei conta de que devia ter acordado a uma hora atrás levantei o mais rápido que pude até o banheiro, mesmo tendo a certeza de que não importava o quanto eu corresse, iria chegar depois do horário.

O dia frio me levou a resgatar um velho moletom que encontrei no fundo do armário, que cobria meu uniforme largo e um pouco da calça jeans. Depois de pegar a mochila, sai de casa sem que minha mãe percebesse que eu não tinha tomado café.

Preferia muita mais sair de casa com fome do que parar a aula com a minha chegada e fazer toda a sala notar minha presença.

Para a minha infelicidade, a aula já havia começado quando entrei pelo portão da escola. Abri a porta da sala o mais devagar que pude, e encontrei o professor de costas para a turma, tentei entrar de fininho, mas ainda assim ele conseguiu perceber que eu havia chegado.

- Bom dia senhorita Constantino - o professor Mário parou de escrever no quadro e se virou para expor meu atraso.

Mesmo sem olhar para a turma, percebi que alguns tentaram esconder os risos, outros nem tanto, ao ouviram meu sobrenome. Mas o que eu posso fazer? Sem nem eu gosto do meu sobrenome, por que as pessoas têm que gostar?

- Bom dia querido professor Mário, como está indo seu dia? - falei com um sorriso sarcástico no rosto, nunca suportei aquele homem.

- Guarde seu sarcasmo pra você e procure se concentrar em minha aula antes que eu te mande pra a sala da diretora por chegar atrasada – a sala não se conteve e riram sem cerimônia da reclamação que eu recebi.

Sem dizer mais nada andei até minha carteira, atraindo o olhar da maioria da sala que ainda ria, do que pra mim não tinha graça alguma.

- É isso que acontece quando a esquisita tenta dar uma de durona - disse a enjoada da Larissa fazendo todos rirem de novo, como se eu fosse uma espécie de Whindersson Nunes.

No intervalo, sentei no canto do pátio e finalmente pude ingerir algo além da minha própria saliva, sério, nunca me senti tão feliz em comer um pacote de biscoito. De longe pude ver o grupinho dos populares, aqueles que tem vários seguidores nas redes sociais e que praticamente todo mundo conhece, entre eles, a Larissa e o Mateus.

Me distraí tanto os observando, que o Mateus acabou me pegando no flagra, e fez sinal para eu me aproximar. Quando tentei fingir que não estava olhando, já era tarde, mesmo assim não me levantei pra ir até eles, e pra minha surpresa o Mateus veio até onde eu estava.

- Posso sentar aí? - ele apontou para o espaço no chão onde estava sentada e eu só dei de ombros e cheguei um pouco mais pro lado.

Ignorei-o por um instante e olhei para todos os cantos, menos para o Mateus, a última coisa que eu queria naquele momento é que ele ou seus amigos, achassem que eu fazia questão da companhia de um deles, como a maioria dos alunos daquele recinto, ou ser alvo de mais uma das suas brincadeirinhas ofensivas.

- É Amora, não é? - Mateus diz e olha pros seus amigos, que continuavam a alguns metros de distância, agora olhando para ele com pena, provavelmente eu mordo e não sabia.

- Que diferença faz? Você não vai gravar – digo já esperando sua resposta arrogante, mas hoje ele parecia mais educado.

– Desculpa, só queria ter certeza. Não tem como esquecer um nome como o seu – olho para o Mateus confusa, mas só encontro um sorriso simpático estampado no seu rosto, acompanhado de um riso que preferi não interpretar como algum tipo de piada.

Eu definitivamente não gosto de vocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora