Capítulo 22 - Mateus

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Digamos que no começo de todo essa história eu cheguei a pensar que daria certo. Mas o quê, hipoteticamente falando, pode acontecer de ruim se houver a pequena hipótese de eu ter me apaixonado pela minha namorada de mentira?

Eu estou tão envolvido nessa historia que até meus pais acreditam que eu estou namorando e eu estou prestes a encarar os pais da minha namorada que nem é minha namorada num jantar. Ou seja, estou nervoso a toa.

Repito várias vezes para mim mesmo que eu não tenho nenhum sentimento pela Amora, na tentativa de tornar isso real, mas não está funcionando.

A verdade é que eu estou me apaixonando por ela a cada dia mais, mas eu sei que se eu dizer o que eu sinto a ela, toda essa historia de namoro de mentira vai acabar e eu confesso que não quero que isso aconteça.

Passei o dia junto com o meu pai e o Luís na casa deles. Alguns anos se passaram desde que meus pais se separaram, mas ainda é muito estranho me referir a minha antiga casa como casa do meu pai.

- Saí daqui Luís - empurro o mesmo que caiu da cama e está todo esparramado em cima de mim, que dormi no chão.

Meu pai passa pelo quarto e me vê tentando tirar o Luís de cima de mim.

- Bom dia garotos - ele diz animadamente.

- Bom dia pai - falo na mesma animação que ele - pode me ajudar aqui? O Luís não quer acordar.

- Levanta Luís - meu pai o empurra e ele saí de cima de mim.

- Me deixa dormir mais um pouco - Luís se levanta do chão e deita na cama voltando a dormir de novo.

- Parece que só somos nós dois hoje amigão, de novo - meu pai passa um braço pelos meus ombros e descemos as escadas indo em direção a cozinha.

- O que temos para o café? - pergunto sentando na mesa da cozinha.

- Eu comprei pão, bolo, frutas, suco, café, bom tem de tudo, afinal hoje você vai voltar pra casa - ele diz com tristeza na voz.

- Pai, no próximo final de semana eu volto, o senhor sabe disso.

- Você tem certeza que tem que voltar pra casa hoje?

- Não posso ficar pai, eu tenho um compromisso hoje a noite.

- Então quer dizer que o senhor vai me trocar por um compromisso qualquer? - ele diz fingindo estar ofendido.

- Não é um compromisso qualquer, é algo importante e eu tenho que estar bem preparado e apresentável.

- Ah é? Então tem uma garota no meio desse compromisso - ele diz e me olhando com os olhos arqueados.

- Mais ou menos - digo colocando um pedaço de bolo na boca.

- Como assim, mais ou menos?

- Eu vou jantar na casa dela, com os pais dela.

- Então a coisa é séria? - ele começa a fazer um discreto interrogatório.

- Pra ela não, os pais dela que tornam isso tudo muito sério.

- E você gosta dela? - meu pai tenta parecer indireto e natural mas na verdade ele está fingindo que não quer saber a resposta enquanto passa manteiga no pão.

- Eu ainda não sei o que sinto por ela - digo como se ele estivesse conseguido arrancar aquilo de mim naturalmente.

- É melhor do que dizer que não sente nada. Quando quiser trazer ela aqui, sinta-se a vontade, eu estou ansioso pra conhecer a sortuda que balançou o coração do meu campeão - ele dá um leve soco em meu braço.

Eu definitivamente não gosto de vocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora