Capítulo 11

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Capítulo revisado

Geralmente as pessoas da minha idade se divertem nos finais de semana. Eu passo o dia inteiro no quarto lendo, fazendo as atividades atrasadas, estudando e aprendendo a tocar novas músicas no teclado.

Eu só saio do quarto para ir na cozinha, isso quando minha mãe não me faz passar o final de semana na casa de algum parente.

E esse sábado não vai ser muito diferente, eu vou ter que ficar o final de semana inteiro na casa da minha tia Mariane. O pior de tudo nem é isso, eu vou ter que aturar a filha dela, a Beatriz.

- Amora, acorda! - minha mãe diz me sacudindo.

- Eu já estou acordada - respondo com voz de sono.

- Então levanta logo, você ainda tem que arrumar suas coisas - ela abre as janelas fazendo a luz do sol bater no meu rosto.

Saio da cama me arrastando até o banheiro e depois de tomar um banho, parece que eu finalmente acordei. Coloquei em uma mochila as coisas que precisaria para sobreviver a um fim de semana com a Beatriz e já estava quase pronta para sair.

- O Júlio vai também? - pergunto a minha mãe assim que desço e vejo que ele ainda não tinha saído do quarto.

- Não, o Júlio está com dor de cabeça - ela pega um pouco de café, na cafeteira, e põe numa xícara.

- Era para eu ter dito a mesma coisa - digo baixinho para que ela não me ouça.

- O quê? - minha mãe pergunta só para ver se eu tenho coragem de repetir o que falei e me entrega a xícara com café.

- Nada com que precise se preocupar - termino de  tomar meu café com pão sem reclamar mais nada para ela, e poucos minutos depois de me despedir da minha mãe sigo andando até o ponto de ônibus.

Depois de passar pelas ruas que ficam bem vazias aos finais de semana, cheguei no ponto de ônibus, que também não estava muito cheio. Esperei alguns minutos por um transporte e assim que chegou enfrentei minha viagem de quase 1 hora até a casa da minha tia.

O ônibus me deixou em frente a casa dela, e quem atendeu a porta foi a Beatriz.

- Ah é você - ela abre a porta e não esconde o descontentamento em me ver. Eu sinto a mesma coisa.

- Não se preocupe, eu não vim para te ver - fecho a porta atrás de mim e jogo minha mochila no sofá - Onde está a tia Mari?

- Estou aqui, Amora - ouço-a gritar dos fundos - pode ficar a vontade - ela diz e eu já estava bebendo água. Quando você tem intimidade o suficiente para abrir a geladeira e saber onde fica praticamente tudo em uma outra casa, ela já é sua também.

- Nossa Amora, como você está tão…- reviro os olhos só de ouvir Beatriz falar, e me arrependo de ter que ver sua cara de nojo me olhando de cima a baixo - simpática.

- Legal - falo com um sorriso sarcástico - E você está tão igual a última vez que eu te vi. Insuportável.

- Eu só estava cuidando de algumas plantas lá no quintal, elas estão quase morrendo - tia Mari entrou pela porta do fundo - Venha Amora, pode colocar suas coisas no quarto da Bia e vir para a cozinha comer alguma coisa.

Vou atrás da Beatriz até o quarto dela, que é bem diferente do meu. Apesar de ser maior, o cômodo é muito mais bagunçado, quase não tinha lugar pra andar, avisto um canto sem papel, roupa e todo tipo de sujeira no chão onde coloco minha mochila e por fim me sento em sua cama, que também não estava tão coberta com as coisas da Beatriz.

- Como eu não tinha percebido antes? - minha querida prima inicia sua sessão de tortura do fim de semana, sei disso pela forma dramática que disse pausadamente - Amora, que roupa horrível é essa? - ela completa e eu dou mais numa olhada na minha calça jeans e blusa básica, concluindo mais uma vez que não há nada de errado.

Eu definitivamente não gosto de vocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora