Capítulo 13

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Peguei minha bolsa e desci as escadas. Abri a porta e dei de cara com um Marcos sorridente e muito bonito como de costume. Era tudo exatamente do jeito que eu imaginava antes de dormir a anos atrás, mas eu não me sentia mais daquela forma, parecia que todo o encanto tinha terminado e eu já não via a hora daquela tarde, que mal havia começado, terminasse também.

- Oi Marcos - o cumprimentei enquanto fechava a porta de casa.

- Oi, você está muito linda, não digo só por hoje, você melhorou muito - cada vez que ele falava mais eu pensava "será que dá tempo de voltar?"

- Obrigada, eu acho - disse sem conseguir conter meu sorriso sem graça - então, vamos? - quanto antes aquele encontro acabasse, melhor seria. Maldita hora em que eu achei que sair com Marcos era melhor do que não ter nada pra fazer em casa.

- Vamos! - ele tirou as chaves do carro do bolso, foi então que eu percebi que ele estava de carro. Desde quando o Marcos dirige? Só o que me faltava hoje era morrer.

Entramos no carro e o Marcos começou puxar assunto, ora perguntando sobre minha vida ora falando sobre a dele, até que ele me fez uma pergunta que eu nunca achei que iria ouvir, de tão improvável que parecia a um tempo atrás.

- Você e o Mateus têm alguma coisa? - Marcos foi bem direto e sem rodeio, como se o objetivo dele naquela tarde fosse apenas esse.

- Não, se eu tivesse algo com o Mateus - a lembrança do Mateus de hoje cedo, tomou conta da minha mente, e por um instante desejei que fosse ele em vez do Marcos ali comigo - eu nem estaria saindo com você - ele apenas consentiu e seguimos em direção ao shopping sem falar mais nada.

Quando enfim chegamos, eu suspirei aliviada por nada demais ter acontecido, habilitado ou não, o Marcos sabia dirigir. Depois de estacionar o carro e fomos direto pra bilheteria do cinema.

Depois de pegarmos nossas entradas, para uma comédia romântica e comprarmos pipoca, refrigerante e alguns doces, entramos na sala do cinema que já tinha uma certa quantidade de gente.

Bem no meio do filme, naquelas cenas típicas de clichê, quando os personagens principais percebem que estão apaixonados e foram feitos um pro outro, o Marcos fingiu se espreguiçar enquanto bocejava, mas eu que já sabia como aquilo poderia terminar, sussurrei um "nem ouse" e ele me olhou como se não estivesse prestes colocar seu braço ao redor dos meus ombros.

Quando a sessão terminou, fomos a uma pizzaria na praça de alimentação do shopping. Sentamos um de frente para o outro em uma mesa pra dois e ficamos conversando sobre o filme, que o Marcos escolheu porque segundo ele todas as meninas gostam de romance, não que eu não goste, mas aquele não foi muito diferente de todos que já vi.

- Amora - o Marcos diz com a voz mais séria acabando com a aquele clima descontraído e deixando o clima mais tenso, segurando as minhas mãos ele diz:
- Eu já te achava você muito legal só de te ver no grupo de música, mas te conhecendo melhor agora eu percebo que você é bem mais incrível do que eu imaginava - ah não, onde ele queria chegar com aquela conversa? - e isso me faz querer te conhecer mais, porque eu sei que você é tão bonita por dentro quanto está por fora.

- Espera aí, o quê?

- Aqui está o pedido de vocês - o garçom chegou antes que eu pedisse ao Marcos para repetir o que ele tinha acabado de falar. Incrível como ele não tinha mudado nada, era como se eu ainda pudesse ouvir "não Amora, eu costumo ficar com meninas mas bonitas que você, nós somos só amigos".

Me concentrei em terminar a pizza antes que eu começasse a chorar ou a gritar com o Marcos. A pior coisa que eu dei para a Amora de 15 anos foi um encontro com aquele cara.

Na volta para casa fiz questão de demonstrar que não estava satisfeita, e o Marcos nem se deu o trabalho de perguntar porque eu estava mais calada que antes.

- Ei Amora - o Marcos falou antes que eu abrisse a porta do carro - desculpa se alguma coisa que eu falei te magoou. Eu fui sincero quando disse que te acho interessante e quero te conhecer melhor, espero que me dê uma chance, prometo que o próximo encontro será mais agradável.

- Tudo bem, obrigada pelo convite, mas acho difícil acontecer de novo. Boa noite Marcos - saí do carro antes que ele disse mais alguma coisa.

Quando entrei em casa encontrei minha mãe fazendo o jantar e meu pai assistindo TV.

- Pra onde, a mocinha foi assim toda arrumada - minha mãe diz assim que me vê

- Eu fui ao cinema com o Marcos, um colega da escola. A Carol não te falou? - dei uma beijinho na bochecha dela e na do meu pai.

- Falou sim, e como foi? - ela pergunta concentrada no que está na panela, que por sinal cheira muito bem.

- Foi legal, mas estou cansada, vou pro quarto - digo logo subindo as escadas.

- Não vai jantar? - meu pai pergunta.

- Não, não tô com fome - falei praticamente gritando de lá do meu quarto.

Me joguei na cama e decidi escrever no meu diário, sempre que eu não conseguia expressar o que estava sentindo transformava meus pensamentos em palavras, até que eu pudesse me entender.

Guardei meu caderno secreto, tomei um banho e fui dormir, precisava acordar cedo pra ir a escola.

- Bom dia gente - falei assim que cheguei na cozinha já pronta pra ir a escola.

- Bom dia - disse meus pais juntos.

- Bom dia amora azeda - o Júlio fala e eu reviro os olhos.

- Então pai já está de saída? - digo pegando um pedaço de bolo.

- Já estou sim - ele se levanta da cadeira e vou atrás dele depois de me despedi da minha mãe e o Júlio vem logo em seguida.

Chegamos na escola e como sempre eu fui pra minha sala e o Júlio pra dele. Mas hoje algo estava diferente, todo mundo estava me olhando e eu só era mais uma aluna que passa despercebida naquela escola.

Sentei na minha carteira e logo depois o Mateus chegou lendo o jornal da escola e sentou na carteira ao lado da minha.

- O-oi, bom dia Sr. Soares - falei e ele continuou olhando pro jornal - e o dia fica ainda mais estranho, você sentando do meu lado de novo.

- Amora, só um minuto, por favor - ele diz um pouco nervoso lendo e relendo a mesma página do jornal.

Fiquei bem mais que um minuto esperando alguma outra reação do Mateus sem dizer nada, até que ele apoiou a cabeça nas mãos, suspirando alto e deixou o jornal de lado

- Ei Mateus - coloco minha mão em seu ombro - o que aconteceu? - ele olha pra mim e me entrega a folha do jornal do colégio.

- Só ler isso - ele diz me olhando enquanto eu leio.

- O que é isso? - pergunto perplexa - Como deixaram que isso fosse impresso? Quantos erros de português - Mateus me lança um olhar indignado - E também pelo o que dizem de você, que coisa horrível.

- Quem faria uma coisa dessas? - ele olha ao redor, como se estivesse estampado na cara quem era o culpado.

- Eu acho que já sei quem foi - digo olhando pra Larissa que está rindo da situação feito uma hiena.

- Mas é claro que foi a Larissa, ela era a única pessoa além de você que sabia que eu ajudava minha mãe no restaurante e só ela sabia que eu era bolsista - ele diz olhando na mesma direção que eu.

Dou uma última olhada naquela matéria, amasso o jornal e jogo no lixo. Como uma pessoa pode ser tão ruim ao ponto de achar que pode ridicularizar alguém por aquele motivo?

Mas eu não vou deixar que isso fique assim, a Larissa vai ter o que ela merece. Eu já sei o que fazer, e a aula de educação física na sexta-feira, será o momento perfeito.

Atenção: próximo capitulo não revisado, aconselho que aguarde a nova atualização para continuar a leitura. Obrigada e beijos!!

Eu definitivamente não gosto de vocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora