Capítulo 5

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Capítulo revisado

Hoje é o grande dia. Talvez não tão grande, mas é o dia da audição para vocalista do grupo de música. Passei uma semana inteira ensaiando a mesma música, cantei no caminho pra escola, no chuveiro, enquanto estudava, se duvidar eu dormir cantando a música.

Tudo isso pra me sentir o mais confiante possível e preparada para competir com um ou trinta candidatos. É claro que esse não foi o resultado, meu corpo inteiro estava tomado pelo insegurança naquela manhã, mas pensar que eu só teria que passar por aquilo uma vez, me ajudou a respirar, pelo menos por dez minutos.

Para aquele dia, usei o de sempre: calça jeans, uniforme e um suéter que o Júlio insistia em chamar de "roupa de vó", eu não podia fazer nada se preferia o conforto do que a beleza.

Por fim, prendi o cabelo em um rabo alto, peguei a mochila e desci a escada correndo.

- Bom dia gente - falei quando cheguei na cozinha e me assustei ao encontrar apenas a minha mãe, colocando um lanche na sua bolsa.

- Amora? Ainda está aqui? O Júlio disse que já tinha ido - ela diz confusa, já quase pronta para mais um dia de trabalho.

_ Não, ainda é cedo - digo sentindo meu peito queimar de desespero - Não é? - olho pro relógio na parede e nem espero minha mãe responder.

Subi de volta para meu quarto e comparo o horário do celular e do despertador, que estava mais de uma hora atrasado e tinha colado nele um bilhete com os dizeres: "Vingança é um prato que se come frio".

Eu queria poder xingar o Júlio de todas formas possíveis, mas eu não tinha mais tempo para expressar a raiva que sentia dele, mesmo sem poder vê-lo.

Desci as escadas ouvindo minha mãe gritando:

_ Adianta Amora, desse jeito você vai chegar no intervalo - exagerada como sempre. Provavelmente eu iria chegar na aula antes do intervalo, mas isso não importava naquele momento, eu só tinha que chegar a tempo do teste.

Pego uma carona com a minha mãe, que antes de ir ao trabalho, promete me deixar na escola. O que me alivia um pouco, se o trânsito não estivesse tão congestionado eu chegaria lá em meia hora. Atrasada pro teste? Claro, mas ainda teria chance de fazer o teste, se pelo menos duas ou três pessoas apresentassem antes de mim.

Para a minha infelicidade o trânsito foi classificado como o pior dos últimos dias, segundo o rádio que minha mãe ouvia no carro, o que fez meu desespero e ansiedade aumentarem. Eu olhava mais vezes no relógio do que respirava, segundos nunca pareceram tão preciosos para mim.

Quando por fim avistei a escola, praticamente saltei do carro, sem nem me despedir da minha mãe direito. Quase não consegui entrar pelo portão da escola, mais como essa foi a primeira vez que cheguei realmente atrasada em três anos, o porteiro liberou minha entrada.

Corri direto para a sala de música, onde o grupo se reunia e entrei o mais silenciosamente possível. Os testes para entrar no grupo já tinham se encerrado, só havia no local as pessoas que fizeram a audição para vocalistas, três outros componentes do grupo de música que seriam os avaliadores, e algumas poucas pessoas, incluindo o Mateus, que parecia dar apoio a Larissa.

_ Agora vamos chamar a nossa última candidata a vocalista - a voz do Marcos me lembrou que eu estava ali para cantar pela primeira vez para todo mundo, e pior, que eu tinha que entregar meu formulário de inscrição.

A Larissa subiu ao palco improvisado e eu prontamente fui até o Marcos convencê-lo de aceitar minha audição de última hora, literalmente.

_ Por favor, Marcos, eu me esforcei muito nessa última semana. Só preciso que me dê uma chance, eu posso até cantar a metade da música se você quiser.

Eu definitivamente não gosto de vocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora