Sete.

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      Eu retribuí o beijo. O que foi muito errado. E quando terminámos, algo que mal devia acontecer, eu dei as costas e saí dali. Meu senso volta a realidade. E o mais rápido o possível saio dali, sem ao menos dizer tchau. Terminei parando em uma cobertura de um dos grandes e belos prédios de Nova Orleans. Marcel, sendo persistente como notei que é, me seguiu.
- Desculpe novamente. - ele disse.
- Não...- disse ainda sem olhar pra ele cocei a nuca -...Digamos que não é uma boa hora. - completei. E ele veio até meu lado e me olhou e sorriu de canto. Eu o abracei. Isso foi novamente errado, mal conheço ele.
- Vou esperar o tempo que precisar Ella. - ele sussurrou. Galanteador demais pra ser verdade. Eu me afastei mas estava rindo do apelido.
- Não é o primeiro que me chama de Ella. - (lê-se Éllah).
- Mas sou o primeiro que tenta a sorte aqui em Nova Orleans? - ele pergunta sorrindo de canto. Eu afirmei rindo, não esperava realmente que dissesse isso.
- Deveraux me disseram para ficar longe de você. - disse o olhando. E ele coçou a nuca, algo aconteceu. Elas sabem, ele sabe, mas ninguém sequer cogitou á hipotese de eu querer saber.
- Não tenho boa fama com bruxas. - ele conclui me olhando.
- Sabe que eu sou meia bruxa, não é? - pergunto e ele afirma colocando a mão no meu rosto.
- Sei sim. Mas também é vampira. - ele afirma. E eu coço a nuca. Sempre duvido das intenções de alguém. Principalmente pessoas gentis demais.
- Se está tentando se aproximar para um dia mandar em mim está enganado. - não sigo ordens, é melhor que ele saiba disso.
- Você vai ser um problema. Um lindo problema. - ele me olha e eu rio - Foi uma péssima cantada né?! - ele conclui. Ele desvia o olhar e suspira, e começa a me puxar para algum lugar.
- Está me levando para onde? - pergunto o olhando. Eu não disse? Duvidar das intenções.
- Eu nem devia confiar em você. - agora somos dois. Entramos nos fundos de uma igreja - Mas eu confio. Espero não estar errado. - ele conclui. Subimos em uma escada escondida, ele abre a porta. E uma garota estava pintando uma tela.
- Achei que não viria hoje. - ela diz. E se vira... Davina. Ela me encara e sorri. Eu corro para abraça-la. Ela retribui imediatamente.
- Vou deixar vocês á sós. - Marcel disse. Davina me soltou e me olhou tristonha.
- Você estava aqui? O tempo todo? As meninas sabem? - pergunto rapidamente e beijo sua testa. Do tempo que conheci Davina, ela era muito esperta sobre bruxaria. Mas ao mesmo tempo assustada. Ela por mais nova que seja, me ensinou muito sobre controle. E por mais forte que ela seja, ela tinha medo de enfrentar alguém. Então eu sempre a defendia. Cheguei á brigar com Jane-Ane por que Monique zombou de Davina, e eu a defendi. Mas depois ficamos bem novamente. Davina chorou muito quando soube que eu iria embora antes da colheita. E eu o mesmo. Protegi Davina como se fosse minha filha, irmã, ou algo assim. Quando soube que ela desapareceu eu sabia que ela só voltaria quando quisesse. E que por mais que eu a localiza-se, ela não ia voltar facilmente. Agora sei que eu estava errada, por que na realidade ela sempre esteve aqui.
- Muitas perguntas. - ela disse rindo um pouco.
- Oh desculpe. - disse sorrindo a olhando.
- Como sobreviveu a colheita? Monique nem as outras conseguiram. - perguntei. E ela abaixou a cabeça. Precisamos de um ambiente melhor para conversar, ela parecia tensa - Vamos sair um pouco daqui. - disse indo em direção a porta mas ela não me seguiu.
- Não posso Bella. - ela diz. E eu a encaro.
- Como assim não pode? - pergunto indo até ela e me sentei na cama. E ela se virou pra mim.
- Sophie e Jane-Ane não te contaram? - ela pergunta. E eu a encaro confusa - Não. Não te contaram, deveria saber... - ela diz com certa raiva. O que me deixa confusa - A colheita não foi completada. Não era apenas o que diziam, eles as mataram. - ela diz e certa coisas começam a se encaixar - E querem me matar. Para completar a colheita. - ela explica - No dia. Marcel me salvou. E agora retribuo o favor. Eu sinto quando fazem magia na cidade. E o falo. - ela completa. Preciso dizer que quero matar alguem?
- Você está sendo usada. - disse e ela me olhou nos olhos. Marcel entrou no quarto. Provavelmente estava escutando a conversa.
- Vem Bella. - ele disse. E a Davina o olhou como se pedisse algo, e ele suspirou e assentiu.
- Agora pode me visitar quando quiser. - ela diz animada com a ideia. Eu beijo a testa dela e sigo Marcel. Davina por mais poder que tenha, também possui uma inocência extrema. Abusar disso, me irrita. Abusar da inocência de alguem me irrita. Quando chegamos a igreja eu ando em passos lentos até ele e o enforco preso na parede. Tenho que descontar essa irritação nele, é meu jeito amável de ser.
- VOCÊ TEM DEMÊNCIA? - grito e o solto o jogando no chão. Talvez eu tenha exagerado.
- Calma Bella. - ela diz se levantando e fazendo o gesto de rendição. Eu ri irónica antes de pegar o primeiro objeto a minha frente e jogar nele. Sorte que desviou.
- Você prende a garota no sotão de uma igreja. E quer que eu tenha calma? - pergunto irónica. Cada vez fico mais nervosa, ele usa o vampirismo para desviar de bancos voadores.
- É PARA BEM DELA BELLA. SE ACALMA. - ele diz um pouco assustado. Eu suspiro e consigo me acalmar. Ou melhor, parar de jogar coisas nele. Ele se levanta.
- Jane-Ane, Sophie. E todas as bruxas da cidade querem matar Davina. Por isso a escondo aqui. Elas querem completar a colheita. - ele diz me olhando. E eu coço minha nuca. O pior que faz sentido. Todo o sentido.
- Mas ela continua sendo sua arma. - concluo e ele me encara.
- Expulsei os lobos daqui. As bruxas são fortes. E tenho o que elas querem. Então consigo controlar elas. Essa cidade é de vampiros. - ele diz. E eu rio.
- Não sei quem mato primeiro. As bruxas da cidade ou você. - disse e sai batendo de ombro com ele. Mas antes de atravessar a porta da igreja ele perguntou algo.
- Posso confiar que você não ficará contra mim?
     Pensei bastante antes de formular uma resposta. Mas percebi algo, algo que dá mais que motivos para eu não ter uma resposta definitiva sobre isso.
- Não. Não te conheço o suficiente para sequer saber se você um dia será um inimigo... - respondi me virando para olhá-lo -...Mas por enquanto pode saber que eu não vou enfiar uma estaca no seu peito. - fiz uma pausa e ele me encarou suspirando - Por enquanto...

Always and Forever.Where stories live. Discover now