Capítulo 18

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Capítulo 18

A razão estava do meu lado, eu fiz o correto em impedir que ele me interrompesse e me deixasse iludir nas suas mentiras, mas mesmo assim, mesmo com toda a confiança e orgulho por ter agido correctamente, eu segui-o.  Sim, eu segui-o. Não consegui evitar ficar indiferente ao seu olhar magoado e à maneira como ele me tentou atingir com aquelas palavras.
O elevador onde o Harry entrou marcava o 30º andar. Mesmo que entrasse agora noutro, nunca iria conseguir apanhá-lo, vivendo eu no 38º andar, o último piso do prédio. A única opção: as escadas. Descer trinta e oito andares em tão pouco tempo podia parecer quase impossível, e se calhar é mesmo, mas não saberei se não tentar. Dei corda aos sapatos e corri em direção à longa escadaria que me esperava. Nem sequer devo ter fechado a porta com a pressa.  Comecei a descer tão rápido que acabei por quase tropeçar montes de vezes. Se continuar assim nunca iria conseguir, por isso, comecei a deslizar nos compridos corrimões de metal que acompanhavam as escadas.
Parecia que tinha passado uma eternidade e eu ainda aqui. Cada piso era um obstáculo. A minha respiração estava descontrolada, estava cheia de calor sentia pingas de suor escorrer-me pelo rosto, e o cansaço, esse começava a dominar-me. Cheguei a uma altura que já mal conseguia olhar para as escadas, de tão cansava que estava de as pisar.
Foi aí, no momento em que pensei desistir , que alcancei o primeiro piso, que seria o último. O elevador já tinha voltado a subir, o que significa que ele se foi… e eu o perdi. É isso que sinto, mesmo sabendo que não o perdi. Fui até à entrada, o Xaví olha para mim preocupado, o forte vento vindo do exterior fez o meu corpo arrefecer, isto não me vai fazer bem.
Resumindo, fiz tudo isto para nada, ele já se foi, fui tão parva em pensar que iria conseguir. Sentia-me desiludida, e triste, virei as costas à porta de volta para casa.

" Desistes com muita facilidade."

Aquela voz rouca assustou-me. Ele está aqui, só pelo cheiro, sei que está exactamente atrás de mim. Apetecia-me responder-lhe algo como “facilidade? Desculpa só desci 38 andares a correr, mas sim foi super fácil!”, mas preferi controlar-me, já o tinha deixado magoado há pouco.

Harry P.O.V

Ouvia aqui a sua respiração alterada, ela deve ter descido estes andares todos só para impedir que eu avançasse. Mas porquê? O que lhe interessa a ela como me sinto ou como me deixo sentir? Porque é que ela simplesmente não me deixou ir com a minha atitude rude atrás, que é isso que eu sou, rude. Teve toda a razão, eu respondi-lhe torto e mesmo assim, ela está aqui.

"Desistes com muita facilidade."

Foi tudo o que lhe disse, queria ver até que ponto ela se ia passar outra vez, queria entender se ela veio aqui porque se preocupou ou porque simplesmente, ou porque deixou para me deitar à cara.
Houve uma contenção, ela estava tensa, provavelmente a tentar evitar o que tanto quer dizer. Fala Lia, não contenhas, estou preparado. Já estou a prever uma resposta fútil.

" Desculpa… "falou fracamente.

Paralisei. Foi o oposto de todo o cenário que criei mentalmente. Desculpa? Ela está-me a pedir desculpa?

"Eu menti-te, beijei-te, respondi-te torto, e tu " fiz uma leve pausa para acalmar todo a minha vontade de gritar com a inocência dela, inocência essa que nunca pensei que ela a tivesse " pedes-me desculpa? És ridícula."

A sua postura calma rapidamente mudou para uma agressiva, e ela bruscamente encostou-me à porta, o que fez o gerente arregalar os olhos.

"Ouve-me bem Harry, és a única esperança que me resta, e não te vou perder."

O seu olhar penetrava fortemente o meu, a intensidade da força que ela exercia em mim era grande o suficiente para me manter parado. Já não a entendo, há pouco parecia inofensiva , agora está com a garra toda. Ela é um obstáculo ao meu objectivo e ao mesmo tempo sem ela, não chego lá. Este olhar de menina é tão viciante, cada traço no seu rosto é atractivo. Já não posso atrasar mais, tenho que lhe contar, mas não a verdade, só aquela que eu quero que a Lia saiba. Não posso tê-la como uma inimiga mas como uma aliada, que no final, será o alvo a abater. Algo nela é diferente dos outros, naquele olhar escondesse uma energia que nem eu consigo decifrar.
Ela acabou por ceder, largando-me. Olhei para o meu braço agora vermelho. Rapidamente, virou-me costas e entrou no elevador. Foi a minha vez agora de a seguir.

No elevador pairava o silêncio. Depois de entrarmos, a Lia fez de conta que eu não estava mesmo atrás dela e meteu-se na casa banho, provavelmente para tomar um banho, ela estava muito suada. Sentei-me em frente à janela, num espaço de dez minutos, deu-se aqui uma grande volta, a minha relação com ela é tão instável, não que eu queria que seja diferente, para mim tanto me faz. O meu telemóvel vibrou, mas simplesmente não queria saber deles, estou farto que me dêem ordens. Olhei atentamente para a grandiosa cidade de Nova York, tenho um fascínio secreto por esta cidade, e adorava cá ficar, mas nunca estou muito tempo no mesmo lugar, portanto, é apenas um desejo que nunca será realizado. 
Saiu da casa de banho, e sentou-se à minha frente , tapando-me a vista.

"Podes começar… " e dei por iniciada toda a que iria ser, a mudança da sua vida.

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Oii <3 Espero que tenham gostado, eu sei que vocês querem muito saber o que se passa, e eu também vos quero contar, mas acho que antes queria que entendessem um pouco o Harry e neste capítulo deu pra ver um pouco do que ele é,
Adiante, nos comentários, deixem-me perguntas. Tipo um questionário. Façam-me perguntas sobre a história, a minha inspiração ou até mesmo eu!
Já sabem, se gostaram deste capítulo, votem, comentem e divulguem <3

LY ALLLLLLLLLLLLLLLLLL <3

The Key ||h.s||Where stories live. Discover now