Capítulo 39

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Capítulo 39

- I See Fire – Ed Sheeran – (adoro-o, gostava tanto de ir vê-lo ao Rock In Rio)

Após uma longa noite na terra dos sonhos, acordei mais bem-disposta, mas sempre com o que se tinha passado ontem na mente. Não podia ficar indiferente ao saber que a minha ‘raça’ via o ser humano como um ser inferior e sem importância, mas a verdade é uma, não há nada que eu possa fazer… por agora. Porque eu não vou desistir até arranjar uma solução para isso, até lá tenho de agir como se já tivesse ultrapassado assunto e demonstrar-me sem interesse no assunto.

Tomei um banho quente, relaxando os meus músculos, e vesti-me com uma das roupas que se encontravam no meu armário e que eu nunca tive a coragem de as usar. Todas elas eram curtas, escuras e extravagantes, mas se eu me quero adaptar a este sítio tenho que fazer por isso… não que o facto de mudar de estilo me agrade, mas com um pouco de esforço posso vir a gostar. Peguei numa camisola decotada, com umas calças justas, não era mau de todo. Era cedo – e quando falo em cedo refiro-me às sete da manhã – portanto saí do quarto e deparei-me com um silêncio aterrador nos corredores. Normalmente, eles costumam estar assim silenciosos, mas hoje parecia que não habitava aqui mais nenhum ser vivo a não ser eu. Ainda não conheço os cantos à casa muito bem e tenho uma certa curiosidade em conhecer, mas sozinha pode vir a ser arriscado, ainda abro a porta de algum quarto e aí a coisa pode-se tornar complicada, já me chega ser conhecida como ‘novata’. Poderia ir até à cozinha, por acaso até estou com fome, mas só de pensar que me posso cruzar com algum dos ‘empregados’ o meu coração arde, portanto fui até à sala, onde todos convivem e posso entreter-me a ler um livro ou mesmo conhecer melhor a divisão, se não tiver lá ninguém claro, é que farta de olharem para mim de lado estou eu.

Entrei na divisão, e como eu esperava, estava vazia. Quem seria estúpido o suficiente para já estar acordado a uma hora destas? Gostava de saber se toda aquela gente passa aqui o seu dia, fechado, é que eu nunca os vi fazer nada. Pergunto-me como estará a Lotti. Será que já aconteceu algo entre ela e o Zayn, estará tudo bem com ela. E o meu pai? Estará a viajar para o outro lado do mundo, ou estará apenas no hotel a tratar da papelada e dos clientes que por norma costumam ser aborrecidos e com a mania que são snobs, muitos deles não tendo onde cair mortos. Será que há possibilidade de eu sair daqui? Nem que seja só para dar uma volta? Já sinto saudades da minha cidade.

Como o sol ainda estava a nascer, uma luz bastante acolhedora e bonita iluminou a divisão, através das suas grandes janelas, sendo a mais bela aquela que tem o vidro de várias cores e com a luz, eles são reflectidas para o chão, proporcionado um efeito visual incrível. Comecei a procurar aleatoriamente por algum livro que me pudesse suscitar interesse, não é que procurasse algum, mas ler sempre foi umas das muitas coisas que eu adoro fazer. Os livros não eram propriamente recentes, e maior parte deles era sobre aventuras num mundo perdido, ou então um livro sobre ciência e ficção, nada que me interessasse e me desse vontade de o ler. Continuei na minha busca até ler um título que me chamou à atenção, “When the light collide with the dark” (quando a luz colide com o escuro). Peguei no livro e virei-o ao contrário para ler o seu resumo : “ Uma história apaixonante do escritor norueguês Fullin Touchek que relata a história de Mary Jane e Zackary Millus, dois adolescentes distintos juntados pelo destino. Um romance inédito e imperdível.” Sempre adorei romances, principalmente daqueles que não são fáceis, eu não gosto de coisas fáceis. Não sei se usar o ter ‘enjoar’ será adequado para este contexto, mas eu acho que antes de tudo o que aconteceu com o Damon eu nunca tive um namorado porque eu enjoava deles. Eu quero uma relação que me faça lutar, que nos leve aos nossos limites, que haja intrigas mas que no final, tudo fique bem. Uma relação tipo a minha com a do Harry, se é que posso afirmar que temos uma relação. Abri o livro que não tinha qualquer ilustração na capa, e preparava-me para começar a minha leitura quando sou surpreendida:

“When the light collide with the dark?” uma voz falou fazendo saltar sobressaltada. “Um livro maravilhoso.”

Assim que virei a cara, deparei-me com o rapaz que ontem foi contra mim no corredor, aquele que foi antipático e rude comigo. Ainda lhe estou com uma certa raiva, ele não tinha o direito de me ter tratado daquela maneira, noutras circunstâncias a minha mão tinha voado e aterrado na sua linda carinha. Os seus grandes olhos cinzentos chocaram com os meus, e podia jurar que senti uma energia estranha quando isso aconteceu.

“Já o leste?”

“Já, se não, não iria dizer que era um livro maravilhoso, isso seria estúpido.” Gozou.

Bufei em desagrado “Porque é que és tão antipático e arrogante comigo?”

Ele aproximou-se de mim, e tirou-me o livro das mãos delicadamento, abrindo depois numa página e lendo : “Mary Jane estava perdida, perdida de amores por Zackary, ela sabia que era errado, mas a voz do seu coração berrava mais alto que a da sua consciência e ele entregou-se ao rapaz como as folhas no outono se entregam ao vento.” Terminada a frase, o rapaz de cabelos negros voltou-me a devolver o livro e foi impossível esconder a minha cara de admiração perante o que ele leu. Tinha uma entoação forte e firme, mas ao mesmo tempo, a sua voz acompanhava com delicadeza os sentimento que o autor tentou exprimir com aquela comparação entre a entrega de Mary a Zackary e a das folhas ao vento. “ Este sem dúvida foi um dos momentos mais marcantes do livro, esperei quase uns trinta capítulos para finalmente acontecer.”

O meu queixo caiu literalmente: “Uou, tu és inacreditável.” Sim, inacreditavelmente instável, para bipolar já me chega o Harry.

“Sou o Kayle.” Apresentou-se mudando o assunto. “Desculpa se fui arrogante contigo ontem, não estava no melhor dos meus dias, acontece.”

“Sou a Lia, e sim foste um idiota.” Ele olhou para mim com a sobrancelha franzida. “Mas já estou habituada a lidar com idiotas, considera isso como um ‘estás desculpado’.” Ri.

“Sem ressentimentos?” sorriu.

“Sem ressentimentos.” Respondi.

Houve um pequeno momento em que nenhum de nós falou, apenas olhávamos um para o outro, o que estava a ser bastante estranho. Ele tinha uma aparência tão bonita, a sua cor de pele era tão morena que fazia com que os seus grandes olhos cinzentos de sobressaíssem, assim como o seu lindo cabelo preto. Era mais alto como eu, do mesmo tamanho que o Harry praticamente, só que sem aquele brilho intenso no olhar e sem os caracóis selvagens…

“Bem…” começou. “Tenho que me ir embora, foi um prazer falar contigo.”

Dito isto, ele caminha até à porta, virando a cabeça antes de se despedir: “Adeus Lia.”

“Adeus Kayle” e  com isto, ele sai deixando-me novamente sozinha… o que raio acabou de se passar aqui?!

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Heyy! Espero que tenham gostado, esta personagem ainda vai dar que falar acreditem!

Como foi o vosso dia das mentiras? Hmmmm, o meu até foi bom, uma grande amiga minha fez anos e este capítulo é dedicado a ela, por isso, Beatriz este cap. é teu (:

LEIAM A MINHA NOVA FANFIC!!! <3  E como sempre, votem se gostarem e comentem a vossa opinião sobre o Kayle!

p.s- o livro que falei neste capítulo não existe xD eu inventei-o xD xxxx. 

The Key ||h.s||Where stories live. Discover now