Capítulo 28

9.3K 449 29
                                    

Capítulo 28

 - recovery - James Arthur

Ligeiras gotas caiam sobre o meu rosto, o vento estava forte e tudo o que se ouvia era o silêncio. Os meus olhos abriram lentamente, sentia o meu corpo dorido. Levantei ligeiramente a cabeça e vi todo um cenário em minha volta. Eu não estava em casa, deitada na minha cama, eu estava na rua, deitada diante de uma capela que nunca tivera visto antes. A capela tinha um aspeto antigo, feita grande parte em pedra. No cimo da mesma, encontrava-se um sino, que deveria de ser dourado, mas devido à idade deste edifício, até ele se encontrava velho. Ligeiramente mais abaixo, havia um símbolo que não se encontrava velho, mas sim reluzente. No seu centro encontrava-se uma estrela de seis pontas, dentro de um círculo, e em cada lado havia uma meia-lua. A estrela, era prateada, já as luas, eram negras como a noite. Nunca tinha visto esta figura antes, principalmente numa capela.
O que outrora eram gotas, tornou-se numa chuva torrencial. Levantei-me do duro chão de pedra e olhei em volta. Nada. Não havia nada. Não havia estradas, não havia casas, não havia pessoas. Tudo o que havia era nada, apenas eu e esta assustadora capela. O único abrigo era mesmo dentro deste sítio tão obscuro e que me estava a suscitar medo, muito medo. Quando me preparava para andar, notei algo diferente em mim. Em vez de levar roupas normais, levava um longo vestido preto, rasgado nas suas pontas o que o fazia levantar com o vento, as minhas mangas também elas eram rasgadas e podia ver os meus braços. Neles estava desenhado vários símbolos que eu não conseguia interpretar, mas que brilhavam intensamente. Pelo barulho que estou a fazer, posso saber que estou de salto alto. Corri até à entrada da capela, e tentei abri-la mas não abria. A tempestade começou a piorar cada vez mais, formando um pequeno tornado que vinha em minha direção. Desesperadamente, tentei abrir a porta, mas nada, não abria de qualquer maneira. Tentei mais uma vez, o tornado estava a centímetros de me alcançar, e a mesma não abria. Comecei a chorar fortemente, batendo com toda a minha energia na maldita entrada. A última coisa que me lembro é de ser apanhada pelo tornado.

(…)

“Lia! Lia, acorda! Lia!”

“Foge, foge!” Gritei, o meu corpo estava em constante movimento. Queria fugir mas estava deitada novamente. Foi aí que me apercebi que já não estava a sonhar. A minha respiração estava descontrolada. Umas grandes mãos logo pousaram sobre os meus ombros, fazendo-me acalmar lentamente. Encostei-me à minha almofada, elevei as minhas mãos ao meu rosto, seguido pelo meu cabelo, onde voltei a suspirar. Fechei por segundos os olhos, e quando os abri deparei-me com uma figura de cabelos encaracolados a olhar com preocupação para mim. “Estás melhor?”

“Sim, foi só um pesadelo.” Respondi, ainda sentindo a minha voz tremer um pouco. Bem, um pesadelo deveras real, parecia mesmo que estava lá naquele lugar tão assustador, mas felizmente não passou de um sonho.

“De quem é que estavas a tentar fugir?”

“De um tornado… uma longa história.” Não queria ser rude mas neste momento estava sem qualquer apetite para relatar o meu pesadelo obscuro e estou exausta, como se tivesse mesmo estado a correr. Dei um pequeno beijo na bochecha do Harry, em sinal de gratidão pela sua preocupação para comigo, e voltei a deitar a minha cabeça na almofada e minutos depois já tinha adormecido novamente.

(…)

Acordei sem o Harry na cama e com um cheiro agradável a ovo estrelado. O meu relógio, que se encontrava na mesinha de cabeceira, marcava as onze e cinco da manhã. Olhei para a janela e fazia um dia bastante bom. Caminhei até à cozinha, onde encontrei o Harry com o cabelo todo despenteado, de boxers e por incrível que possa parecer, de avental amarrado unicamente à cinta. Melhor imagem que esta ao acordar, não há. Ele já é irresistível, mas assim, ainda fica mais sedutor e atraente, nem sequer sabia que esta criatura sabia cozinhar. Imagens do nosso momento da noite anterior vêem-me à cabeça e não posso deixar de sorrir devido ao formigueiro que sinto no estômago, a maneira como ele me tratou com carinho, a forma como o meu corpo respondi a cada gesto seu, a sua boca cobrindo todo o meu corpo...

The Key ||h.s||Where stories live. Discover now