Capítulo 36

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Capítulo 36

Wake Me Up – Avicci feat Aloe Blacc – (Cover by Boyce Avenue and Jennel Garcia)

Perdão

O perdão é uma arte em que nem todos são artistas. Há pessoas que têm muita dificuldade em perdoar o outro, talvez porque não é da sua “natureza” o fazer, ou porque algo de muito grave se passou. Muitas das vezes, o rancor e a raiva não permitem que a pessoa esqueça o que aconteceu, sendo assim impossível de perdoar. Há quem perdoe, mas relembre sempre à pessoa que perdoar não é sinonimo de esquecer. Quando se perdoa alguém, e quando falo de perdão não me estou a referir a algo como acontece por vezes na escola, quando vamos contra alguém e temos a necessidade de pedir desculpa por isso – se formos bem educados obviamente - , estou a falar de actos por parte de outrem que nos causou um dano, por vezes físico ou psicológico, ou seja, que nos afetou muito, que nos magoou, que nos perturbou… Hoje, é alguém a pedir-nos desculpa, amanhã podemos ser nós, e acho que nenhum de nós gostava de não ser perdoado. Por mais difícil que seja, perdoar é sempre a melhor das opções, para além disso, perdoar não significa que as coisas voltem ao normal, significa que és superior e que superaste o obstáculo que se atravessou no teu caminho.  

E foi mesmo isso que a Lia fez, ela deixou o seu orgulho de parte e entendeu que, por mais errado que possa ter sido, o Harry fê-lo para salvar as outras pessoas, para as manter protegidas, porque mesmo que não pareça, é mesmo isso que ele faz. Ele protege. Foi preciso uma “Lia” entrar na sua vida, para ele entender o sentimento de gostar de alguém, de se preocupar com outra pessoa sem ser ele. Ele quer que ela se entregue a ele, como ela quer que ele se entregue a ela.

*

#Harry P.O.V

“Eu perdoo-te.”

Quando aquelas palavras saíram da sua boca, foi como se um peso me tivesse saído das costas, como se me sentisse mais livre, mais feliz. Tinha muito medo que ela não me fosse perdoar, eu fiz-lhe tão mal, eu deixei-a e dei-lhe a pensar que não queria saber dela, que a usei como se fosse um mero objecto sem importância, um simples e inútil brinquedo. Mas não, eu não a vejo como um brinquedo, eu vejo-a como uma das pessoas mais importantes da minha vida, eu sinto-me no dever de a proteger, de querer que ela esteja feliz. Não a pude proteger deste futuro, mas posso protege-la de muitas outras coisas. E vou fazer isso. Vou levar esta atitude dela de me perdoar como uma segunda oportunidade. Eu gosto dela.

“Anda comigo”. Peguei gentilmente na sua mão e abri a porta do seu quarto na qual ela ainda não saiu desde que se instalou aqui, acho que já está na altura de ela começar a explorar os lados mais “positivos” deste lado, aliás, nem tudo aqui é mau. Há muito mais para além do que ela viu. Isto não é só um monte de corredores sem fim, com uma divisão com centenas de livros, é muito mais que isso, quero mostrar-lhe que nem tudo está perdido.

#Lia P.O.V

Ele pegou gentilmente na minha mão, e pela primeira vez em bastantes dias, saí do quarto. Não sabia para onde é que ele me ia levar, vou confiar nele, onde quer que seja, eu sinto que vai ser em grande e eu vou adorar. Seguimos para o exterior do edifício, que ficava do lado contrário à entrada onde havia um género de um parque. Um parque lindo, muito esverdeado rodeado de grandes árvores que proporcionavam sombras ao espaço com pequenas flores estavam espalhadas aleatoriamente de forma a dar ainda mais cor. Tinha grandes arbustos que pareciam formar um labirinto. Havia arcos que rodeavam um caminho que dava a uma enorme fonte com símbolos lá escritos. Vários bancos estavam presentes dando um efeito acolhedor ao parque. Tudo tinha a sua harmonia, todos os componentes que aqui se encontrem dão vida a esta magnifica paisagem.

O que mais gostei, foi ver as borboletas a voarem perto das flores, nunca tinha visto borboletas assim, tão grandes e cheias de cor, pareciam pequenos arco-íris flutuantes. Uma delas, pousou sobre o meu dedo, e eu sorri sentindo pequeníssimas cocegas na ponta do mesmo. Olhei para ela pormenorizadamente, as suas asas eram magníficas, tinham uma cor verde-água com um brilho especial, ela voou da minha mão e aterrou no meu nariz. Uma grande gargalhada rouca subitamente veio ao de cima, Harry ria-se descontroladamente, talvez porque sempre que eu tentava olhar para a borboleta, trocava os olhos devido à sua proximidade à minha visão. Depois desse momento, ela voltou a levantar voo e perdi-lhe o rasto.

“Parece que ela gostou de mim.” Sorri, olhando para a frente. Sabia perfeitamente que Harry estava a olhar para mim, conseguia sentir os seus grandes olhos verdes fixos em mim de uma maneira intensa.

“Não é a única…” falou com sentimento. “Segue-me.”

Ele continuou a caminhar, cheiros diversificados invadiram as minhas narinas, todos eles bastante agradáveis. Estávamos a ir em direção ao tal labirinto feito de arbustos, Harry estava mais adiantado que eu, entrando primeiro. Os arbustos tinham uma tonalidade escura e eram bastantes altos, estavam todos eles muito bem tratados, não havia um único ramo imperfeito. Após ter entrado, já não via o Harry, perdi-lhe o rasto enquanto admirava tudo em minha volta.

“Harry, onde estás?” perguntei com um tom de voz alto para que ele me ouvisse o onde quer que ele estivesse. 

“Encontra-me”.

Parece que alguém quer jogar às escondidas. Andei confiantemente, por vezes havia dois caminhos para escolher, acreditei no meu sentido de orientação e fui sempre consoante o meu instinto. A tonalidade verde dos arbustos era tudo o que conseguia ver agora, quanto mais andava, mais arbustos apareciam e podia jurar que já passei pelo mesmo local, pelo menos, umas três vezes. Estarei perdida? Preparava-me para ir para outro caminho, quando sinto uma mão sobre a minha boca. Rapidamente, fui encostado contra outro corpo, sentindo um ar quente no meu pescoço, talvez da respiração da pessoa. Pela forma como as suas grandes mãos agarravam a minha cintura, sabia exactamente quem se tratava. Virei-me de frente para ele e sorri.

“Encontrei-te.”

Ele deixou escapar um pequeno sorriso, os seus olhos cor de jade estavam mais brilhantes que nunca, as suas covinhas davam-me vontade de apertar as suas bochechas e nunca mais as largar.

“Sendo assim, mereces um prémio.” Informou com um sorriso matreiro no rosto.

“Ai sim, e qual é?” provoquei.

“Isto.” disse e sem que eu pudesse dizer seja o que fosse, uns grandes lábios carnudos chocaram contra os meus. Os nossos lábios entrelaçaram-se de uma maneira quase desesperada, ambos precisávamos disto, já tinha saudades de sentir a sua língua a lutar contra a minha. Parece que cada vez que o beijo, é como se desse uma descarga de energia dentro do meu ser. A sua boca interagia com a minha de uma forma inexplicável, a sua língua e a minha estavam numa guerra acesa pelo domínio e nenhum de nós parecia ceder agora. As suas mãos que estavam na minha cintura, colocaram-se agora no meu rabo, assim como as minhas foram para a sua cabeça, remexendo descontroladamente nos seus cabelos encaracolados. Paramos para recuperar o fôlego, encostando as nossas testas.

“Tive saudades tuas” admitiu.

“Também tive saudades tuas.” Retomei ao beijo.

Não sei o que vai acontecer amanhã, mas o que quer que seja, nada irá mudar o momento de agora, nada.

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Um capítulo romântico! Hahah, a sério amigas minhas estou neste momento a ler isto, e na escola dizem-me “Eu não me acredito que és tu a escrever isto, é impossível!” e eu limito-me a rir na cara na cara delas. Mas, claro, que depois de um dia de sol, um dia de chuva virá (;

Espero que tenham gostado, votem e comentem a vossa opinião!

P.s- desculpem se tiver erros, tive um jantar com familiares e não tive tempo de rever! 

The Key ||h.s||Where stories live. Discover now