Capítulo 41

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Capítulo 41

-Story Of My Life – One Direction (yeahhhh ahaha)

“A tua mãe… tu nunca me falaste dela…”

Ele continuava fixo na janela, com as mãos atrás das costas. “Evito falar de coisas que me magoam.”

Aquelas palavras tocaram-me no coração, levantei-me do conforto da cama, e fui até ele, colocando os meus braços em torno da sua cintura e apoiando o meu queixo no seu ombro, dando-lhe depois um leve beijo no pescoço. Queria que ele se sentisse à vontade de falar do seu passado, que ele se abrisse comigo e que deixasse aquela façanha de pessoa rude e me mostrasse quem ele verdadeiramente é. Quando era mais nova, sempre sonhei namorar com um rapaz mau, mas que só fosse bom para mim -não um rapaz como o Damon foi obviamente, mas como o Harry é -. Eu sei o quanto custa perder uma mãe, infelizmente, e tenho receio de lhe perguntar como é que morreu, porque eu também não gosto quando me perguntam a mim. Tenho medo de qual seja a sua reação.

 “Lia, o que quiseres perguntar, aproveita agora que estou com disposição para o fazer.” Um tom rouco captou toda a minha atenção e vou mesmo aproveitar o momento.

“Como é que ela…” comecei nervosamente” tu sabes… morreu?”

Saímos daquela posição, Harry sentou-se na cadeira da minha secretária, e eu na ponta da cama, encarando-nos. “Ela adoeceu… as últimas memórias que tenho dela, é de a ver deitada na sua grande cama, sempre com panos sobre a testa numa tentativa de baixar a febre. Nunca me contaram ao certo o que é que ela teve, mas foi tudo muito rápido, de um dia para o outro ela ficou doente, num estado lastimável que me fazia chorar. Segundos antes de dar o último suspiro, ela marcou-me e passei a ser o que sou hoje.”

Imagens de uma criança perdida e triste chorando pela sua mãe doente invadiram a minha mente, um pequeno ser indefeso, com os seus pequenos caracóis que foi obrigado a entrar neste lado, um lado tão obscuro para uma criança. Pobre menino que teve que crescer e de ganhar maturidade forçadamente, sem aproveitar o bom da infância e da adolescência, encarando o destino que a sua mãe lhe traçou. Se para mim já é difícil lidar com todo o drama e escuridão deste lado, quanto mais um menino de cinco anos.

“Harry eu sinto muito.” Lamentei-me, podia jurar que vi os seus grandes olhos verdes molhados, prontos a derramar uma lágrima. “E o teu pai?”

Ele deixou escapar um sorriso sínico, como se o que eu tivesse perguntado fosse algum tipo de piada, piada essa que eu não estava mesmo a perceber. “O meu pai é um idiota, e eu odeio-o por isso. Nunca vou perdoar o que ele nos fez.”

“Mas já tentaste falar com ele sobre…”

“Lia” interrompeu-me. “Ele não vai mudar nunca, e para mim ele não passa de uma mais pessoa que eu desprezo. Quando a minha mãe morreu, ele nunca a foi visitar… claro que não, pois estava na cama com a amante.”

A forma como ele falava do pai, com um tom de raiva e angustia, fazia-me entender o quão ele o odiava, o quão ele o quer ver mal e sinceramente, tem razões para isso. Não conheço o pai dele, mas quem quer que seja, passei a não gostar dele pelo que fez ao Harry e à sua mãe, nada pior que uma traição. Não sabia o que havia de dizer agora, dar-lhe força não iria ajudar em nada, e acho que aumentar o seu ódio pelo pai também não é uma das melhores opções, portanto mantive-me calada a olhar para ele.

“A minha vida dava uma novela” riu-se. “No meio de tanta coisa má, acho que um simples gesto bondoso, faz-nos sentir melhor e eu fui aproveitando os pequenos bons momentos que passei, poucos, mas pelo menos existiram. Aliás, eu não me posso queixar, há pessoas que se encontram em pior estado que eu, irá haver sempre alguém pior que nós.”

“Verdade, mas acho que cada um tem uma maneira diferente de lidar com a dor… uns apenas choram, outros ficam em casa fechados a deprimir, outros disfarçam o sofrimento com um sorriso… há diversas formas de manipular a dor.” Acrescentei.

“Eu sei que tu também passaste por muito Lia.” Falou.

“É… mas vamos olhar em frente agora, estou farta de estar agarrada ao passado, e desde que descobri o que realmente sou, tenho pensado mais sobre a minha mãe e como eu nunca dei conta do que se passava em minha volta. É estranho sabes, viveres tão perto de uma pessoa, mas ao mesmo tempo, tão longe.” Desabafei, colocando o meu cabelo para trás da orelha, e tentando conter as lágrimas. “ Mas já não há nada que possa fazer para mudar isso, acho que me vou ficar pelo presente.”

Harry ouvia atentamente tudo o que estava a ser dito por mim, mostrando-se interessado e compreensivo. Falei um pouco sobre a minha adolescência, sobre a minha infância e sobre a minha mudança para Nova York, acho que ele também merecia saber o meu passado, assim como aos poucos eu estou a saber o seu. A nossa conversa terminou quando fomos lanchar, já eram quase cinco da tarde e o meu estômago já estava a andar às voltas. Após terminarmos a nossa refeição, fomos dar uma volta pelo exterior. Já estava um pouco farta de estar dentro deste edifício, estou aqui há semanas e já sinto falta de ver a minha doce e amada cidade, de ver os meus amigos e o meu pai. Seria tão bom poder vê-los, nem que fosse ao longe, só vê-los e certificar-me que estavam bem. Eles ligam-me com muita frequência, mas eu desligo as chamadas, e mando de longe a longe mensagens a dizer que está tudo bem mas que não posso atender, porque sei que se o fizer, me vou alagar em lágrimas e me posso descair e estragar tudo. Eu quero mantê-los o mais longe possível deste lado, já não me posso salvar a mim, mas posso salvá-los a eles. E se eu der a ideia ao Harry? Irá ele aceitar? Só sei se lhe perguntar…

“Harry, será que podemos sair daqui?” questionei.

“Sair daqui? Como assim sair daqui?”

“Sair do edifício, irmos dar uma volta pela cidade. Eu tenho muitas saudades do meu pai, do Zayn, da Lotti… e gostava de ver se eles estão bem.” Sugeri.

“Sabes que é perigoso, temos de te manter protegida!”

“Nem se for discreta? Anda lá, eu já estou tão farta de estar aqui.” Insisti.

Ele suspirou.” Vou ver o que posso fazer, mas não prometo nada Lia, sabes que a tua segurança está em primeiro lugar.”

Eu assenti e saltei para os seus braços como uma criança, agarrando-o bem junto a mim. “Obrigada, obrigada, obrigada!” agradeci.

Só espero sair daqui o quanto antes!

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Será que o Harry vai arranjar uma solução para deixar a nossa Lia ir dar uma volta? Hmmmm!

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Beijinhos :* , Rita. 

The Key ||h.s||Where stories live. Discover now