Capítulo 55

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Capítulo 55

Muitos de nós procuram respostas a vida toda sobre isto, muitas delas nem dormem pensando nas milhares de possibilidades que existem – ou melhor, que pensam que existem. - Como serão os nossos últimos segundos de vida? O que existe do outro lado? Vamos ser recebidos por anjos? Vamos todos arder no inferno? Ou iremos apenas cair num sono profundo?

Esta é a grande incógnita que toda a espécie humana não conseguiu resolver. Daí terem nascido as religiões, as crenças, os rituais, as guerras… tudo porque o ser humano não aceita cair no esquecimento e não suporta saber que depois de fechar os olhos, nunca mais irá poder ver tudo o que mais aprecia, nem sentir as pessoas que ama. É um final triste, mas foi pra isso que viemos ao mundo, para morrermos. Este tipo de coisas não deve ser levada à letra. Sim, vamos morrer mas há tanta coisa que podemos fazer e aproveitar em vida. Viajar, experimentar coisas novas, encontrar alguém, construir uma família, ter uma casa, ler as mais fantásticas obras... as opções são tantas que não haveria espaço para elas na bíblia. Aos olhos do mundo, não passamos de sombras. Iremos vaguear nele, mas do nada, iremos evaporar e nunca mais ninguém nos verá. Só que claro, há sombras que se destacam mais que outras.

Quando peguei naquela faca tudo isto preencheu a minha mente. Iria estar aqui para explicar? Não, não iria. Por isso tomei a liberdade de deixar o Christopher descobrir todas as respostas. Onde quer que ele esteja, que nunca mais volte. Penso nele como apenas mais uma memória do meu passado, quem diria que já passaram três anos? Três longos e felizes anos.

Tanta coisa mudou depois da sua morte. Aceitei de uma vez por todas a morte da minha mãe e chorei a morte das minhas duas amigas. Joseph conseguiu convencer todos os anjos que seguiam Christopher a lutarem pelo que é certo, formando uma grande e forte irmandade… irmandade essa que não irá nunca tolerar a traição. Kayle pediu perdão por ele e pelo seu pai jurando em nome de tudo em que acreditava que não sabia o plano do seu pai, Christopher perdoou-o assim como eu o fiz.

O meu pai construiu mais uns quantos hotéis pelo mundo e encontrou uma mulher que o faz muito feliz. Zayn e Lottie não se largam, estão perdidamente apaixonados e não podia estar mais feliz por eles. Quanto a mim e ao Harry? A história é outra…

Estava um dia de sol lindo, e eu estava deitada sobre as pernas de Harry. Encontrávamo-nos no jardim da cidade, ao lado daquela grande e maravilhosa pintura das três árvores. Ele mexia atenciosamente no meu cabelo.

“O que estás a pensar?” a sua voz rouca acordou-me.

“Na vida em geral, na forma como estes anos passaram a correr.” Respondi olhando agora para cima, focando-me bem nos seus olhos verdes.

Ele sorriu-me. “Verdade. Parece que foi ontem que estava no teu apartamento a discutir contigo sobre alguma coisa estupida.”

Juntei-me a ele. “Eras tão misterioso! Sempre com a mania da perseguição e tão calado!” exclamei.

Ele colocou a mão ao peito fazendo-se de ofendido. “Eu? Eu era um santo! Tu é que me punhas a cabeça a andar à roda, eras tão difícil!”

Ergui o sobrolho levantando-me do seu colo e olhando-o de frente. “Ai era difícil? Porquê, agora sou fácil é?”

Ele colocou os seus grandes braços musculados em torno da minha cintura. “Eu não disse isso, sabes bem qual é a minha opinião sobre ti.”

“Ai sei? Qual é então?” provoquei.

Ele olhou pensativo para cima. “Ora deixa cá ver és uma grande chata, és muito irritante e por vezes fazes birras como uma miúda de dez anos…” Dei-lhe uma chapada no ombro. “Hey!” rendeu-se. “Estava a gozar! Af, o que posso dizer eu sobre ti? Sabes perfeitamente que odeio cenas lamechas, mas um amo-te é suficiente certo?”

The Key ||h.s||Where stories live. Discover now