Capítulo 44

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Capítulo 44

Radioactive – Imagine Dragons

#Harry P.O.V

Pouco passava das nove da manhã quando acordei. Lia estava em cima de mim, a sua cabeça descansava sobre o meu peito com o seu corpo entrelaçado com o meu e o seu cabelo de lado, permitindo-me apreciar o seu bonito rosto. Ela, acordada, já parece um anjo, mas a dormir fica ainda mais adorável, nem é preciso qualquer tipo de esforço da sua parte para me deixar rendido a ela, basta olhá-la e estou enfeitiçado. Cada dia que passa, o que sinto por ela aumenta. Não consigo entender se é amor, se é paixão, se é ilusão… só sei que é forte e faz-me querer estar ao lado dela a toda a hora, torna-me protetor e dedicado a ela. Quem me viu e quem me vê. Um rapaz frio e sem interesse pela vida, apaixonado. Inacreditável, mas real.

Fiquei um pouco a observá-la, cada traço do seu rosto fazia-a parecer ainda mais bela e irresistível. Podia ficar assim, olhando para ela, até ao fim dos meus dias, e posso afirmar que morreria feliz com ela. Mas antes da morte, há muitas coisas que tenho que fazer, como levá-la à cidade. Sei o quão arriscado e perigoso esta saída será, sei que ela está a correr um risco enorme e isto poderá vir a gerar graves consequências, não só para ela, como para todos nós. Os nossos “inimigos” ainda pensam que ela tem a chave, o que nos deixa o caminho livre para a protegermos devidamente, mas por outro lado, complica a situação da Lia que está a ser procurada por anjos de todo o tipo. É um pouco egoísta da nossa parte, expormos e aproveitarmo-nos dela desta maneira, mas se a mantivermos connosco, tudo correrá bem.

“Bom Dia” saudou-me. Os seus olhos já estavam bem abertos e fixos em mim.

Beijei o seu nariz, e massajei-lhe o rosto. “Bom Dia. Preparava para o dia de hoje?”

Ela esticou os seus braços, e deu-me um grande sorriso. “Mal posso esperar.”

Ficamos mais um pouco na cama, trocando pequenas caricias e levantamo-nos. Fui para o meu quarto, tinha lá a minha roupa e tudo o que precisava. Vai ser um longo dia.

(…)

#Lia P.O.V

“Por favor, não saias nunca da minha beira, caso eu diga para correres, tu corres, se eu disser para ficares quieta, tu ficas e nunca faças nada sem me perguntar primeiro. Eu sei que estou a ser muito controlador, mas é para teu bem, eu quero que fiques segura Lia.” Informou. “Vamos passar pelo hotel do teu pai, mas tu não podes falar com ele, assim como não vais poder falar com a tua amiga.”

Assenti desanimadamente, queria tanto falar com eles, ouvir as suas vozes, sentir os seus abraços, partilhar o que tenho sentido e o que tenho feito aqui, dizer o que sou… mas não podia fazer isso, e já é um grande passo deixarem-me sair daqui, pelo menos vou vê-los, sempre é melhor que nada.

“Lia…” Harry aproximou-se de mim, dando-me um beijo na testa. “Isto vai ser um pouco difícil de lidar, ainda vais a tempo de ficar aqui e prevenires todo o sofrimento.”

“Eu tenho que o fazer Harry, eu só me vou certificar que eles estão bem, prometo.”

“Eu confio em ti, não tens de me prometer nada.” Sorriu.

“Mas, Harry… como é suposto eu ir até ao hotel sem ser vista?” questionei.

“Com isto.” Harry retira do bolso dois anéis prateados com um símbolo no centro. “Esta é a ruina da invisibilidade, permite apenas que pessoas deste lado te vejam. Usando este anel, nenhum humano te irá ver.” Finalizou, colocando um deles no meu dedo, o que causou um arrepio pelo meu corpo, não sei porquê.

Fiquei um pouco olhando para o anel, era bonito, mas um pouco pesado. Harry foi abrindo a porta da cripta, e finalmente, após semanas aqui fechada vou voltar a ver a minha cidade, e as pessoas que amo. Só de pensar sinto um calor no meu coração, como se fosse voltar para casa por momentos. Harry agarrou a minha mão, e avançou comigo para o exterior. Cá estávamos nós, no exterior do que pensei ser um museu, num dos arredores da cidade de Nova York. Inspirei fundo sentido a brisa e os fracos raios solares sobre a minha pele.

“Vamos ter que caminhar, daria muito nas vistas andarmos de carro, para os humanos ia ser o carro fantasma, sem condutores lá dentro.” Gozou. “Há estações de metro em todo o lado, portanto será fácil. Tem cuidado para não ires contra ninguém, lembra-te que eles não te estão a ver agora.”

“Está bem.”

Ainda com a sua mão na minha, Harry e eu começamos a andar até à saída desta rua, para podermos encontrar a estação de metro mais próxima. Não havia muito movimento aqui, ou melhor dizendo, não estava aqui ninguém. Não é por acaso que esta é chamada a zona deserta da cidade. Podia ver que os olhos de Harry estavam bem abertos e atentos a qualquer barulho ou acção estranha, ele estava a proteger-me acima de tudo, e sinto-me muito mais segura a seu lado. Ele já deixou bem claro que é incapaz de amar alguém, apenas diz que gosta de mim, mas até que ponto é que esse sentimento é forte para fazer tudo isto? Proteger-me com a sua vida, agarrar a minha mão como se fossemos um casal, beijar-me como se fosse sua, tocar-me como se a sua existência dependesse disso… o que é que nós os dois somos afinal? O que é que é este sentimento tão forte dentro de mim? Porque é que tenho necessidade de o sentir bem juntinho a mim?

“Tens noção a quantidade de tempo que ficas fixa no nada, provavelmente porque estás a pensar em alguma coisa que te está a dar a volta à cabeça?” Perguntou Harry, apanhando-me despercebida, já era hábito.

“Eu gosto de pensar, é como se viajasse para um mundo à parte onde eu sou a única habitante.” Respondi, avistando já a saída.

Ele deu de ombros. Andamos mais um pouco até deixarmos esta zona mais escondida, e entrarmos na parte mais movimentava. Como sempre, a cidade estava repleta de pessoas, sempre com pressa para algo, os carros andavam a alta velocidade e buzinavam por qualquer coisa. Uns paravam para conversar, outros corriam. Esta é uma cidade muito versátil e diversificada, há pessoas de todos os cantos do mundo, com diferentes culturas, religiões e até aparência. Harry e eu encostamo-nos um pouco para o lado onde passava menos gente, para facilitar a nossa chegada ao metro e impedir que alguém viesse contra nós, o que estava a ser complicado pois o local estava a ficar apertado, e eu já quase que bati contra duas pessoas que vinham em sentido contrário ao nosso. É um pouco estranho, estar aqui, ver esta gente toda e nenhum deles dar pela minha presença.

Acidentalmente, fui contra uma criança, fazendo com que a menina caísse. Bolas. Preparava-me para lhe pedir desculpas mas Harry puxou-me e segredou-me rapidamente. “Lembra-te que eles não te estão a ver, não digas nada e continua.” Fiquei a olhar para a menina, que alegava ter ido contra alguma coisa, mas a sua mãe dizia que era fruto da sua imaginação e que ela provavelmente deve ter tropeçado. Sentia-me horrível por a ter magoado e por não lhe ter pedido desculpa, isto estava a ser muito difícil. Depois deste incidente inesperado, alcançamos a estação de metro e numa questão de minutos, já estávamos a caminho da estação perto do hotel do meu pai. O bom destas grandes cidades é que têm meios de transporte em todo o lado, nomeadamente o metro, que facilita muita a vida a quem aqui vive e aos turistas. Harry e eu ficamos encostados à porta, felizmente, estava pouca gente aqui dentro. Ele continuava a olhar para todo o lado, verificando que tinha tudo sobre controlo. Pessoas foram entrando e saindo, e nós tivemos que nos desviar várias vezes, mas de uma maneira ou de outra, conseguimos chegar à nossa paragem. Abandonamos o metro e voltamos às ruas.

“Vamos ao hotel agora. Tenta ser o mais cuidadosa possível.” Pediu gentilmente.

“Isto está a ser estranho.” Desabafei.

“Eu sei, é como se hipoteticamente não estivesses aqui porque ninguém te vê, mas a verdade é que estás.”

“Sim…” queria continuar o meu diálogo para com o Harry, mas parei assim que avistei o meu pai a estacionar o carro à porta do hotel.

Irei eu conseguir não ir ter com ele?

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Mais um capítulo (; Obrigada a toda a gente que lê esta fanfic e que vota, é muito importante para mim. Eu não sou daquele tipo que exige que tenham um x de votos e um x de comentários para postar outro capítulo, mas eu gostava que vocês comentassem a vossa opinião sobre a história, sobre o capítulo, sobre o que vocês bem entenderem, é que para mim como escritora, é gratificante ver o que vocês dizem sobre a minha história, muito mesmo!

Coitadinha da Lia, será que ela vai aguentar não ir ter com o pai? Hmmm,! Gostam da nova capa? xD

Beijinhos <3

The Key ||h.s||Where stories live. Discover now